|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUMO ÀS ELEIÇÕES
Para presidente da CNBB, "políticos estão usando medo das pessoas, como a situação da Argentina", para vencer
D. Jayme faz crítica à "política do medo"
RAQUEL LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois dias depois da divulgação
de uma entrevista do presidente
Fernando Henrique Cardoso à
ASN (Agência Sebrae de Notícias)
em que ele afirmou que o Brasil
corre o risco de virar uma Argentina se os próximos governantes
forem incompetentes, a CNBB
criticou o que caracterizou de "a
política do medo".
"Os políticos estão usando o
medo das pessoas, como a situação da Argentina e a violência, para conseguir apoio e ganhar as
eleições", disse ontem o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Jayme
Henrique Chemello. Os 50 anos
da entidade foram homenageados ontem no Senado.
O presidente da CNBB também
criticou as posições do mercado
financeiro sobre as consequências
de uma possível vitória do pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula
da Silva. "Não sei se há essa intenção, mas talvez haja um terrorismo do mercado nesse aspecto."
Chemello afirmou que ainda
não é possível fazer um diagnóstico da corrida eleitoral, mas que os
pré-candidatos "estão com receio
de firmar posições".
Disse também que a formalização da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) pode ser "um desastre" para o Brasil. "Isso
vai acontecer se pensarmos a Alca
apenas como um livre comércio.
Dessa forma, quem tem mais ganha mais." Para d. Jayme, o modelo ideal segue a linha da União
Européia. "É preciso formar uma
comunidade de nações."
As declarações de d. Jayme foram feitas durante anúncio da
campanha contra a fome e a miséria e divulgação do documento
sobre o assunto, aprovado por
unanimidade na 40ª Assembléia
Geral, em abril passado.
Em seguida, o presidente da
CNBB se encontrou com FHC no
Palácio do Planalto, onde conversaram sobre a fome, a canonização de madre Paulina, a presença
dos brasileiros em Roma e a saúde
do papa João Paulo 2º. O presidente ganhou da CNBB um livro
sobre as eleições.
Católicos
D. Jayme afirmou que o IBGE
(Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) não conseguiu fazer um levantamento
adequado sobre a opção religiosa
dos brasileiros, ao comentar os
dados do instituto sobre o aumento de evangélicos no Brasil.
"[A pesquisa] apenas ajudou a
perceber a identidade de cada um,
mas não quer dizer que pertençam a tal igreja", afirmou.
De acordo com o presidente da
CNBB, se for levado em conta o
número de fiéis "praticantes", o
número de católicos no Brasil não
ultrapassa 30% da população. O
Censo 2000 apontou que 73,8%
da população é católica.
Colaborou LEILA SUWWAN, da Sucursal
de Brasília
Texto Anterior: Justiça autoriza revista a publicar reportagem Próximo Texto: Janio de Freitas: A escolha Índice
|