São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

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Para intelectuais, AL está na vanguarda

Acadêmicos reunidos no Fórum Social Mundial afirmam que a região lidera luta contra o imperialismo

ANA FLOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI

Um painel de intelectuais e movimentos sociais de esquerda lotou ontem uma das salas do Fórum Social Mundial, em Nairóbi. Para acadêmicos como o norte-americano Immanuel Wallerstein, o português Boaventura Sousa Santos e o cubano Osvaldo Martínez, a América Latina está na vanguarda da luta contra o imperialismo.
"A América Latina é uma frente importante de resistência ao imperialismo", disse Wallerstein. Boaventura fez uma ponderação. "O pensamento crítico [na América Latina] vai um pouco mal. A teoria parece cada vez mais irrelevante, enquanto a prática segue quase não teorizada", disse. Para o sociólogo português, é necessário que a América Latina volte a aprofundar a democracia.
Martínez lembrou a trajetória do imperialismo, fenômeno que, disse ele, está "tão vivo e afoito como em qualquer momento anterior". "O ciclo neoliberal na América Latina, se não foi derrotado, foi freado. Mas não está vencido ainda."
O sociólogo venezuelano Edgardo Lander, um dos organizadores do fórum de Caracas, no ano passado, favorável ao projeto chavista, disse preocupar-se com o futuro do seu país. "O que ocorreu na Venezuela não poderia ter ocorrido sem uma pessoa como o Chávez. Mas existe a preocupação, em instituições do país, de que o processo venezuelano dependa de só uma pessoa", afirmou.
Apesar de dizer não querer fazer "propaganda" do governo, Lander defendeu que seu país tem servido de modelo para movimentos sociais no continente. Mas ele ressaltou as contradições entre o personalismo de Chávez e a democracia pretendida pelo projeto.
O painel não poupou o Brasil. Camille Chalmers, ativista haitiano, criticou a Minustah (Missão das Nações Unidas de Estabilização do Haiti). Ele disse que a missão é um meio de dominação dos EUA e da França, e que países participantes, como o Brasil, que lidera a missão, são só instrumentos.
A resposta veio em seguida. Bruno Gaspar, da Assessoria de Política Externa do Planalto, afirmou que a ação brasileira é apoiada por diversos setores da população do Haiti.
"O próprio governo haitiano pede que as tropas fiquem. É um absurdo dizer que o Brasil é um mero "menino de recados" dos EUA", disse.


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