São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Para presidente da CNBB, "políticos estão usando medo das pessoas, como a situação da Argentina", para vencer

D. Jayme faz crítica à "política do medo"

RAQUEL LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois dias depois da divulgação de uma entrevista do presidente Fernando Henrique Cardoso à ASN (Agência Sebrae de Notícias) em que ele afirmou que o Brasil corre o risco de virar uma Argentina se os próximos governantes forem incompetentes, a CNBB criticou o que caracterizou de "a política do medo".
"Os políticos estão usando o medo das pessoas, como a situação da Argentina e a violência, para conseguir apoio e ganhar as eleições", disse ontem o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Jayme Henrique Chemello. Os 50 anos da entidade foram homenageados ontem no Senado.
O presidente da CNBB também criticou as posições do mercado financeiro sobre as consequências de uma possível vitória do pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. "Não sei se há essa intenção, mas talvez haja um terrorismo do mercado nesse aspecto."
Chemello afirmou que ainda não é possível fazer um diagnóstico da corrida eleitoral, mas que os pré-candidatos "estão com receio de firmar posições".
Disse também que a formalização da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) pode ser "um desastre" para o Brasil. "Isso vai acontecer se pensarmos a Alca apenas como um livre comércio. Dessa forma, quem tem mais ganha mais." Para d. Jayme, o modelo ideal segue a linha da União Européia. "É preciso formar uma comunidade de nações."
As declarações de d. Jayme foram feitas durante anúncio da campanha contra a fome e a miséria e divulgação do documento sobre o assunto, aprovado por unanimidade na 40ª Assembléia Geral, em abril passado.
Em seguida, o presidente da CNBB se encontrou com FHC no Palácio do Planalto, onde conversaram sobre a fome, a canonização de madre Paulina, a presença dos brasileiros em Roma e a saúde do papa João Paulo 2º. O presidente ganhou da CNBB um livro sobre as eleições.

Católicos
D. Jayme afirmou que o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) não conseguiu fazer um levantamento adequado sobre a opção religiosa dos brasileiros, ao comentar os dados do instituto sobre o aumento de evangélicos no Brasil.
"[A pesquisa] apenas ajudou a perceber a identidade de cada um, mas não quer dizer que pertençam a tal igreja", afirmou.
De acordo com o presidente da CNBB, se for levado em conta o número de fiéis "praticantes", o número de católicos no Brasil não ultrapassa 30% da população. O Censo 2000 apontou que 73,8% da população é católica.


Colaborou LEILA SUWWAN, da Sucursal de Brasília



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