|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
PF faz busca em ONG da mulher de Arruda
Ex-secretário do DF diz que dinheiro do esquema de propina foi usado para pagar contas da entidade, que nega irregularidades
A assessoria do governador disse que não comentaria a ação da PF, que também cumpriu mandado de busca na Secretaria de Educação
ANDREZA MATAIS
HUDSON CORRÊA
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal apreendeu
anteontem documentos e um
computador na sede do Instituto Fraterna, ONG comandada
pela mulher do governador do
Distrito Federal, José Roberto
Arruda (agora sem partido), e
que tem entre seus dirigentes a
mulher de seu vice-governador, Paulo Octávio (DEM).
A Folha apurou que a PF
também cumpriu mandados de
busca e apreensão no escritório
político do governador, onde
funcionou um de seus comitês
na campanha de 2006.
A nova ação da PF foi baseada nas últimas revelações de
Durval Barbosa, ex-assessor de
Arruda que denunciou suposto
esquema de corrupção no governo do DF. Ele voltou a prestar depoimento ao Ministério
Público no início de dezembro.
A assessoria de imprensa da
PF confirmou a ação, mas não
especificou os endereços. Disse
apenas que foram apreendidos
computadores e documentos.
A ONG e Arruda são investigados na Operação Caixa de
Pandora. O governador aparece num vídeo recebendo R$ 50
mil de Barbosa -que, até o esquema vir à tona, tinha um cargo chave no governo: secretário
de Relações Institucionais.
Na ONG foram apreendidos
um computador e documentos.
No depoimento, Barbosa disse
que "há aproximadamente seis
meses o instituto teve algumas
despesas pagas com dinheiro
arrecadado" do esquema de cobrança de propina. "O governador Arruda determinou que
autorizasse o pagamento de
parte das despesas de instalação do instituto com a parte
correspondente a 10% da propina que o declarante [Barbosa] arrecadava das empresas de
informática", diz o documento
ao qual a Folha teve acesso.
Além da mulher de Arruda,
Flávia Peres, presidente a
ONG, um dos filhos do governador, Marcos Sant'Ana Arruda, aparece como associado ao
instituto. Anna Christina Kubitschek Pereira, mulher do vice-governador, é diretora.
Por meio de nota assinada
pela "direção do Instituto Fraterna", a ONG considerou "absurda a afirmação de que receberia recursos indevidos" e,
sem mencionar Barbosa, afirmou que irá "ajuizar ação judicial contra essas afirmações caluniosas". "O Instituto Fraterna não recebe, e nunca recebeu
dinheiro público."
Com relação ao escritório
político de Arruda, Barbosa
disse que R$ 5 milhões foram
desviados da Codeplan, empresa de pesquisa do governo do
Distrito Federal, para bancar
as despesas com o local na época da campanha. A assessoria
do governador disse que não
comentaria a ação da PF. A Folha esteve no endereço ontem.
Vizinhos disseram que o escritório ainda está funcionando.
Secretaria de Educação
Também foram cumpridos
mandados de busca e apreensão na Secretaria de Educação,
na casa de Gibrail Nahib Gebrim, que comanda a unidade
responsável por pagamentos
na secretaria. A PF ainda agiu
na agência de turismo que seria
da mulher de Gebrim.
Barbosa denunciou esquema
de corrupção na área que seria
operado por Gebrim. No governo de Joaquim Roriz, Gebrim
foi investigado pela CPI da
Educação e acusado de desviar
dinheiro público. A secretária
de Educação, Eunice Santos,
disse que o servidor foi afastado
e que o órgão irá apoiar o trabalho da polícia. Ele não foi localizado pela reportagem.
Na primeira fase da investigação, desencadeada no dia 27
de novembro, foram cumpridos 29 mandados de busca e
apreensão em Brasília, Goiânia
e Belo Horizonte.
De acordo com a Polícia Federal, nesta ocasião, foram
apreendidos durante a operação, cerca de R$ 700 mil, US$
30 mil e 5 mil euros, além de
computadores, mídias e documentos. A Folha revelou no sábado que parte desse dinheiro
foi encontrado pela Polícia Federal num anexo da residência
oficial do governador.
Texto Anterior: Análise: "Votos" de Lula podem igualar Dilma a Serra Próximo Texto: Vice diz que iria pedir licença do DEM, mas recua Índice
|