São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 2010

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Articulação política esvazia evento em Porto Alegre

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

No ano em que o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), é o principal adversário do ministro petista Tarso Genro na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul, a capital gaúcha terá de dividir, pela primeira vez, o posto de sede do Fórum Social Mundial com outras seis cidades do Estado -cinco administradas pelo PT.
Inicialmente, o comitê organizador internacional havia previsto um único evento em Porto Alegre para discutir o legado dos dez anos do FSM, mas prefeitos petistas da região metropolitana operaram politicamente para abrigar, em seus municípios, parte da programação do evento, idealizado no início da década como contraponto ao Fórum Econômico Mundial, na Suíça.
A pulverização das atividades do FSM no Rio Grande do Sul obedece à lógica dos organizadores -redes de ativistas e de organizações não governamentais- de intercalar, desde 2006, um fórum concentrado em uma cidade em um ano, e eventos descentralizados pelo mundo no ano seguinte.
Em 2009, Belém foi a única sede do FSM. Já para este ano estão previstos, ao todo, 27 fóruns ao redor do mundo. Em 2006, o evento foi realizado em três países simultaneamente (Mali, Paquistão e Venezuela).
Levantamento feito pela Folha com base nas informações fornecidas pelos municípios indica que as prefeituras gaúchas e o governo federal deverão injetar pelo menos R$ 4 milhões para pagar a estrutura para a realização do evento.
Enquanto Porto Alegre sediará o evento de balanço dos dez anos do FSM, cidades da região metropolitana concentrarão a maior parte das oficinas e apresentações culturais.
Administrada por um dos aliados mais próximos de Tarso, o petista Jairo Jorge, Canoas sediará, em três dias, cerca de 200 oficinas e palestras e terá shows de artistas nacionais.
O Acampamento da Juventude vai trocar a orla do rio Guaíba, em Porto Alegre, onde foi instalado nas quatro edições ocorridas no Rio Grande do Sul, por um parque em Novo Hamburgo, administrada por Tarcísio Zimmermann (PT).
O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), vê nas 80 conferências que o município vai sediar uma "vitrine" para suas políticas públicas.
Ele nega que tenha havido uma tentativa de reduzir a visibilidade da capital, agora que ela tem como prefeito o principal adversário dos petistas no Rio Grande do Sul.
"Para nós do PT, o Fórum sempre teve um peso político grande porque faz um debate político e ideológico com o qual estamos em sintonia. Fizemos a proposta levando em conta o caráter descentralizado do evento quando o quadro eleitoral nem estava claro", afirma.


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