São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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Ministro se retrata só com os governadores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, divulgou ontem à noite uma nota oficial pedindo desculpas aos governadores por tê-los tratado, segundo ele mesmo, de forma "inadequada". Dirceu não se referiu nem ao Ministério Público nem aos senadores que também havia criticado.
A nota foi divulgada depois da repercussão negativa das críticas de Dirceu. Os governadores tucanos Aécio Neves (MG) e Geraldo Alckmin (SP) se manifestaram, mas Dirceu foi duramente criticado principalmente no Senado.
As críticas do ministro foram feitas ao jornal "O Globo". Dirceu criticou governadores, senadores tucanos e o Ministério Público Federal, que, segundo Dirceu, "vem fazendo violências legais a todo momento". No entanto, na nota oficial de sete linhas em que pede desculpas, Dirceu não se refere aos senadores ou aos membros do Ministério Público. Diz a nota:
"Quero de público pedir desculpas aos governadores e governadoras pela forma inadequada com que tratei as relações entre a União e os Estados em conversa com o jornalista Merval Pereira, de "O Globo". Reitero meus agradecimentos pela forma respeitosa e democrática com que os governadores e governadoras se relacionam com a Casa Civil da Presidência da República até este momento. Espero dar tudo de mim para manter essa relação no mais alto nível exigido pela nação".
Dirceu afirmou ao jornal carioca que Alckmin e Aécio tiveram um comportamento equilibrado em relação ao governo, apesar de serem peças chave do PSDB, o principal partido de oposição ao Planalto. Mas, segundo Dirceu, esse comportamento foi motivado apenas pela dependência que os Estados têm em relação ao governo federal. "Não podiam ter outro comportamento, governador de Estado hoje sem o governo federal não agüenta um mês".
Depois de criticar o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), a quem chamou de "fraco", Dirceu disse que o PT não poderia se aproximar do PSDB. "Não existe essa coisa de se aproximar do PSDB. Se aproximar do PSDB é aceitar que somos ineficientes, [que] não temos governabilidade, [que] o país está sem projeto."
Os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Arthur Virgílio (PSDB-AM), da tribuna do Senado, atacaram Dirceu.
As críticas de Dirceu atropelaram o objetivo do Palácio do Planalto de, ainda nessa semana, começar a enterrar a crise política. Na segunda-feira, em reunião no Palácio do Alvorada, Lula pediu unidade aos membros do governo para evitar justamente discussões desnecessárias.
(GABRIELA ATHIAS)


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