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Gautama procurou Renan para liberar verbas, diz PF
Segundo a polícia, empresa buscava receber cerca de R$ 40 mi para obra em Alagoas
Grampos mostram que Zuleido Veras mencionou ainda o irmão do senador por conta de emenda que seria direcionada à empresa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Relatórios e gravações telefônicas que compõem a Operação
Navalha levantam a suspeita de
que o presidente do Congresso
Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Assembléia Legislativa de Alagoas, Antonio Albuquerque (DEM), intercederam
para que o governo alagoano liberasse verbas para a Gautama,
empreiteira que encabeçaria o
esquema de fraude em licitações e obras públicas.
Investigações da PF afirmam
que em 2006 a empreiteira
buscava receber cerca de R$ 40
milhões do dinheiro previsto
para construção de barragem
no rio Pratagy que ampliaria o
abastecimento de água da região metropolitana de Maceió.
Como a Secretaria de Fazenda estaria dificultando a liberação de parte do dinheiro, Zuleido Veras, dono da Gautama, e
funcionários teriam iniciado
movimentação nos bastidores
para remover os obstáculos.
"Zuleido, pessoalmente e por
meio de seus funcionários [Fátima, Rosevaldo e Bolivar], procurou de diversas maneiras, especialmente por meio de contatos políticos [deputado Antonio Albuquerque, Teotônio Vilela, Renan Calheiros], contatar Eduardo Henrique Araújo
Ferreira, vulgo "Cheba" (à época, secretário da Fazenda de
Alagoas), bem como servidores
da Secretaria de Infra-Estrutura, para que disponibilizassem
recursos para o pagamento",
diz relatório da PF que resume
informações sobre o episódio.
Segundo a PF, "os contatos
feitos pelo grupo ultrapassaram os limites do mero "lobby'"
já que Zuleido teria autorizado
funcionária subornar, se preciso, o secretário de Fazenda.
Em gravação de um telefonema de Zuleido Veras há menção a uma suposta ligação telefônica de Renan para o governo
de Alagoas com o objetivo de
tratar da liberação das verbas.
Em outros grampos telefônicos, Zuleido e funcionários da
Gautama falam, sem dar detalhes, em uma emenda ao Orçamento da União que teria sido
direcionada a eles pelo deputado federal Olavo Calheiros
(PMDB-AL), irmão de Renan.
Sobre o presidente da Assembléia de Alagoas, o relatório
da PF é mais incisivo: "Rosevaldo [funcionário da Gautama],
valendo-se da relação de amizade com Marcio Fidelson, o
qual tomou posse como secretário de Infra-Estrutura de Alagoas no dia 19/ 6/06, aproximou-se deste para obter benefícios para a organização criminosa. Foram registradas diversas referências a encontros entre Rose [funcionária da Gautama], Marcio e o padrinho político deste, o deputado Antonio
Albuquerque ("Tonho'), bem
como à concordância de Marcio em favorecer a Gautama".
Marcio Fidelson foi preso
sob a acusação de ter recebido
R$ 50 mil de propina ao lado de
outro servidor de Alagoas.
Sobre Teotônio Vilela Filho
(PSDB), hoje governador de
Alagoas e na época senador, os
grampos sugerem que ele pode
ter participado do lobby.
(RANIER BRAGON, MARTA SALOMON, ANDREZA
MATAIS E LEONARDO SOUZA)
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