|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para Suplicy, Bastos deve explicar encontro
Caio Guatelli/Folha Imagem
|
Eduardo Suplicy deixa a Fundação Getúlio Vargas, onde dá aula |
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Fator de irritação da cúpula
do PT por seus sucessivos questionamentos, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), agora, quer
explicações detalhadas sobre o
encontro do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos,
com o dono do banco Opportunity, Daniel Dantas.
Antes, ele assinou o requerimento de criação da CPI dos
Correios, foi a favor da convocação do caseiro Francenildo
Costa na CPI dos Bingos e mandou há duas semanas carta ao
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em que sugere o comparecimento dele ao Congresso para falar sobre a crise política e
atual conjuntura.
Ontem, no entanto, ele votou
contra a convocação de Dantas
pela CPI dos Bingos. A seguir,
trechos da entrevista:
FOLHA - Qual sua opinião sobre o
encontro entre Daniel Dantas e o
ministro Márcio Thomaz Bastos?
EDUARDO SUPLICY - Liguei para o
senador Heráclito Fortes
(PFL-PI), porque a reunião foi
na casa dele. O assunto Daniel
Dantas foi objeto de perguntas
e questionamentos na CPI dos
Correios. Sinceramente, não
estou persuadido de que há necessidade de outra CPI. São informações frágeis [denúncias
sobre supostas contas de petistas no exterior]. Sobre o encontro, eu próprio avalio que seja
melhor que tenhamos as informações completas. O senador
Heráclito me disse que faz
questão de contar o que ocorreu na casa dele. Pode haver
reuniões na casa de senadores.
Agora, o importante é que as
partes envolvidas esclareçam o
que foi conversado e, se é do interesse público, que os presentes dêem transparência total ao
conteúdo.
FOLHA - Ao longo da crise,o sr. pensou em deixar o PT?
SUPLICY - Não. Sou a favor da fidelidade partidária. Não teria
vontade nenhuma de deixar o
PT ao longo do meu mandato.
Prefiro continuar a batalhar
para que o PT seja o partido cujos objetivos e metas maiores
sempre me entusiasmaram: a
luta pela democracia, por ética
na política e por realização de
justiça em nosso país. Uma das
razões pelas quais eu sou do PT
é porque eu gosto muito de desvendar a verdade. É humano. É
um princípio de vida.
FOLHA - O que levou o PT a cometer desvios éticos?
SUPLICY - Uma das razões é que
alguns viram que, uma vez obtida a Presidência, era preciso assegurá-la por todos os meios.
FOLHA - O presidente Lula já perdeu a paciência com o sr.?
SUPLICY - Em alguns momentos
eu sei que sim. Mas, em ele me
dando a oportunidade de explicar olho no olho o que eu tenho
feito, tenho a convicção de que,
como amigo, ele vai respeitar.
FOLHA - Com a crise em São Paulo,
segurança pública será um dos principais assuntos da campanha. Como
o sr. analisa o ocorrido e quais bandeiras defenderá?
SUPLICY - Na minha avaliação, é
muito importante que percebamos que todos somos responsáveis pelo que aconteceu. Precisamos ter espírito suprapartidário e de cooperação das autoridades estaduais, municipais e da União para resolver os
problemas. Na segunda-feira
passada eu liguei para o governador Cláudio Lembo e expressei minha solidariedade e me
coloquei à disposição para trocarmos idéias sobre o episódio.
Eu pretendo dar muito mais
ênfase à resolução das raízes
que causam tanta violência,
com os programas que defendo
da renda básica de cidadania,
do que dar tanta ênfase a se aumentar de um para três anos o
isolamento dos presos. Eu temo um pouco por esses excessos de isolamento dos detentos
porque eu fico pensando se não
poderão levá-los a se tornar
piores, senão à loucura. Vou dedicar meu tempo defendendo a
reforma agrária, expansão do
microcrédito e passagem gradual do Bolsa-Família para a
Renda Básica de Cidadania.
Texto Anterior: Base do governo manobra e evita ida de Dantas a CPI Próximo Texto: Frase Índice
|