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Articulação política esvazia evento em Porto Alegre
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
No ano em que o prefeito de
Porto Alegre, José Fogaça
(PMDB), é o principal adversário do ministro petista Tarso
Genro na disputa pelo governo
do Rio Grande do Sul, a capital
gaúcha terá de dividir, pela primeira vez, o posto de sede do
Fórum Social Mundial com outras seis cidades do Estado
-cinco administradas pelo PT.
Inicialmente, o comitê organizador internacional havia
previsto um único evento em
Porto Alegre para discutir o legado dos dez anos do FSM, mas
prefeitos petistas da região metropolitana operaram politicamente para abrigar, em seus
municípios, parte da programação do evento, idealizado no
início da década como contraponto ao Fórum Econômico
Mundial, na Suíça.
A pulverização das atividades
do FSM no Rio Grande do Sul
obedece à lógica dos organizadores -redes de ativistas e de
organizações não governamentais- de intercalar, desde
2006, um fórum concentrado
em uma cidade em um ano, e
eventos descentralizados pelo
mundo no ano seguinte.
Em 2009, Belém foi a única
sede do FSM. Já para este ano
estão previstos, ao todo, 27 fóruns ao redor do mundo. Em
2006, o evento foi realizado em
três países simultaneamente
(Mali, Paquistão e Venezuela).
Levantamento feito pela Folha com base nas informações
fornecidas pelos municípios indica que as prefeituras gaúchas
e o governo federal deverão injetar pelo menos R$ 4 milhões
para pagar a estrutura para a
realização do evento.
Enquanto Porto Alegre sediará o evento de balanço dos
dez anos do FSM, cidades da região metropolitana concentrarão a maior parte das oficinas e
apresentações culturais.
Administrada por um dos
aliados mais próximos de Tarso, o petista Jairo Jorge, Canoas sediará, em três dias, cerca
de 200 oficinas e palestras e terá shows de artistas nacionais.
O Acampamento da Juventude vai trocar a orla do rio
Guaíba, em Porto Alegre, onde
foi instalado nas quatro edições
ocorridas no Rio Grande do Sul,
por um parque em Novo Hamburgo, administrada por Tarcísio Zimmermann (PT).
O prefeito de São Leopoldo,
Ary Vanazzi (PT), vê nas 80
conferências que o município
vai sediar uma "vitrine" para
suas políticas públicas.
Ele nega que tenha havido
uma tentativa de reduzir a visibilidade da capital, agora que
ela tem como prefeito o principal adversário dos petistas no
Rio Grande do Sul.
"Para nós do PT, o Fórum
sempre teve um peso político
grande porque faz um debate
político e ideológico com o qual
estamos em sintonia. Fizemos
a proposta levando em conta o
caráter descentralizado do
evento quando o quadro eleitoral nem estava claro", afirma.
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