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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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Falta de tradutor atrasa investigação sobre caso

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Dez dias após a Justiça Federal ter decretado o bloqueio das contas dos quatro fiscais fluminenses e dos quatro auditores federais, a carta rogatória com a ordem judicial nem sequer saiu do Rio. Motivo: falta tradutor que faça a versão do documento para o francês.
A Justiça Federal paga a um tradutor R$ 50 por três horas de trabalho. Por causa do valor, considerado baixo, nenhum tradutor aceitou até agora a tarefa. Por causa disso, o processo sobre o esquema supostamente comandado pelo fiscal Rodrigo Silveirinha Corrêa está parado.
O juiz da 3ª Vara Criminal Federal do Rio, Lafredo Lisboa, bloqueou as contas no último dia 13, a pedido do Ministério Público Federal. A carta rogatória, com a ordem judicial expedida por Lisboa, deveria ter sido encaminhada ao Ministério da Justiça, já traduzida para o francês. Caso contrário, a carta seria devolvida à 3º Vara Federal.
Do Ministério da Justiça, ela era seria remetida ao Ministério das Relações Exteriores, único órgão do governo com competência para enviar o pedido judicial ao governo suíço.

Anexo
A Folha apurou que, anexada à ordem judicial, o juiz fez um pedido oficial de informações sobre a existência das contas bancárias. Até agora, Lisboa não acredita que há provas suficientes para condenar os oito suspeitos.
O mapa das contas bancárias anexadas ao relatório suíço, enviado ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, pelo Ministério Público suíço, não tem timbre ou qualquer identificação do UBP (Union Bancarie Privée), onde o dinheiro estaria depositado. Não há também nenhuma assinatura de funcionários do banco atestando o documento.
Apenas com o cruzamento dos dados obtidos com a quebra do sigilo bancário e fiscal dos envolvidos e com o pedido de informações oficiais do Ministério Público, se poderá juntar provas suficientes contra o grupo. Mas, para que as investigações andem, a Justiça depende de um tradutor.


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