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ESCÂNDALO DO MENSALÃO / GUERRA DAS TELES
Delúbio confirma reunião com Dantas, mas nega propina
Segundo ex-tesoureiro, encontro tratou sobre restrições do
PT ao Opportunity e aconteceu a pedido de Marcos Valério
Ex-petista não assinou o
termo de só dizer a verdade
à CPI e provocou riso quando
declarou desconhecer como
se dava o caixa dois da sigla
MARTA SALOMON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-tesoureiro petista Delúbio Soares negou ontem, durante depoimento à CPI dos
Bingos, ter pedido ou recebido
dinheiro do Opportunity, mas
admitiu que se encontrou com
Daniel Dantas, dono do banco.
Numa das raras novidades
em relação às três vindas anteriores ao Congresso, Delúbio
confirmou ter participado de
uma reunião no início da tarde
de 22 de julho de 2003 com o
banqueiro Daniel Dantas e seu
então sócio no Opportunity,
Carlos Rodenburg, junto com
Marcos Valério, um dos pivôs
do escândalo do mensalão.
A reunião no hotel Blue Tree,
em Brasília, foi anotada na
agenda de Karina Somaggio,
ex-secretária de Valério. Teria
ocorrido na seqüência de outra
reunião na sede do PT, entre
Valério e Delúbio.
Segundo o ex-tesoureiro, a
reunião teria acontecido a pedido de Marcos Valério. "O
conteúdo foi que o Partido dos
Trabalhadores não gostava do
Opportunity. Eu não disse que
gostava nem que não gostava, o
PT não tinha nenhuma restrição", contou. "E o pedido de dinheiro?", questionou o senador
Álvaro Dias (PSDB-PR). "Não
solicitei, nunca houve pedido
de recursos para o PT", declarou Delúbio. "Conversei com
muitos empresários. Não tem
ninguém que diga que eu pedi
dinheiro", afirmou adiante.
Uma versão bem diferente
foi apresentada por Carlos Rodenburg. O ex-sócio de Dantas
afirmou ter sido procurado por
Delúbio com a cobrança de algo
entre US$ 40 e US$ 50 milhões.
Negativas
Durante mais de quatro horas de depoimento, Delúbio
voltou a poupar o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, insistiu em que era o único responsável pelas finanças do PT e
chegou a provocar risos ao afirmar desconhecer como funcionava o caixa dois dos partidos.
No começo da sessão, o ex-tesoureiro se recusou a assinar
o termo em que se comprometeria a só dizer a verdade.
Orientado pelo advogado César Vilardi, que se disse pago
pelo PT, Delúbio não colaborou
com as investigações, na opinião do relator Garibaldi Alves
(PMDB-RN). "Eu tenho de botar um ponto final nisso. Ninguém fala mais nada", reclamou o senador.
Delúbio Soares também negou ter recebido ou tomado conhecimento de doação feita por
empresários de jogos de bingos
à campanha de Lula em troca
de regulamentação da atividade. O advogado Rogério Buratti, ex-assessor do ex-ministro
Antonio Palocci (Fazenda),
afirmou à CPI e ao Ministério
Público que a campanha do
presidente teria recebido R$ 1
milhão de bingueiros.
"Nunca tive relacionamento
com pessoas ligadas a jogos.
Nunca entrei em casa de bingo.
Nem em quermesse eu jogava
bingo. Nunca recebi recursos
de bingos. Não conheço o assunto, não conheço ninguém.
Me declaro incompetente",
afirmou Delúbio sobre o tema
que deu origem às investigações da CPI.
Uma das expressões mais repetidas por Delúbio Soares foi
"eu não tenho conhecimento".
Aplicou a fórmula, por exemplo, ao responder sobre supostos negócios do publicitário
Marcos Valério para arrecadar
R$ 1 bilhão. A operação foi
mencionada pelo ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira.
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