São Paulo, sábado, 24 de maio de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Posto estratégico

O Conselho de Ética da Câmara, pelo qual passará o caso do cada vez mais enrolado Paulinho da Força (PDT-SP), vive uma disputa interna diretamente relacionada à Operação Santa Tereza da Polícia Federal, que atingiu o deputado. A presidência do órgão, vaga desde a morte de Ricardo Izar (PTB-SP), é reivindicada pelos petebistas para Sérgio Moraes (PTB-RS). Mas uma articulação de bastidores tenta instalar no posto Marcelo Ortiz (PV-SP). Curiosamente, o PV é, depois do PDT de Paulinho, uma das siglas mais expostas pelas descobertas da PF. Escutas telefônicas ligaram os investigados a um assessor, que acabou exonerado, do deputado Roberto Santiago (PV-SP).



Verdes. A lista de cidades paulistas investigadas na Santa Tereza por suspeita de desvio de recursos do BNDES inclui Itu e Itapira, administradas pelo PV. Itapira obteve R$ 1,1 mi para "programa de modernização da administração tributária e da gestão dos setores sociais básicos".

Animador. Na entrevista que encerrou a reunião da Unasul, Celso Amorim se dedicou a puxar palmas para os presidentes à mesa (Lula, Michele Bachelet e Morales). Até que uma hora a platéia não seguiu a iniciativa do chanceler, e ele desistiu da função.

Ingovernável. Hugo Chávez foi o pesadelo da PF durante a cúpula sul-americana. O venezuelano deslocou-se de lá para cá nos horários mais improváveis, sem nenhum aviso prévio de sua segurança.

Testamento 1. Líder do PDT, o senador Jefferson Péres (AM), morto ontem, dedicou-se nos últimos meses a duas causas. A primeira era combater o terceiro mandato. "Essa idéia esdrúxula não vai prosperar. Ela fere um dos fundamentos da democracia", discursou em 16 de abril.

Testamento 2. A outra era criticar a demarcação contínua da reserva Raposa/Serra do Sol. "O governo brasileiro, cedendo à pressão de entidades estrangeiras, cometeu um grave equívoco. Não defendo interesses de proprietários rurais, mas dos caboclos. Há perigo de separatismo no futuro", afirmou em 22 de abril.

Nada feito 1. O PRB nacional conseguiu vetar a ida de Raimundo Varela para o posto de vice de Antonio Imbassahy (PSDB) na eleição em Salvador. O ex-prefeito anuncia hoje aliança com o PPS, que indicará Miguel Kertzman para compor a chapa.

Nada feito 2. O radialista Varela, que apesar do bom desempenho nas pesquisas não tem intenção real de disputar a prefeitura, chegou a chorar no encontro com o presidente nacional do PRB, Vitorio Paulo dos Santos. Em vão. O veto acabou sendo comemorado por adversários de A a Z, que temiam a força da dobradinha Imbassahy-Varela.

Rural 1. Enquanto faz campanha pela presidência da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a senadora Kátia Abreu não descuida da sucessão municipal em Tocantins, um dos poucos Estados onde o DEM mantém densidade. Projeta a eleição de 30 prefeitos.

Rural 2. Em Palmas, Kátia Abreu trabalha para emplacar a deputada "demo" Nilmar Ruiz contra o ex-governador Siqueira Campos (PSDB). Em 2006, ela derrotou o filho de Siqueira para o Senado e ficou ao lado de Marcelo Miranda (PMDB), que se reelegeu governador contra o tucano.

No mapa. Em Genebra, o ministro José Temporão (Saúde) recebeu a notícia de que o Brasil passará a ocupar um dos 36 assentos no Comitê Executivo da OMS. O indicado será o presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Paulo Buss. O Brasil também foi escolhido como sede da próxima Conferência Internacional das Metas do Milênio, em novembro.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

Em vez de recriar a CPMF, por que o governo não propõe instituir um imposto sobre o fundo soberano, já que está sobrando arrecadação?

Do deputado RAFAEL GUERRA (PSDB-MG), em referência à idéia do governo, agora na berlinda, de constituir um fundo para, entre outros objetivos, financiar a expansão de empresas brasileiras no exterior.

Contraponto

Palavra de especialista

O ministro da Justiça, Tarso Genro, despertou reações iradas ao afirmar, durante recente audiência na Câmara, que a recusa dos arrozeiros em sair da reserva Raposa/ Serra do Sol configura "terrorismo", e não "resistência pacífica". Com o dedo em riste, Jair Bolsonaro (PP-RJ), que é militar da reserva, interveio:
-O senhor fala isso porque de terrorismo entende bem!
Outros deputados reagiram e instalou-se um bate-boca até que Fernando Gabeira (PV-RJ), que durante a ditadura militar participou do seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, esfriou o clima ao sentenciar:
-Terrorista não. O ministro era da resistência pacífica.


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