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ELEIÇÕES-2002
Petista perde 4 quatro pontos e pela 1ª vez divide liderança com pefelista; Garotinho está em ascensão, e Serra sobe
Lula e Roseana têm empate técnico em 1º
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez desde setembro de 2001, o pré-candidato do
PT à Presidência Luiz Inácio Lula
da Silva perdeu quatro pontos
percentuais e deixou de ser líder
isolado na disputa sucessória.
Pesquisa Datafolha revela que a
governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), manteve sua
linha de ascensão pela quinta vez
consecutiva, passando de 21% para 23% das intenções de voto. Lula
tinha 30% no levantamento anterior e agora está com 26%.
Como a margem de erro é de
dois pontos percentuais para
mais ou para menos, o petista pode ter entre 24% e 28% dos votos,
e Roseana, entre 21% e 25% -o
que configura um empate técnico.
A razão da queda de Lula pode
ser encontrada entre os eleitores
mais bem remunerados, homens
e votantes da região Sudeste. A ascensão de Roseana ocorre principalmente entre os mais pobres, as
mulheres e os nordestinos.
A diferença entre Lula e Roseana, que foi de 18 pontos percentuais em setembro e estava em 11
pontos em janeiro, foi reduzida a
apenas três. Roseana mais uma
vez usou a televisão: o PFL teve direito a um programa de 20 minutos em 31 de janeiro e a 80 inserções publicitárias de 30 segundos
naquele mês e em fevereiro.
O PT levará seu programa ao ar
em 9 de maio e terá 40 inserções
de um minuto, como prefere o
publicitário Duda Mendonça.
Garotinho e Serra
O governador do Rio, Anthony
Garotinho (PSB), também manteve linha ascendente, chegando a
13% das intenções de voto, a
quarta variação positiva em cinco
pesquisas. Ele se destaca na região
Nordeste, onde subiu cinco pontos, e entre os eleitores com até o
segundo grau, crescimento de outros cinco pontos.
O pré-candidato do PSDB, José
Serra, subiu três pontos, passando
de 7% para 10% -na sua primeira movimentação acima da margem de erro desde setembro.
Como pode estar no intervalo
entre 8% e 12%, e Garotinho, entre 11% e 15%, o ex-ministro da
Saúde voltou a estar em situação
de empate técnico com o governador do Rio, como ocorria em
novembro do ano passado.
Serra aparece como o principal
beneficiado nos dois únicos segmentos em que Roseana perde
pontos. Entre os votantes que recebem de R$ 1.801 a R$ 3.600, Roseana caiu dez pontos, e Serra ganhou nove. Na região Sul, a pefelista teve três pontos a menos, e o
tucano, seis a mais -melhorando ainda seis pontos no Norte/
Centro-Oeste e três no Sudeste.
O ex-ministro da Saúde sobe
quatro pontos entre os eleitores
com mais de 60 anos, faixa em
que estão os beneficiários de uma
das mais propagandeadas ações
de Serra, os chamados genéricos,
remédios alternativos às marcas
líderes com preços menores.
Neste mês, Serra apareceu pela
primeira vez como candidato a
presidente nas inserções do PSDB
na televisão. Em 6 de março, será
a estrela do programa de 20 minutos do partido.
O pré-candidato do PPS, Ciro
Gomes, segue uma linha descendente pela terceira vez em cinco
pesquisas, passando de 10% em
janeiro para 8% agora. Em setembro de 2001, tinha 14%. O governador de Minas Gerais, Itamar
Franco (PMDB), manteve os mesmos 6% de janeiro.
Razões
A queda de Lula foi mais acentuada entre os eleitores com renda acima de R$ 3.600 (faixa na
qual perdeu oito pontos), do sexo
masculino (menos seis pontos),
nas faixas etárias entre 16 e 24
anos e 45 e 59 anos (perda de cinco pontos em cada uma) e entre
os votantes que completaram até
o primeiro grau e os que concluíram até o segundo grau (redução
de quatro pontos em cada uma).
No Sul do país, Lula perdeu seis
pontos, e no Sudeste e no Nordeste, três pontos em cada região. Em
nenhum dos estratos pesquisados, o petista apresenta crescimento além da margem de erro.
Em 13 deles, perde pontos; e em
quatro, mantém-se estável ou
apenas oscila, ou seja, varia para
mais ou para menos dentro da
margem da pesquisa.
Roseana é beneficiada por sua
performance no Nordeste, onde
subiu seis pontos, e pelos votos
que recebe entre as mulheres (novo crescimento, desta vez de quatro pontos), os jovens (mais quatro pontos) e aqueles com renda
de até R$ 1.800 (quatro pontos). A
governadora ainda cresce na faixa
dos que têm até o primeiro grau
(três pontos) e aqueles com idade
de 45 a 59 anos (três pontos).
A pesquisa Datafolha ouviu
3.857 eleitores na quarta e quinta-feira passadas. Ou seja, não refletiu totalmente um eventual impacto da saída de Serra do Ministério da Saúde -ocorrida na
quinta- e sua confirmação como pré-candidato tucano.
Serra teve forte crescimento em
dois segmentos específicos: subiu
12 pontos entre os que recebem
mais de R$ 3.600 e nove pontos
entre os que ganham de R$ 1.801 a
R$ 3.600. A análise dos números
mostra que o tucano avança nas
classes com mais escolaridade
(cinco pontos a mais entre os que
têm até o segundo grau e outros
cinco entre os de nível superior).
O comportamento do tucano é
pior nas camadas de menor renda
e escolaridade. Entre os de vencimentos até R$ 1.800, o ex-ministro ganhou três pontos e entre os
que têm até o primeiro grau, ele
oscilou positivamente dois.
No Estado de São Paulo isoladamente, Lula caiu de 28% para
24%, Roseana oscilou de 23% para 21% e Serra cresceu de 12% para 18%. Garotinho (13%) e Ciro
(10%) oscilam positivamente. Na
cidade de São Paulo, triplo empate técnico. Serra saltou de 13% para 23%; Roseana caiu de 23% para
20%; e Lula, de 22% para 19%.
Acontecimentos
A pesquisa anterior do Datafolha foi realizada em 3 e 4 de janeiro. Refletiria de forma contida um
eventual efeito da crise política e
econômica na Argentina (desvalorização do câmbio e três presidentes assumindo o poder no final de dezembro e começo de janeiro) na sucessão brasileira.
A crise lá foi usada por adversários de Lula, principalmente Roseana Sarney, que incluiu o tema
em suas inserções na televisão.
Nesse período também, Lula
ampliou as articulações para acertar o apoio do PL à sua candidatura, o que incluiu uma série de visitas a fábricas do senador José
Alencar, cotado para ser seu candidato a vice-presidente. Essa
aproximação foi criticada por petistas de diversos Estados.
Esses são alguns dos acontecimentos que podem -e essa é só
uma hipótese- influenciado o
primeiro recuo eleitoral de Lula
desde setembro. No período do
Carnaval, o petista apareceu nas
inserções publicitárias do partido
em dois Estados e ainda teve uma
exposição de mídia elevada devido à realização do 2º Fórum Social
Mundial, o que parece não ter
surtido efeito em sua candidatura.
Os candidatos da situação
-Roseana e Serra- poderiam
ter sido atingidos com o maior
apagão desde 1999, ocorrido em
21 de janeiro. Mas, no mesmo período, o governo anunciou para 1º
de março o fim do racionamento
de energia, há nove meses um estorvo para os brasileiros.
Sem Itamar
O governador Itamar Franco
definha política e eleitoralmente.
Está cada dia mais difícil os antigovernistas vencerem as prévias
do PMDB, caso ocorram, e assegurar que o partido tenha candidato próprio a presidente. E as intenções de voto no governador estão cinco pontos menores do que
em setembro de 2001.
Sem ele na disputa, o maior beneficiado é Serra, que assedia o
PMDB para que indique seu candidato a vice. Nesse cenário, o tucano passa de 8% para 12%. Lula
(que vai de 30% para 27%) e Roseana (de 22% para 24%) mantêm-se em empate técnico no primeiro lugar.
São seguidos por Garotinho
com 14% (tinha 12% antes), num
empate técnico com Serra. Ciro fica com 10%, uma oscilação negativa de um ponto, mas outra vez
em linha descendente.
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