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PT resgata seus mensaleiros em novo Diretório Nacional
Dirceu, Genoino e João Paulo voltam a ter direito de voto na sigla em ano eleitoral
Controle das finanças da campanha de Dilma ficará nas mãos de grupo egresso do sindicalismo bancário, que originou os "aloprados"
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A SÃO ROQUE (SP)
LEONARDO SOUZA
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT oficializou ontem a volta de nomes envolvidos no escândalo do mensalão à direção
do partido. Conforme indicação da corrente majoritária da
legenda, a CNB (Construindo
um Novo Brasil), José Dirceu,
João Paulo Cunha e José Genoino irão compor o novo Diretório Nacional, que tomará
posse no mês que vem.
A campanha da candidata do
partido à Presidência, ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil),
promoverá outra reedição: a do
grupo de sindicalistas bancários que originou os "aloprados" e desempenhará funções
estratégicas, como a centralização da captação de recursos.
"Não tem sentido prescindir
da experiência desses companheiros num momento tão importante como este [pré-campanha da ministra Dilma Rousseff à Presidência]", disse o presidente eleito do PT, José
Eduardo Dutra (SE), à frente da
CNB. As indicações foram aclamadas em plenário no congresso da chapa que venceu as eleições em novembro de 2009.
Outras duas correntes, Novo
Rumo e PT de Lutas e de Massas, participaram do evento, em
São Roque (SP), e apoiaram as
indicações da CNB. Dirceu, Genoino e João Paulo foram afastados das instâncias partidárias
no final de 2005, ano em que o
caso do mensalão veio à tona.
Dirceu, ex-ministro da Casa
Civil que deixou o cargo no ápice do escândalo, e os deputados
federais Genoino e João Paulo
são réus no processo do Supremo Tribunal Federal que julgará o mensalão -transferência
de verbas supostamente públicas para congressistas da base
aliada ao presidente Lula no
Congresso. Eles negam a participação no esquema.
"Primeiro, para mim, não
existe esse termo, mensaleiros.
Depois, é um orgulho fazer parte da chapa ao lado de Dirceu,
Genoino e João Paulo", disse
Dutra. Na próxima terça, as três
correntes, que formaram uma
só chapa, apresentarão ao atual
comando do partido seus 45 indicados ao Diretório Nacional.
Nem as demais correntes
nem o atual comando têm direito de vetar as indicações se
os militantes estiverem em dia
com suas obrigações estatutárias. Assim, é praticamente certo que Dirceu, Genoino e João
Paulo terão direito a voto entre
os 81 membros do Diretório.
Serão apresentados também os
nomes do deputado federal José Nobre Guimarães (CE), que
teve um ex-assessor detido
com US$ 100 mil na cueca em
2005, e de Mônica Valente, mulher do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, pivô do mensalão
e hoje afastado do partido.
Dilma
Já na campanha de Dilma, o
núcleo responsável pela arrecadação e gestão dos recursos
será formado por petistas
egressos do sindicalismo bancário. Foi esse o grupo que comandou a reeleição de Lula em
2006 e originou os chamados
"aloprados" -encarregados da
compra de um dossiê contra
José Serra, então postulante ao
governo paulista e provável adversário da ministra agora.
Saíram do sindicalismo bancário os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e José
Pimentel (Previdência), os presidentes dos dois maiores fundos de pensão do país, Sérgio
Rosa (Previ) e Wagner Oliveira
(Petros), o atual presidente do
PT, Ricardo Berzoini, e o provável tesoureiro da sigla, João
Vaccari Neto, entre outros.
Berzoini coordenou a reeleição de Lula até ser afastado,
após o escândalo dos "aloprados". Jorge Lorenzetti, o "centralizador" da negociação do
material em favor da campanha
do então candidato Aloizio
Mercadante, reportava-se ao
atual presidente do PT.
Berzoini e Vaccari, também
investigado pela Polícia Federal no inquérito dos "aloprados", terão papel fundamental
na campanha de Dilma.
No mês que vem, Berzoini será substituído por Dutra na
presidência do PT. Não deve integrar a coordenação central da
campanha, mas será um dos articuladores em São Paulo, por
onde tentará se reeleger deputado federal. Além disso, deve
conseguir emplacar Vaccari como novo tesoureiro do PT.
Dutra e Berzoini ressaltam
que Vaccari não necessariamente será o responsável pelas
finanças da campanha. "Ele vai
administrar o dinheiro do partido e aplicá-lo de acordo com
as orientações. E estará em
contato com o comitê financeiro de campanha", disse Dutra.
Hoje, é quase impossível separar a conta eleitoral dos recursos do partido, pois os empresários priorizam as contribuições às siglas, o que impede
a identificação de beneficiários.
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