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PF prende suspeitos de golpe em Itaipu
Quadrilha é acusada de pedir propina para assessorar empresas na cobrança de dívidas não-reconhecidas por estatais
Eletronorte, Eletrosul e
Furnas também eram alvos;
entre os presos está assessor
de senador, mas PF não vê
indícios contra congressista
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma investigação de dez meses coordenada pela superintendência da Polícia Federal no
Paraná resultou na prisão, ontem, de seis pessoas suspeitas
de participar de um golpe contábil contra a Itaipu Binacional
e outras três companhias hidrelétricas brasileiras.
Tido como chefe do esquema, o ex-funcionário da Itaipu
Laércio Pedroso foi preso no
aeroporto de Curitiba.
O golpe consistia em assessorar fornecedores e prestadores
de serviço das hidrelétricas na
cobrança de restos a pagar que
elas não reconheciam. Furnas,
Eletrosul e Eletronorte também foram alvo do esquema.
Em janeiro, Pedroso denunciou à revista ""IstoÉ" um esquema de caixa dois na binacional, ainda não provado. Ele foi
preso quando embarcaria para
Brasília, onde prestaria depoimento hoje sobre irregularidades em Itaipu à Comissão de
Assuntos Externos da Câmara.
Em Brasília, os agentes prenderam pela manhã José Roberto Paquier, assessor comissionado do senador Valdir Raupp
(PMDB-RO). Nas escutas feitas
pela PF, o assessor foi flagrado
oferecendo o nome de uma empresa de consultoria à multinacional de equipamentos de hidrelétricas Alstom. O contrato
serviria para mascarar uma
operação na qual Paquier atuaria para liberar pagamentos da
Eletronorte à Alstom, em troca
de propina à ""consultoria".
Segundo a PF, os diálogos
configuram crime de corrupção -para isso, basta apenas o
pedido do dinheiro, independentemente do pagamento.
Sem indícios
O superintendente da PF do
Paraná, Jaber Makul Hanna
Saadi, disse que não há nenhum indício envolvendo o senador no esquema. O superintendente também disse que haverá escolta de Pedroso a Brasília para o depoimento de hoje.
O delegado-chefe da operação, Fernando Francischini,
disse que Pedroso está colaborando com as investigações.
Em São Paulo foram presos o
engenheiro da Alstom Osvaldo
Panzarini, o diretor da transportadora Della Volpi José Della Volpi e o funcionário da
transportadora Luís Carlos
Dias da Silveira Franco.
Em Curitiba, também foi
preso o sócio de Pedroso, Luís
Carlos Dias Costa. Escutas telefônicas apontaram participação direta ou indireta dessas
pessoas no esquema.
Batizada de ""Castores", a
operação da PF cumpriu ontem
22 mandados de busca e
apreensão ao todo, e 6 de 7 pedidos de prisão temporária.
Segundo Saadi, as prisões
abortaram o processo de cobrança de R$ 1 milhão, fracionado em 300 cheques, que o
grupo apresentaria às elétricas
nos próximos dias.
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