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FOLIADUTO
Bandas contratadas pelo governo do Estado para o Carnaval não receberam nem se apresentaram, mas o dinheiro foi gasto
Show fantasma consome R$ 1,25 mi no RN
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NATAL
O governo do Rio Grande do
Norte investiu no Carnaval deste
ano R$ 1,25 milhão na contratação de bandas para animar 15
municípios do Estado. O dinheiro
foi pago, mas as bandas nunca se
apresentaram. Não receberam
nem foram contratadas, segundo
o Ministério Público do Estado.
O promotor Fernando Vasconcelos constatou fraude, apelidada
de "foliaduto". "Houve apropriação indevida de recursos públicos. Foram emitidas notas fiscais,
mas as próprias bandas negam ter
estado nos locais e ter recebido
qualquer quantia. Pessoas dos
municípios onde deveriam ter
acontecido as apresentações afirmam que não houve nada, foram
shows fantasmas."
Foram contratadas 30 bandas
de axé music e forró, com cachês
que variavam de R$ 39 mil a
R$ 130 mil. Uma delas, a Jammil e
Uma Noites, enviou ofício ao Ministério Público negando ter recebido por shows que não aconteceram. Outra é a Banda Beijo, que
teria recebido R$ 53 mil, mas deixou de existir em 2002.
Por causa das investigações, um
assessor muito próximo a governadora Wilma de Faria (PSB), Ítalo Gurgel, citado em depoimentos
como um dos responsáveis pela
contratação da empresa FC Produções e Eventos para a realização dos shows, foi afastado.
Gurgel trabalhava há 20 anos
com a governadora. Também foram demitidos dois funcionários
da Fundação José Augusto, ligada
ao governo e responsável pelos
repasses financeiros à empresa.
Criada em dezembro de 2005, a
FC Produções e Eventos foi contratada com dispensa de licitação
pela Fundação José Augusto para
organizar apresentações musicais
no Carnaval deste ano.
A empresa emitiu notas fiscais
comprovando a realização dos
shows. Funcionários da fundação
atestaram tudo, como se as apresentações tivessem acontecido.
O presidente da fundação, François Silvestre, pediu exoneração
do cargo por "motivos pessoais".
Afirmou ao Ministério Público
não ter participado do processo
de contratação da FC Produções.
Disse não saber da fraude.
A responsabilidade pela contratação e pelos pagamentos ficou
com o diretor-administrativo da
entidade, José Antônio Pinheiro,
e com o financeiro, Haroldo Menezes. Os dois foram demitidos.
A oposição no Estado suspeita
que o dinheiro desviado abasteceu o caixa dois da campanha de
reeleição da governadora, que nega as acusações.
Colaborou ANDRÉA MICHAEL, da Sucursal de Brasília
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