São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Tasso articula coesão na legenda, exigida pelo prefeito como condição para se candidatar

Por Serra, cúpula do PSDB busca enquadrar partido

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o objetivo de enquadrar o partido, o PSDB alinhavou ontem com governadores e parlamentares o compromisso de apoio ao seu candidato à Presidência, qualquer que seja o escolhido. A costura atende à condição imposta pelo prefeito José Serra para que venha a concorrer: a de unidade partidária. Serra, porém, ainda nem decidiu se disputará.
Segundo tucanos, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), garantiu a Serra apoio partidário para disputar a eleição, caso ele seja o indicado. Na conversa, Serra teria dito que não tomou uma decisão e insistido na necessidade de coesão, o que incluiria a adesão do governador Geraldo Alckmin à sua eventual candidatura. O prefeito estaria hesitante por duvidar da colaboração de Alckmin.
"Conversei com ele. Serra está bem mais tranqüilo, em todos os aspectos", disse Tasso, que deu carona a Serra de Brasília até São Paulo, na noite de quarta-feira.
Em telefonemas a governadores e líderes partidários, Tasso e o governador de Minas, Aécio Neves, se dedicam à construção desse cenário idealizado por Serra. Aos líderes do partido na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), e no Senado, Arthur Virgílio (AM), coube a tarefa de obter o compromisso de deputados e senadores.
Ontem mesmo, os tucanos faziam questão de assegurar lealdade ao partido. Até então contabilizado na cota dos alckmistas, o governador de Goiás, Marconi Perillo, lembrou que "nunca disse ter preferência por A ou por B".
Elogiando Serra - a ponto de mencionar o apoio do hoje prefeito a sua candidatura ao governo de Goiás em 1998, "quando era um azarão" - Perillo explicou ter questionado a centralização da discussão. Mas afirmou: "Não quero que meu nome seja usado por A ou B. Não tenho predileção. Vou trabalhar pelo consenso. Nunca pela cizânia". Segundo Perillo, "o melhor candidato é o que tem chance de vitória".
Num telefonema a Serra, Jutahy afirmou que a bancada do partido está disposta a apoiar o escolhido do partido. "Dentro da bancada, o sentimento é que queremos ganhar a eleição. Na hora da tomada de decisão, acabou [a discórdia]".

Conselhos
Incomodado com as críticas a seu trabalho e com a disputa interna, o próprio Tasso repetiu a Serra o que recomendara na véspera a Alckmin: "cuidado com as palavras" e um "código de conduta num momento tão delicado".
"Entendimento tem de ser baixando bola. Não levantando a bola. O esforço que estou fazendo é nessa direção", disse Tasso.
Dizendo-se "aflito pela necessidade de decisão" -"já está caindo de maduro, passando do tempo"-, Tasso afirma que o fim da angústia de Serra e Alckmin "só depende dos dois". "Os dois que cheguem a um entendimento básico em torno de alguns pontos. Está na mão dos dois", disse ele.
O prefeito e o governador irão se encontrar amanhã no Sambódromo de São Paulo para assistir aos desfiles de Carnaval juntos.
Tasso também comentou a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem o PSDB parece o PT da década de 80. "Ainda bem que é o da década de 80. Não o de 2005. Não o do mensalão. Contanto que não seja do mensalão, tudo bem."


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