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Ministro se retrata só com os governadores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, divulgou ontem à
noite uma nota oficial pedindo
desculpas aos governadores por
tê-los tratado, segundo ele mesmo, de forma "inadequada". Dirceu não se referiu nem ao Ministério Público nem aos senadores
que também havia criticado.
A nota foi divulgada depois da
repercussão negativa das críticas
de Dirceu. Os governadores tucanos Aécio Neves (MG) e Geraldo
Alckmin (SP) se manifestaram,
mas Dirceu foi duramente criticado principalmente no Senado.
As críticas do ministro foram
feitas ao jornal "O Globo". Dirceu
criticou governadores, senadores
tucanos e o Ministério Público Federal, que, segundo Dirceu, "vem
fazendo violências legais a todo
momento". No entanto, na nota
oficial de sete linhas em que pede
desculpas, Dirceu não se refere
aos senadores ou aos membros
do Ministério Público. Diz a nota:
"Quero de público pedir desculpas aos governadores e governadoras pela forma inadequada
com que tratei as relações entre a
União e os Estados em conversa
com o jornalista Merval Pereira,
de "O Globo". Reitero meus agradecimentos pela forma respeitosa
e democrática com que os governadores e governadoras se relacionam com a Casa Civil da Presidência da República até este momento. Espero dar tudo de mim
para manter essa relação no mais
alto nível exigido pela nação".
Dirceu afirmou ao jornal carioca que Alckmin e Aécio tiveram
um comportamento equilibrado
em relação ao governo, apesar de
serem peças chave do PSDB, o
principal partido de oposição ao
Planalto. Mas, segundo Dirceu,
esse comportamento foi motivado apenas pela dependência que
os Estados têm em relação ao governo federal. "Não podiam ter
outro comportamento, governador de Estado hoje sem o governo
federal não agüenta um mês".
Depois de criticar o senador
Tasso Jereissati (PSDB-CE), a
quem chamou de "fraco", Dirceu
disse que o PT não poderia se
aproximar do PSDB. "Não existe
essa coisa de se aproximar do
PSDB. Se aproximar do PSDB é
aceitar que somos ineficientes,
[que] não temos governabilidade,
[que] o país está sem projeto."
Os senadores Tasso Jereissati
(PSDB-CE) e Arthur Virgílio
(PSDB-AM), da tribuna do Senado, atacaram Dirceu.
As críticas de Dirceu atropelaram o objetivo do Palácio do Planalto de, ainda nessa semana, começar a enterrar a crise política.
Na segunda-feira, em reunião no
Palácio do Alvorada, Lula pediu
unidade aos membros do governo para evitar justamente discussões desnecessárias.
(GABRIELA ATHIAS)
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