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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ CPI DOS BINGOS
Governo rearticula apoio na comissão, que há um mês não aprova requerimentos polêmicos
Ofensiva do Planalto barra trabalhos da oposição na CPI
ADRIANO CEOLIN
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto desencadeou ofensiva política e jurídica
para enfrentar a oposição na CPI
dos Bingos. Nas últimas semanas,
rearticulou sua base de apoio na
comissão e impediu a oposição de
aprovar requerimentos. Nos bastidores, o Planalto vem estimulando depoentes a recorrer à Justiça sempre que julgarem que serão usados para atingir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por falta de segurança nas aprovações, há mais de um mês o presidente da comissão, Efraim Morais (PFL-PB), não realiza votações de requerimentos polêmicos
como a nova quebra de sigilo de
Paulo Okamotto ou a convocação
do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso.
Em reunião com auxiliares, Lula
disse que a CPI dos Bingos é hoje a
principal batalha que o governo
tem de travar contra a oposição.
Daí as manobras política e jurídica para tentar interromper as derrotas freqüentes na CPI.
A última derrota dos governistas na comissão ocorreu em 15 de
março, quando foi aprovada a
acareação entre Okamotto e o
economista e ex-militante petista
Paulo de Tarso Venceslau. Essa
foi também a última reunião administrativa da CPI usada apenas
para a apreciação de requerimentos para convocações, quebras de
sigilo ou informações.
Uma mostra da diminuição do
poder de força da oposição na então temida "CPI do Fim do Mundo" deu-se com clareza na última
semana, quando a comissão ficou
dois dias sem se reunir-terça e
quarta-feira. Na quinta-feira, os
senadores ouviram o depoimento
do advogado Roberto Teixeira,
compadre do presidente Lula.
Teixeira recorreu à Justiça para
manter o direito de se calar caso
julgasse que poderia dar uma resposta que o prejudicasse.
Antes do depoimento, os senadores só conseguiram votar alguns requerimentos porque foi
costurado um acordo entre o presidente da CPI e o senador Tião
Viana (PT-AC), articulador do
governo na comissão.
Foi aprovada por unanimidade
a quebra do sigilo do telefone fixo
da "casa do lobby", a qual o ex-ministro Antonio Palocci foi acusado de freqüentar.
"Todos os requerimentos foram
acordados com o Tião [Viana]",
disse a senadora Ideli Salvatti, líder do PT no Senado. "Já haviam
quebrado os sigilos telefônicos
das pessoas que freqüentaram a
casa. Portanto, não tinha sentido
brigarmos por pouco."
Consenso
E as negociações partiram do
presidente da CPI. No início da
semana, ele defendeu a necessidade de se buscar consenso para
aprovar requerimentos. Efraim
argumentou que a medida é necessária, pois ele pretende encerrar a CPI no fim de maio, um mês
antes do prazo final marcado para
24 de junho.
A antecipação do término da
comissão agrada aos governistas,
já que a oposição ameaçava prorrogá-la até outubro e usá-la para
atacar o presidente Lula até a véspera da eleição.
O presidente da CPI dos Bingos
decidiu que só vota requerimentos polêmicos se tiver garantia de
vitória. Como o governo tem convencido os senadores da base a
marcarem presença nas sessões,
isso tem sido inviabilizado.
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