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Lula bate recorde e gasta mais de R$ 1 bilhão em publicidade
Valor representa soma de despesas da administração direta e indireta em 2006
Ministro Franklin Martins (Secom) diz que os números "refletem uma presença forte das estatais" que têm de competir no mercado
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva bateu seu próprio recorde e os gastos com propaganda estatal federal passaram
de R$ 1 bilhão pela primeira vez
na história do Brasil em 2006.
O valor consumido pelos órgãos da administração direta e
indireta sob o comando do PT
chegou a R$ 1.015.773.838.
Essa soma é divulgada pelo
governo federal para o setor de
publicidade estatal. A contabilidade unificada começou em
1998. Para períodos anteriores
não há cifras disponíveis.
Segundo o ministro Franklin
Martins (Secretaria de Comunicação Social), os números da
publicidade "refletem uma presença forte das estatais, pois estão entre as maiores do Brasil e
precisam competir no mercado". A Secom deve divulgar todos os dados referentes a 2006
nesta semana, na internet
(www.planalto.gov.br).
As tabelas mostrarão que,
nos anos (para os quais há dados disponíveis) em que Fernando Henrique esteve no Palácio do Planalto, o maior gasto
do tucano se deu em 2001, com
um investimento de R$ 953,7
milhões -a Secom corrigiu essa cifra pelo IGPM, da Fundação Getulio Vargas.
Sob FHC, os valores sobem e
descem de um ano para o outro. Com a chegada de Lula ao
Planalto, os valores não param
de subir. No seu primeiro ano,
em 2003, o petista foi modesto.
Investiu R$ 667,6 milhões, menos do que em todos os anos
anteriores com FHC. Os gastos
subiram para R$ 956,1 milhões
em 2004. No ano seguinte,
quando estourou o esquema do
mensalão, o governo usou R$
963 milhões em propaganda.
Para chegar ao recorde de R$
1,015 bilhão no ano passado,
Lula teve de fazer gastos concentrados no primeiro semestre e nos últimos dois meses do
ano passado -pois durante a
fase eleitoral há restrições legais à publicidade estatal. É raro um político aumentar seus
investimentos publicitários
oficiais em anos de eleição.
Valor total é maior
Não é possível saber de maneira completa quanto o governo gasta com propaganda. As
cifras divulgadas não incluem o
dinheiro usado em publicidade
legal (editais e balanços). Também não são conhecidos os custos de produção dos comerciais
(pagos à parte para as agências). Além disso, o principal
buraco negro na área de marketing estatal são os patrocínios.
A Folha apurou que em
2006 a publicidade legal ficou
em torno de R$ 90 milhões para o erário. O custo de produção gira em torno de 20% do
total pago pela veiculação dos
anúncios. Nesse caso, seriam
mais aproximadamente R$
203 milhões. A conta publicitária de Lula sobe, dessa forma,
para R$ 1,308 bilhão em 2006.
Mas fica ainda faltando o valor dos patrocínios -financiamentos que vão para bandinhas do interior até a equipes
nacionais de vôlei e outros esportes olímpicos. Todas essas
ações têm também um caráter
propagandístico. A Folha ouviu no governo, em caráter reservado, estimativas díspares a
respeito do patrocínio federal
-de R$ 300 milhões até R$ 1
bilhão por ano. O governo se
recusa a fornecer esses dados.
A razão para não abrir as informações é que os dados seriam vitais para o funcionamento de estatais que concorrem com a iniciativa privada,
como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Os bancos concorrentes também não
revelam gastos com patrocínio.
As estatais federais são historicamente responsáveis pela
maior parte das verbas federais
de publicidade. No ano passado, as empresas do governo que
disputam o mercado com a iniciativa privada consumiram R$
775,2 milhões -76,3% da verba
lulista total em propaganda.
Esse percentual também é
outro recorde de Lula. Nos
anos FHC, as estatais chegaram a responder por, no máximo, 65,4% do valor gasto em
publicidade (em 1999).
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