São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Bolha inflacionária

Se Lula levar adiante a disposição, anunciada por dirigentes do PSB após visita ao presidente, de aguardar o resultado da eleição do PMDB, em 11 de março, para só então anunciar a reforma ministerial, será inevitavelmente envolvido na disputa interna do maior partido da base. Não haverá "neutralidade" possível.
Talvez seja esse o desejo do presidente, e a aposta poderá terminar com a vitória de seu favorito de sempre, Nelson Jobim, apadrinhado pelos senadores José Sarney e Renan Calheiros. Mas trata-se de operação de risco. Se o deputado Michel Temer conseguir permanecer no comando da sigla à revelia de Lula, a fatura a ser paga ao PMDB da Câmara ficará mais cara.

Especial. Por que Lula aparentemente decidiu enfiar a mão na cumbuca do PMDB? "Porque o Sarney pediu", responde um petista que conhece bem o presidente. "E pedido do Sarney tem um peso diferente para o Lula".

Conta outra. Além da convenção do PMDB, Lula agora menciona outra razão para adiar a reforma ministerial: ainda vai haver grande movimento de troca de partidos, disse o presidente a aliados.

Cara a cara. Candidatos à presidência do PMDB, Michel Temer e Nelson Jobim vão ao Rio na segunda-feira pedir a bênção de Sérgio Cabral. O governador tenta articular uma reunião para dois dias depois com todos os chefes de executivos estaduais da sigla. Serviria para referendar seu apoio ao ex-ministro do STF.

Sinal. Já o deputado tem o apoio de André Pucinelli, de Mato Grosso do Sul, e negocia com Eduardo Braga. Num agrado ao governador amazonense, o líder do partido na Câmara e aliado de Temer, Henrique Eduardo Alves (RN), nomeou Átila Lyra (PMDB-AM) para relatar a regulamentação da TV digital.

Papagaio. A empreiteira Jurema, da família de Marcelo Castro -nome dos peemedebistas da Câmara para o Ministério da Saúde-, foi investigada por ter sido supostamente favorecida na contratação de obras da Operação Tapa-Buraco no Piauí.

Atados. O deputado indicou o cunhado, Sebastião Braga, para chefiar o Dnit estadual. A empresa da família ficou com as obras da BR 402. Na eleição de 2002, a Jurema doara R$ 41,6 mil a Castro e R$ 100 mil ao governador Wellington Dias (PT), que apóia o peemedebista para o ministério.

Passivo. O PT assumiu cerca de R$ 80 mil de gastos de campanha de Arlindo Chinaglia (SP) à presidência da Câmara. Dessa quantia, o partido já desembolsou R$ 35 mil, boa parte para deputados que tiraram dinheiro do bolso para ajudar o colega.

Onde pega 1. Após a CVM confirmar que é possível dar garantia de rendimento ao fundo de infra-estrutura com verba do FGTS previsto no PAC, as centrais sindicais tentarão derrubar o indexador de gastos com funcionalismo previsto no programa.

Onde pega 2. O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) receberá sindicalistas na semana que vem para discutir mudanças no indexador. Até setores da CUT aliados ao governo já falam em ações na Justiça contra esse item.

Circulando. Cid Gomes (PSB) levará na semana que vem seus secretários para um novo giro pelo interior do Ceará, num sistema de governo itinerante que ele estreou no início do mês. Os auxiliares terão de voltar de ônibus a Fortaleza, num percurso até agora calculado em 700 km.

Termômetro. A Comissão de Justiça da Câmara Municipal de São Paulo inicia na semana que vem o debate sobre os pedágios nas marginais. O projeto será o primeiro teste do prefeito Gilberto Kassab (PFL) com sua base de apoio.

Tiroteio

"Pelo menos agora os danos econômicos do Janene ao erário vão ficar contabilizados".
Do deputado federal DR. ROSINHA (PT-PR) sobre a aposentadoria, com salário integral de R$ 12.847,20, obtida na Câmara pelo ex-líder do PP José Janene (PR), um dos expoentes do escândalo do mensalão.

Contraponto

Aula de história

Na posse dos parlamentares em 2003, Carlos Sampaio (PSDB-SP) levou seus familiares para conhecer o Congresso. Num passeio pelos corredores com os filhos, o deputado começou a mostrar fotos da galeria de presidentes e a dar explicações sobre a história do país.
-Aquele foi o homem que construiu Brasília!-, disse Sampaio em dado momento, apontando empolgado para uma foto de Juscelino Kubitschek.
O caçula, Lucca, à época com 5 anos, fez cara de dúvida:
-Então ele é pedreiro, não é presidente...
Desconcertado, o deputado pegou o garoto pela mão:
-Bem, deixa eu explicar melhor...


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