São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2006

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PF prende suspeitos de golpe em Itaipu

Quadrilha é acusada de pedir propina para assessorar empresas na cobrança de dívidas não-reconhecidas por estatais

Eletronorte, Eletrosul e Furnas também eram alvos; entre os presos está assessor de senador, mas PF não vê indícios contra congressista

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma investigação de dez meses coordenada pela superintendência da Polícia Federal no Paraná resultou na prisão, ontem, de seis pessoas suspeitas de participar de um golpe contábil contra a Itaipu Binacional e outras três companhias hidrelétricas brasileiras.
Tido como chefe do esquema, o ex-funcionário da Itaipu Laércio Pedroso foi preso no aeroporto de Curitiba.
O golpe consistia em assessorar fornecedores e prestadores de serviço das hidrelétricas na cobrança de restos a pagar que elas não reconheciam. Furnas, Eletrosul e Eletronorte também foram alvo do esquema.
Em janeiro, Pedroso denunciou à revista ""IstoÉ" um esquema de caixa dois na binacional, ainda não provado. Ele foi preso quando embarcaria para Brasília, onde prestaria depoimento hoje sobre irregularidades em Itaipu à Comissão de Assuntos Externos da Câmara.
Em Brasília, os agentes prenderam pela manhã José Roberto Paquier, assessor comissionado do senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Nas escutas feitas pela PF, o assessor foi flagrado oferecendo o nome de uma empresa de consultoria à multinacional de equipamentos de hidrelétricas Alstom. O contrato serviria para mascarar uma operação na qual Paquier atuaria para liberar pagamentos da Eletronorte à Alstom, em troca de propina à ""consultoria".
Segundo a PF, os diálogos configuram crime de corrupção -para isso, basta apenas o pedido do dinheiro, independentemente do pagamento.

Sem indícios
O superintendente da PF do Paraná, Jaber Makul Hanna Saadi, disse que não há nenhum indício envolvendo o senador no esquema. O superintendente também disse que haverá escolta de Pedroso a Brasília para o depoimento de hoje.
O delegado-chefe da operação, Fernando Francischini, disse que Pedroso está colaborando com as investigações.
Em São Paulo foram presos o engenheiro da Alstom Osvaldo Panzarini, o diretor da transportadora Della Volpi José Della Volpi e o funcionário da transportadora Luís Carlos Dias da Silveira Franco.
Em Curitiba, também foi preso o sócio de Pedroso, Luís Carlos Dias Costa. Escutas telefônicas apontaram participação direta ou indireta dessas pessoas no esquema.
Batizada de ""Castores", a operação da PF cumpriu ontem 22 mandados de busca e apreensão ao todo, e 6 de 7 pedidos de prisão temporária.
Segundo Saadi, as prisões abortaram o processo de cobrança de R$ 1 milhão, fracionado em 300 cheques, que o grupo apresentaria às elétricas nos próximos dias.


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