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Lula pede governo coeso para eleições e duelo no Congresso
Em reunião do primeiro escalão do governo, presidente aponta "pré-disputa" para 2010
Petista reclama de falta
de articulação entre os
titulares da Esplanada
e compara o encontro à
Última Ceia de Jesus Cristo
KENNEDY ALENCAR
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na primeira reunião ministerial de 2008, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva disse
que a derrota de dezembro no
Senado, na tentativa de prorrogar a CPMF, mostrou que a
oposição já faz "pré-disputa"
para as eleições de 2010. Em
tom de reprimenda, pediu aos
ministros mais entrosamento
político para evitar novas derrotas no Congresso e enfrentar
a oposição com sucesso nas
eleições deste ano e de 2010.
No Salão Oval do Palácio do
Planalto, Lula reuniu seus 37
ministros e comparou o encontro à Santa Ceia, a última refeição entre Cristo e os apóstolos.
Com o objetivo de reforçar a
importância da articulação política, o presidente disse:
"Fico imaginando que muitas vezes ficamos cinco anos
juntos, nos sentamos a esta mesa aqui, parece a Santa Ceia, todo mundo amigo, mas depois
passamos um ano sem conversar. Penso que entre vocês existe pouca conversa política. Eu
diria -há quase meses e meses
que vocês não conversam entre
si- que não trocam idéia".
O presidente ordenou aos
ministros que dêem mais atenção aos pleitos de cargos e verbas dos aliados no Congresso.
"Todo ministro tem de fazer
política. É preciso ter base
[maioria no Congresso]", disse,
segundo relato de presentes.
A intenção de Lula é reforçar
o papel do articulador político
do governo, o ministro José
Múcio (Relações Institucionais). Múcio sugeriu a criação
de um órgão executivo para o
Conselho Político (instância
que reúne os presidentes dos 14
partidos aliados com representação no Congresso), para arbitrar disputas de cargos e verbas.
Lula também pediu união
nas eleições de outubro entre
os candidatos dos partidos que
o apóiam. "É importante não
agredir companheiros", disse o
presidente. Segundo ele, desentendimentos nas eleições
municipais poderão deixar seqüelas e impedir alianças em
2010, quando haverá disputa
pela Presidência, governos estaduais, Câmara dos Deputados, Senado Federal e Legislativos estaduais.
Lula afirmou que é "natural"
a oposição querer que o governo chegue a 2010 "mais fraco"
do que em 2006. "Três anos para quem está no governo passa
rápido. Para a oposição, é uma
eternidade. Vamos negociar o
que der para negociar e fazer o
enfrentamento quando for necessário."
Lula atribuiu à falta de boa
articulação política do governo
a derrota para PSDB e DEM na
tentativa de prorrogar o imposto do cheque até 2011. "Nossa
base [no Congresso] não pode
deixar esse jogo prosperar."
Na terceira reunião ministerial do segundo mandato, que
durou cinco horas e 20 minutos, Lula afirmou que a política
é o "centro" da atividade de um
governo. Ele tem duas preocupações centrais no Congresso, a
curto prazo: aprovar o Orçamento e a medida provisória
que aumenta a alíquota da
CSLL. Mas há outros temas polêmicos de interesse do Planalto que podem ter dificuldade na
aprovação no Congresso, entre
elas a medida provisória que
cria a TV Pública.
Em tratamento de combate a
um câncer, o vice-presidente
José Alencar foi de São Paulo a
Brasília só para participar da
reunião. Além dos ministros e
do vice, dois parlamentares estavam presentes -os líderes do
governo na Câmara, Henrique
Fontana (PT-RS), e no Senado,
Romero Jucá (PMDB-RR).
Atrasado devido a uma visita de
emergência ao dentista, o ministro Guido Mantega (Fazenda) foi substituído por Henrique Meirelles (Banco Central)
numa avaliação sobre os efeitos
da crise dos EUA sobre o Brasil.
Colaborou SHEILA D'AMORIM,
da Sucursal de Brasília
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