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Para intelectuais, AL está na vanguarda
Acadêmicos reunidos no Fórum Social Mundial afirmam que a região lidera luta contra o imperialismo
ANA FLOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI
Um painel de intelectuais e
movimentos sociais de esquerda lotou ontem uma das salas
do Fórum Social Mundial, em
Nairóbi. Para acadêmicos como
o norte-americano Immanuel
Wallerstein, o português Boaventura Sousa Santos e o cubano Osvaldo Martínez, a América Latina está na vanguarda da
luta contra o imperialismo.
"A América Latina é uma
frente importante de resistência ao imperialismo", disse Wallerstein. Boaventura fez uma
ponderação. "O pensamento
crítico [na América Latina] vai
um pouco mal. A teoria parece
cada vez mais irrelevante, enquanto a prática segue quase
não teorizada", disse. Para o sociólogo português, é necessário
que a América Latina volte a
aprofundar a democracia.
Martínez lembrou a trajetória do imperialismo, fenômeno
que, disse ele, está "tão vivo e
afoito como em qualquer momento anterior". "O ciclo neoliberal na América Latina, se não
foi derrotado, foi freado. Mas
não está vencido ainda."
O sociólogo venezuelano Edgardo Lander, um dos organizadores do fórum de Caracas,
no ano passado, favorável ao
projeto chavista, disse preocupar-se com o futuro do seu país.
"O que ocorreu na Venezuela
não poderia ter ocorrido sem
uma pessoa como o Chávez.
Mas existe a preocupação, em
instituições do país, de que o
processo venezuelano dependa
de só uma pessoa", afirmou.
Apesar de dizer não querer
fazer "propaganda" do governo,
Lander defendeu que seu país
tem servido de modelo para
movimentos sociais no continente. Mas ele ressaltou as contradições entre o personalismo
de Chávez e a democracia pretendida pelo projeto.
O painel não poupou o Brasil.
Camille Chalmers, ativista haitiano, criticou a Minustah
(Missão das Nações Unidas de
Estabilização do Haiti). Ele disse que a missão é um meio de
dominação dos EUA e da França, e que países participantes,
como o Brasil, que lidera a missão, são só instrumentos.
A resposta veio em seguida.
Bruno Gaspar, da Assessoria de
Política Externa do Planalto,
afirmou que a ação brasileira é
apoiada por diversos setores da
população do Haiti.
"O próprio governo haitiano
pede que as tropas fiquem. É
um absurdo dizer que o Brasil é
um mero "menino de recados"
dos EUA", disse.
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