São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Muito vivo

Enquanto todos se impressionavam com a movimentação frenética de Aécio Neves, em contraste com a imobilidade de José Serra, este apadrinhou um lance -o apoio do PMDB à reeleição de Gilberto Kassab (DEM)- que deixou perplexos seus adversários internos e externos, com reflexos sobre 2008 e 2010.
De imediato, a aliança retira o oxigênio da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), que agora terá de disputar com Marta Suplicy (PT), em condições desfavoráveis, o apoio de partidos do bloquinho (PSB, PC do B e PDT). No longo prazo, o acordo sepulta a idéia de que o PMDB teria apenas duas opções na sucessão presidencial: o candidato de Lula ou Aécio, com quem vem flertando. Um novo romance está no ar.



Pólo. Pelo acerto fechado com Kassab, Orestes Quércia, candidato ao Senado, estará automaticamente no barco de Serra. Mas até adversários reconhecem que a aliança tem potencial para atrair em 2010 outras lideranças do PMDB, como Roberto Requião (PR) e Jarbas Vasconcelos (PE).

Help! Alckmistas esperam a ajuda de Aécio, desde sempre o maior entusiasta da candidatura, para obter o apoio do bloquinho. Resta saber se o governador mineiro, que já esticou ao limite o enfrentamento com Serra em São Paulo, tem condições de continuar bancando a aposta.

Laboratório. Enquanto seus aliados se descabelavam ontem, Alckmin voltou todo zen de dois dias de imersão em Curitiba, onde foi estudar os projetos de transporte do correligionário Beto Richa.

Com quem será? Para compor com Marta, o PR pede coligação na chapa de vereadores. O PT ainda não deu sua resposta, mas avalia que fechará com o ex-PL. Na prefeitura, porém, há convicção de que o partido irá de Kassab.

Inflação. Agora que o PMDB se foi, o presidente da Câmara paulistana, Antonio Carlos Rodrigues, tenta aumentar o cacife do PR. Cita Marcos Cintra e Aurélio Miguel como "nomes para a vice" da ministra do Turismo.

Pedreira. O apoio do PSB a Marta só será viável, apostam membros do bloquinho, com intervenção da cúpula nacional, notadamente do governador Eduardo Campos (PE). Na capital, a sigla de Luiza Erundina não tem afinidade com o PT. O presidente estadual, Márcio França, só não está com o velho amigo Geraldo Alckmin porque perderia cargos na máquina federal.

Romaria. Na multidão que foi ao Supremo para a concorrida posse de Gilmar Mendes destacavam-se os principais advogados dos réus do mensalão. Eles ocupavam um bom pedaço da fila de cumprimentos ao novo presidente do tribunal, a quem caberá conduzir a fase final do processo.

A favor. Fernando Haddad (Educação) mostrou a Lula o bilhete que recebeu de um grande empresário no fórum de Comandatuba: "Ministro, ou estou muito enganado ou estou na contramão de meus ex-colegas de representação, já que sua proposta quanto aos "Ss" é engenhosa e tem sentido". O projeto do governo destina recursos do Sistema S para a formação técnica de alunos da rede pública.

Adega. As primeiras análises com a comparação de gastos sigilosos de Lula e FHC levaram o deputado Vic Pires (DEM-PA) a concluir que em um quesito o petista é bem mais comedido que seu antecessor: o consumo de vinhos. A maioria das compras do atual presidente foi feita em vinícolas nacionais.

Veja bem. Os vereadores petistas Paulo Fiorilo e Zelão reafirmam sua posição contrária às AMAs de Kassab. Fiorilo diz que solicitou uma unidade a pedido de uma associação de bairro. Zelão diz que, no comando da Comissão de Saúde, luta pelo atendimento em regiões carentes.

Tiroteio

Depois de tanta condescendência do Brasil com o Paraguai, espero que a Argentina não peça uma votação sobre quem é o maior jogador da história. O Celso Amorim votaria no Maradona.

Do deputado federal EDUARDO SCIARRA (DEM-PR) sobre o ministro das Relações Exteriores, que admite rever o preço da tarifa paga ao Paraguai pela utilização da energia de Itaipu.

Contraponto

Mansão assombrada

Em visita realizada anteontem ao Tribunal de Contas da União para examinar documentos referentes a despesas sigilosas da Presidência feitas durante os governos FHC e Lula, deputados da CPI dos Cartões foram recebidos no Salão Nobre do TCU, forrado de tapetes bordô e ornado com fotos de ex-presidentes do órgão.
-Fiquem à vontade. Vocês podem trabalhar aqui até as dez da noite-, disse um auditor, todo solícito.
-Não se preocupe, pois assim que anoitecer eu vou embora. Não quero saber de nenhuma dessas almas penadas atrás de mim-, atalhou Vic Pires (DEM-PA).
Os auditores, sempre sérios, caíram na gargalhada.


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