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Não há agricultura sem devastação, diz governador de MT
Para Blairo Maggi, críticos da produção agrícola esquecem
que alimentos não "nascem nas gôndolas do supermercado"
Em discurso em Itaúba (MT),
governador diz que crítica
de ministro Carlos Minc
(Meio Ambiente) é causada
"por desconhecimento"
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
No dia seguinte ao seu encontro com o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), coordenador do PAS (Plano Amazônia Sustentável),
o governador de Mato Grosso,
Blairo Maggi (PR), no último
dia 21, diante de uma platéia
formada por políticos e agricultores de Itaúba (600 km de
Cuiabá), disse que "não se faz
agricultura sem retirar a floresta" e que produtores rurais carregam o estigma de destruidores da natureza, quando, na
verdade, são responsáveis pelos alimentos que chegam às
grandes cidades.
Para Maggi, os críticos do
atual modelo de produção agrícola "se esqueceram" que produtos não nascem nas prateleiras dos supermercados. "Aqueles que vivem nas cidades se esqueceram de onde vem o frango, esqueceram de onde vem a carne. Eles acham que tudo
aquilo nasce pronto lá na gôndola do supermercado. Que o
Danoninho, o iogurte, nasce ali.
Eles já não sabem mais que o
leite tem que sair de uma vaca,
criada em um lugar que já foi
floresta", disse Maggi.
O discurso de Maggi foi gravado e repassado à Folha por
sua assessoria. Em um dos trechos, diz: "Quer seja em Mato
Grosso, São Paulo ou Rio Grande do Sul, não se faz agricultura
ou pecuária sem retirar a floresta. Essa é a grande verdade".
Ainda no discurso, Maggi defendeu que "esse é o momento
da construção de um novo pacto. Daqui para a frente, precisamos tirar esse estigma, esse
preconceito sobre os setores
produtivos. Nós concordamos
com a atual política de não
mais aberturas. Tanto é que a
Sema [Secretaria Estadual de
Meio Ambiente] está sendo rigorosa. Estamos trabalhando
para construir algo diferente,
em harmonia com a natureza, e
retirar da terra o que é necessário para a gente viver."
Maggi reivindicou, ainda, a
construção de uma política "diferenciada" para o Estado, em
relação aos outros integrantes
da Amazônia Legal. Segundo o
governador, a população mato-grossense não é "extrativista".
"Não aceitamos a mesma discussão que se faz para o Acre e
o Amazonas. Nós não nascemos na floresta e não aprendemos a viver nela. Pelo contrário, a grande maioria daqueles
que aqui moram veio de outros
Estados para fazer a vida."
O "povo" de Mato Grosso
"não pensa em destruir. O que
ele pensa e foi ensinado é que
lugar de mato não vale nada,
governo não aparece, não tem
cidade boa para se viver, não
tem estrada. Então a participação dessas pessoas não é a de
destruir, mas de construir uma
vida melhor. Para isso, é preciso usar a natureza."
Sobre as críticas do ministro
Carlos Minc (Meio Ambiente),
Maggi disse considerar que são
motivadas "por desconhecimento" e que tem certeza de
que haverá entendimento. Ontem o governador informou
que não tinha nada a comentar
sobre as declarações porque
elas haviam sido dadas em um
evento público.
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