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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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SERRA PELADA

Crime pode ter ligação com disputa de facções

Outro líder garimpeiro é morto em menos de três meses no Pará

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O sindicalista e líder garimpeiro de Serra Pelada (PA), José Mendes, 63, foi assassinado em uma emboscada quando chegava em casa anteontem, por volta das 22h, com um tiro de espingarda na nuca. A Polícia Civil suspeita que o crime esteja relacionado à disputa pelo comando da Coomigasp (Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada) e trabalha com a hipótese de crime por vingança ou por encomenda.
Três facções disputam o comando da cooperativa desde setembro de 2002, quando o Congresso autorizou a exploração do ouro em cem hectares da área. A aprovação do decreto gerou a "segunda febre do ouro" na região com a volta de 5.000 garimpeiros.
Mendes foi morto com uma espingarda calibre 20 no distrito de Serra Pelada, que pertence ao município de Curionópolis -800 km ao sul de Belém.
Ele é o segundo sindicalista assassinado em Serra Pelada em menos de três meses. O presidente do Singarc (Sindicato dos Garimpeiros de Curionópolis), Antônio Clênio Lemos, foi morto em 16 de novembro de 2002. O inquérito ainda está em andamento.
Mendes era presidente da comissão de pró-reintegração dos garimpeiros excluídos. Defendia uma intervenção na cooperativa e morava em Serra Pelada desde meados da década de 80.
Ele integrava o grupo que defende a reintegração de 43 mil ex-garimpeiros inadimplentes ao quadro da cooperativa.
O secretário de Segurança Pública do Pará, Ivanildo Alves Pontes, determinou o deslocamento de 40 homens da PM para o local e uma equipe de oito investigadores e dois delegados. Eles farão uma operação de desarmamento.
A polícia diz já ter pistas sobre o assassino, mas o nome dele é mantido em sigilo. "Já levantamos um possível suspeito, mas o caso é um quebra-cabeças. Investigamos a hipótese de crime por encomenda ou vingança. A motivação seria a disputa pela cooperativa", disse o superintendente regional da Polícia Civil, Sílvio Maués. (MAURÍCIO SIMIONATO)


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