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CASO SILVEIRINHA
Documento suíço mostra funcionários como beneficiários de contas
Mais 3 auditores da Receita são suspeitos de corrupção
DA SUCURSAL DO RIO
Mais três auditores da Receita
Federal estão sob suspeita de participar do esquema de corrupção
que teria enviado ilegalmente US$
33,4 milhões para contas na Suíça.
Eles figuram como beneficiários
das contas e já foram incluídos no
processo da corregedoria da Receita Federal, por ordem do corregedor Moacir Ferreira Leão.
Agora são sete auditores, além
dos quatro fiscais estaduais, investigados, entre eles o ex-subsecretário de Administração Tributária da gestão do ex-governador
Anthony Garotinho, Rodrigo Silveirinha Corrêa, suspeito de comandar o esquema.
Marcos Antônio Bonfim da Silva, beneficiário da conta do auditor Amauri Nogueira Filho, é auditor da Receita desde 97 e trabalha na Delegacia de Fiscalização
do Rio. Roberto Cavalieri Vommaro é auditor desde 81, foi afastado da Delegacia de Fiscalização
em 2001 e está na Delegacia de
Administração Tributária do Rio.
Heraldo da Silva Braga, fiscal
desde 85, trabalha na Delegacia de
Fiscalização. Vommaro e Braga
aparecem na documentação entregue ao Brasil pelo Ministério
Público da Suíça como beneficiários de Axel Ripoll Hammer, um
dos suspeitos.
"Já determinei que eles sejam
processados e que a comissão os
inclua no rol dos investigados. Isso confirma o que eu já vinha dizendo: tem mais gente envolvida", afirmou Leão.
Os depósitos somam US$ 33,4
milhões, mas, segundo o Ministério Público da Suíça, a correção
cambial eleva a quantia para cerca
de US$ 36 milhões atuais.
Segundo documento entregue
pela Procuradoria suíça à brasileira, o fiscal de renda Júlio Cesar
Nogueira é beneficiário da conta
do irmão Amauri Nogueira Filho.
Leão disse que pediu à Procuradoria Geral da República que os
papéis enviados pela Suíça sejam
encaminhados à corregedoria.
Polícia
A divulgação da movimentação
bancária dos quatro fiscais de renda do Rio e dos quatro auditores
federais desencadeou ontem
ações do Ministério Público Federal, da PF (Polícia Federal) e da
Polícia Civil fluminense.
Policiais da Draco (Delegacia de
Repressão às Ações Criminosas
Organizadas e Inquéritos Especiais) estiveram na casa de Silveirinha para entregar uma intimação para que deponha no dia 30.
A procuradora federal Marylucy Santiago Barra foi ao apartamento do fiscal Lúcio Manoel Picanço fazer um levantamento de
bens. A Justiça informou que Picanço tinha no apartamento jóias
e objetos de arte. Ele não estava.
Moradores disseram à Folha que
na segunda-feira ele retirara objetos pessoais.
A reportagem teve acesso ao documento que traz o mapa das
contas. O documento está anexado ao relatório do Ministério Público suíço que relata as supostas
operações ilegais cometidas pelo
grupo, mas não contém timbre ou
identificação oficial do banco
UBP (Union Bancaire Privée), onde o dinheiro estaria, ou do Discount Bank and Trust, que fez o
envio dos recursos para a Suíça.
O documento revela que há
procurações em nome de filhos,
esposas, irmãos e colegas de trabalho dos suspeitos, para movimentar as contas abertas entre
1989 e 2000. Designado para o caso, o delegado Adauto Almeida
Marins, da PF, chegou ontem ao
Rio. Segundo a PF, as diligências
começaram ontem mesmo.
A Polícia Civil indiciou os quatro fiscais do Estado por formação
de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato (desvio e/ou apropriação de bens públicos) e concussão (obtenção indevida de benefícios por funcionário público).
Caso seja necessário para o andamento da investigação, serão
chamados a depor o ex-governador Anthony Garotinho (PSB) e
seu ex-secretário de Fazenda Carlos Antônio Sasse. Os quatro auditores da Receita serão ouvidos
como testemunhas, pois estão fora da alçada da polícia estadual.
Ontem, foram expedidas intimações a todos os indiciados. Eles
devem comparecer à Draco nos
próximos dias 30 e 31, para depor.
CPI da Assembléia
A deputada Aparecida Gama
(PSB) disse que a primeira medida da CPI do caso Silveirinha será
pedir a prisão preventiva dos suspeitos, caso seja comprovado o
envio de dinheiro para a Suíça.
A CPI será instaurada no próximo dia 3, após a posse na Assembléia Legislativa. Gama e a deputada Graça Matos (PSB), também
da comissão preliminar que investiga o caso, dizem que o documento com a movimentação das
contas não pode ser considerado
prova. Para elas, são necessários
documentos com as assinaturas
dos suspeitos.
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