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Folha terá novo projeto visual em maio
Jornal prepara mudanças que devem torná-lo mais legível e agradável num ambiente marcado pelo caos informativo
Reforma gráfica e novidades editoriais buscam produto mais conciso na forma e analítico no conteúdo para atender demandas do leitor
DA REDAÇÃO
A Folha prepara um novo
projeto visual para suas páginas, com estreia prevista para o
próximo mês de maio. A reforma nasce da necessidade, identificada pela Direção de Redação, de fazer um jornal mais legível, mais útil e mais interessante num ambiente marcado
pela hiperconcorrência e pela
oferta caótica de informação.
Organizar as notícias de maneira mais clara e acessível,
oferecer um produto que seja
mais necessário e agradável ao
leitor -são alguns dos objetivos que norteiam as mudanças.
A equipe envolvida na reforma iniciou os trabalhos há quase seis meses, em setembro do
ano passado, sob a direção da
designer Eliane Stephan.
"Pretendemos ter um jornal
mais jovem, mais alegre, por
um lado; mais organizado e, em
certo aspecto, mais clássico,
por outro. Será tipograficamente mais forte, no geral", diz
Stephan, que conta com a colaboração de profissionais da
própria Folha no projeto.
A designer, que trabalhou como editora de arte da Folha no
início dos anos 90, foi a responsável pela reforma realizada
em 1996, quando o jornal passou a ser impresso totalmente
em cores e inovou seus padrões
gráficos de maneira arrojada.
A mudança, que também envolve novidades no conteúdo
do jornal, abrangerá todos os
cadernos, da primeira página
aos suplementos semanais.
"Estamos fazendo uma reforma tipográfica e um redesign
(redesenho), alguns ajustes nos
diversos formatos usados
atualmente", diz Stephan.
Um dos objetivos é justamente diminuir a diversidade
interna entre os cadernos e entre as páginas de cada caderno,
dando um sentido mais unitário e homogêneo ao jornal.
Na avaliação da Direção de
Redação, as duas últimas reformas da Folha -ocorridas em
2000 e em 2006- teriam atenuado a identidade gráfica do
jornal ao flexibilizar o desenho
das páginas e criar ornamentos
em demasia. Há a intenção
agora de corrigir excessos.
As páginas da Folha voltarão
a ser moduladas -os módulos
são blocos de textos com tamanho pré-definido que facilitam
e agilizam a leitura. Eles foram
introduzidos no jornal em 1988
e abandonados em 2000.
Busca-se, além disso, explicitar melhor a hierarquia do noticiário, o que a reforma de
2006 já procurava fazer. A
ideia é que os assuntos principais de cada página ganhem visibilidade maior e tratamento
diferenciado, em contraste
com as notícias que não são exclusivas ou aquelas consideradas menos relevantes.
Esforço didático
"Queremos um jornal que se
faça mais visível e seja, ao mesmo tempo, mais interessante e
mais útil para um leitor cada
vez mais solicitado e exigente",
afirma Otavio Frias Filho. Não
há, porém, segundo o diretor de
Redação da Folha, "nenhuma
intenção de popularizar o jornal, se isso significa baixar o nível do produto".
Pelo contrário, diz Frias Filho, "o esforço para didatizar o
noticiário, decodificar os assuntos em linguagem corrente
e se fazer compreender significa, paradoxalmente, elevar o
nível do jornal -e é isso o que
estamos buscando".
As alterações pretendem
consolidar diretrizes editoriais
que começaram a ser implementadas há um ano, com o
propósito de tornar o jornal
mais sintético na forma e analítico no conteúdo.
O novo editor-executivo da
Folha, jornalista Sérgio Dávila,
que assumirá suas funções em
15 de março, vê no novo projeto
um "instrumento para caminhar na direção da síntese analítica e da opção por textos mais
curtos e, ao mesmo tempo,
mais interpretativos".
Segundo Dávila, a mudança
conecta o jornal com a sua história: "A Folha tem a tradição
da vanguarda nas reformas
gráficas da imprensa brasileira
das últimas duas décadas e
meia. Foi assim com a cadernização, o amplo uso de infografia, a cor total, a diagramação
modular, para ficar em alguns
exemplos que depois seriam
adotados pela concorrência".
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