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Partido quer mostrar hoje que candidatura de tucano é irremovível
PSDB usa convenção para
afastar "fantasmas" de Serra
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Perdido o sentido prático de escolher um postulante à Presidência, o PSDB manteve a pré-convenção de hoje em Brasília para
tentar mostrar a setores do próprio partido, a legendas aliadas e
ao eleitorado que é irremovível a
pré-candidatura de José Serra, independentemente de desempenho em pesquisa e de obstáculos
imediatos, como a dengue.
A idéia da cúpula, que obteve
unidade ainda a ser consolidada, é
afastar dois fantasmas que incomodam o ex-ministro da Saúde:
1) a síndrome de que a pré-candidatura não decola; e 2) o hoje improvável "plano B" tucano.
"O Serra vai até o fim e vai ganhar a eleição", disse o presidente
do partido, o deputado federal José Aníbal (SP), uma das vozes tucanas contrárias ao cancelamento
da pré-convenção.
Pró-cancelamento
O presidente Fernando Henrique Cardoso, entre outros serristas, defendia o cancelamento. Argumento: se a postulação é irremovível, não é preciso confirmá-la. O prazo legal de oficializar candidato é de 10 a 30 de junho.
No entanto, venceu a tese de
Aníbal de que a pré-convenção é
uma hora de aproximar Serra de
parlamentares, prefeitos, vereadores, convencionais e militantes
mais ativos. São esperadas 2.500
pessoas no evento, previsto para
durar das 10h às 14h. Serra deve
discursar de improviso, depois de
governadores e ministros.
"Tem gente no partido que quer
conhecer o Serra. Abraçar o Serra.
Tirar foto com o Serra. Um encontro de confraternização é importante para motivar", afirmou
o presidente do PSDB.
Foi Aníbal quem lançou, no final do ano passado, a idéia de
uma pré-convenção em fevereiro
para decidir entre os dois postulantes que contavam de verdade:
Serra e o governador do Ceará,
Tasso Jereissati.
Só não há disputa hoje por pré-candidatura porque Tasso desistiu, contrariado com o que considerou um jogo desleal de FHC e
de Serra para derrubá-lo. As feridas de Tasso e de seu grupo começaram a ser curadas num jantar
que entrou pela madrugada na última segunda em Brasília, mas a
cicatrização deve demorar levando-se em conta o que foi dito.
Dupla paulista
A Folha apurou que a contrariedade de Tasso é maior com FHC
do que com Serra. O governador
do Ceará disse que os dois tucanos paulistas sempre formaram
um dupla que usou o resto do
PSDB como satélite. Teria dito: "É
importante que saibam que sabemos que eles acham que servimos
apenas para satélite, apenas para
apoiar o projeto deles".
O governador Mário Covas,
morto em março do ano passado,
era um dos que, segundo Tasso,
sofreu bombardeio de FHC e de
Serra, que se julgariam superiores
intelectualmente e mais habilitados a exercer a Presidência.
Tasso e os presentes lembraram
que FHC, em nome da governabilidade no plano federal, alimentou inimigos regionais dos tucanos. Covas viu FHC ser ambíguo
entre ele e Paulo Maluf (PPB) na
disputa pelo governo de São Paulo em 1998.
O ex-governador Eduardo Azeredo, um dos presentes, ouviu
Tasso lembrar que, em 1994, FHC
se equilibrou entre ele e Hélio
Costa, então candidato do PP em
Minas. Em 1998, Azeredo perdeu
o Palácio da Liberdade para Itamar Franco (PMDB). FHC ficou
no muro entre os dois.
O governador Almir Gabriel
(PA) e o senador Geraldo Melo
(RN) lembraram de adversários
ajudados por FHC. O ministro Pimenta da Veiga (Comunicações)
e o presidente da Câmara, Aécio
Neves, também.
Brincadeira
Serra, chamado ao final do jantar por Pimenta a pedido de Tasso, se surpreendeu quando o tucano cearense disse, brincando,
que estavam discutindo o "plano
B". Esse "plano B" seria Tasso,
Aécio ou até a governadora Roseana Sarney (PFL-MA), o que
hoje é impensável.
Serra ouviu Tasso dizer que
FHC e ele, ainda ministro da Saúde, encheram de recursos os seus
adversários no Ceará.
Na opinião de um cacique tucano, a reunião teve um lado bom e
outro ruim para Serra. Se serviu
para quebrar o gelo, também
mostrou que o pré-candidato tucano terá ainda de suar para conquistar apoios entusiasmados.
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