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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Onde pega
Assim como resistiram à tentação de responder aos
tiros de despedida disparados por Ciro Gomes, os petistas não viram conveniência em socorrer o deputado do PSB quando este, na tarde de ontem, procurou
recuar da entrevista dada ao site iG.
O comando da campanha de Dilma Rousseff parte
do pressuposto de que Ciro disse mesmo o que está
publicado, e considera que quase tudo está "no preço": a amargura para com Lula, os xingamentos ao
PMDB etc. A exceção, reconhecem alguns petistas
muito a contragosto, foi o trecho no qual o ex-candidato afirmou que José Serra (PSDB) é "mais preparado, mais legítimo, mais capaz" do que a ex-ministra.
Sem saída. De um petista
envolvido na campanha de
Dilma, sobre o esperneio de
Ciro: "Ele vai fazer mais o
quê? Do lado de lá não há refúgio possível para ele".
Bico calado. Do lado de lá,
excetuadas as manifestações
de um ou outro tucano mais
assanhado, a ordem é não comentar, seja para não dar a
ideia de oportunismo, seja
porque ninguém pode prever
o que Ciro dirá em seguida.
Em resumo 1. As três
apostas erradas de Ciro foram, em ordem cronológica:
a) esperar o apoio dos demais
partidos do finado "bloquinho"; b) acreditar que subiria
nas pesquisas a ponto de se
tornar mais conveniente do
que Dilma para Lula; c) contar
com a desistência de Serra, o
que lhe permitiria fazer um
"bem bolado" com Aécio.
Em resumo 2. O erro fatal, porém, foi cair na conversa de Lula e transferir o domicílio eleitoral para São Paulo.
Sem refresco. E continua
o tormento da família Gomes.
O PT não vai abrir abrir mão
de lançar José Pimentel ao
Senado. O governador Cid
Gomes (PSB), irmão de Ciro e
candidato à reeleição, planejava entrar em campo com
Eunício Oliveira (PMDB) e
Tasso Jereissati (PSDB).
Reflexos. Com a candidatura ao governo de SP fragilizada pela retirada de Ciro, Paulo
Skaf (PSB) voltou a ser mencionado como possível vice de
Aloizio Mercadante (PT).
Skaf jura que não topa.
Como Ciro. Aliados do presidente da Fiesp ainda alegam
que ele seria importante para
"forçar o segundo turno",
diante do favoritismo de Geraldo Alckmin (PSDB). Mas,
se Skaf não tiver nem mesmo
o PP a seu lado, é improvável
que sobreviva na disputa.
Molecada. Pouco antes de
transmitir a presidência do
STF a Cezar Peluso, Gilmar
Mendes entrou na sala reservada aos ministros e aos convidados mais ilustres sorrindo de orelha a orelha. Diante
da curiosidade geral, mostrou
que segurava, sob a toga de gala, uma camisa autografada
por todo o time do Santos, do
qual é torcedor fervoroso.
Toga justa. Cerca de uma
hora antes da cerimônia, como de costume, os ministros
foram chegando para fazer a
foto oficial com o novo presidente ao centro. Mas Ricardo
Lewandovski se atrasou tanto
que o grupo achou melhor
deixar o ritual para mais tarde, pois Lula já estava na área.
Lição. Enquanto o presidente da OAB discursava na posse
de Peluso, José Serra aproveitava para ler o texto "Considerações a respeito dos debates
eleitorais na legislação".
Segundo tempo. Um dia
depois de o procurador-geral
da República afirmar que a
greve dos professores de São
Paulo caracterizou campanha
eleitoral contra Serra, a
Apeoesp colocou banner em
seu site anunciando: "Nossa
mobilização continua, dia 7 de
maio na Praça da República".
Cenário. Em Mato Grosso
do Sul, o Ibope aponta o governador André Puccinelli
(PMDB), candidato à reeleição, com 54%, e Zeca do PT
com 36%. A sondagem foi feita entre 8 e 14 de abril.
com SILVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS
Tiroteio
"Ciro cumpriu seu papel: segurou a subida
do Serra, manteve a intriga dele com o Aécio
e, agora que a Dilma aparece estacionada,
produziu um fato bom para ela."
De MÁRCIO FRANÇA, presidente da seção paulista do PSB,
sobre a barulhenta retirada de Ciro Gomes da disputa presidencial.
Contraponto
A profecia
Nos trabalhos da Constituição de 1988, Sigmaringa Seixas (PT-DF) relatou o capítulo relativo à autonomia do
Distrito Federal. Diante do texto, que garantia à capital o
direito de eleger governador e deputados, Carlos Sant'anna (PMDB-BA) achou por bem alertar o colega:
-Nós vamos aprovar o seu relatório, mas um dia você
vai se arrepender profundamente do que fez.
O escândalo do mensalão candango, que derrubou José
Roberto Arruda e seu vice, fez com que ex-colegas de
Constituinte relembrassem a cena de mais de duas décadas atrás, levando Sigmaringa a comentar:
-São os fatos... mas continuo a favor de eleições no DF!
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