São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 2010

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PT reagirá a uso de vitrines de Lula por Serra

Partido também define educação, saúde, segurança, ciência e tecnologia e ambiente como temas centrais da campanha de Dilma

Sigla quer evitar episódio de 2004, quando o tucano venceu Marta em São Paulo dizendo que ampliaria projetos da então prefeita

DO ENVIADO A SÃO ROQUE (SP)

O encontro das alas majoritárias do PT que terminou ontem em São Roque decidiu que o partido atuará para evitar que a oposição se aproprie das principais bandeiras da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva e definiu os cinco eixos centrais da campanha da ministra Dilma Rousseff: educação, saúde, segurança, ciência e tecnologia e meio ambiente.
Na prática, isso significa que a cúpula da sigla não irá recuar no discurso de que uma eventual vitória de José Serra (PSDB), governador de São Paulo e hoje o principal nome da oposição, significará uma ruptura e um retrocesso e que somente Dilma poderá avançar em áreas nas quais a gestão Lula ainda derrapa.
Ainda conforme as resoluções do encontro, o partido tentará servir, pelo menos até o início legal da campanha, em junho, como um escudo para sua pré-candidata.
Por trás da estratégia de responder em tom elevado ao PSDB, está também o medo dos petistas de que se repitam neste ano os erros da campanha pela Prefeitura de São Paulo em 2004, quando Serra bateu Marta Suplicy. Na ocasião, conforme a leitura do PT, o tucano conseguiu se "apropriar" dos principais projetos da então prefeita ao afirmar que levaria adiante e ampliaria ações como Bilhete Único e CEUs (Centros Educacionais Unificados), marcas da gestão petista.
Nesse sentido, o comando do PT, orientado pelo Palácio do Planalto, pediu a Dilma que não deixe sem revide nenhuma menção dos tucanos ao governo federal e às suas vitrines -Bolsa Família e PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), por exemplo. Foi o que fez a ministra terça-feira passada em Minas Gerais, quando afirmou que havia risco de essas ações serem paralisadas em caso de uma vitória tucana.
Desde então, as declarações da ministra provocaram uma onda de notas de ambos os partidos. Quarta-feira, em uma delas, o senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional dos tucanos, chegou a chamar a petista de "dissimulada". "A oposição está tentando desconstruir no eleitor a percepção de que a Dilma é competente e séria", disse o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra.

PMDB
O encontro teve ainda o efeito de uma manifestação oficial de apoio ao peemedebista Michel Temer, presidente da Câmara dos Deputados, como vice na chapa de Dilma. No final de 2009, o PT se indispôs com seu aliado no governo por conta da declaração do presidente Lula de que o PMDB deveria submeter a Dilma uma lista tríplice de nomes para a vaga.
"Temos uma reunião marcada com os peemedebistas para a semana que vem. Eles anteciparam sua convenção em um sinal de cooperação. Se o Temer for a indicação deles, será o nosso nome", afirmou Ricardo Berzoini (SP).
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG)


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