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Satélite japonês vê mais desmatamento em Mato Grosso do que sistema do Inpe
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Centro de Sensoriamento
Remoto do Ibama detectou,
com a ajuda de um satélite que
não é prejudicado pela presença de nuvens, mais pontos de
desmatamento na Amazônia
do que os verificados pelo sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do
Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais).
As imagens analisadas são
dos meses de dezembro do ano
passado e janeiro deste ano. No
primeiro, foi observado um
acréscimo de pelo menos 165,6
km2 de desmatamento -em 57
áreas diferentes. No segundo,
foram 47,67 km2 a mais de desmate, em 26 áreas. A maior
parte dos pontos está em Mato
Grosso e, alguns, no Pará.
O novo dado traz um acréscimo de 13,48% em área degradada na Amazônia nesse dois meses. O Deter apontava desmate
de 943 km2 em dezembro e de
639 km2 em janeiro.
As imagens utilizadas pelo
Ibama são do satélite Alos (Satélite de Observação Avançada
da Terra), da Jaxa (agência espacial do Japão). Em agosto de
2007, o Ibama havia feito um
acordo com os japoneses para
receber por quatro anos, sem
custo, imagens da Amazônia.
A vantagem deste satélite é
que ele possui um sensor a
mais, de radar, que funciona
como o sistema de sonar de um
morcego. "Ele emite uma energia e pega o retorno dessa energia, como o flash de uma máquina fotográfica. Ele não faz
isso na faixa do visível, mas das
ondas de rádio que atravessam
as nuvens", explica Humberto
Mesquita, chefe do Centro de
Sensoriamento Remoto.
De acordo com Mesquita, o
objetivo é complementar os
dados já existentes. "Nós não
vamos olhar o que o Deter já
mostrou", disse. Até agora, o
CSR analisou duas faixas de
varredura. "Vamos, em breve,
lançar mais quatro faixas. E, futuramente, cobriremos toda a
Amazônia", diz Mesquita.
A área de desmate, entretanto, pode ser maior do que a estimada agora. Segundo Mesquita, as informações se referem a
polígonos (focos de desmate) já
checados em sobrevôos, mas
ainda há polígonos a serem verificados. "Em dezembro, por
exemplo, encontramos 243 polígonos de desmatamento no
total, mas ainda não conseguimos checar todos", afirma.
Os polígonos encontrados
passam a integrar um documento indicativo para fiscalização. Um deles, obtido pela
Folha, mostra uma área degradada em Marcelândia (MT).
Gilberto Câmara, diretor do
Inpe, não comentou os novos
dados. Mas afirmou que o uso
de mais um satélite para observar a Amazônia é "promissor".
Salatiel Araújo, secretário-adjunto de qualidade ambiental do governo de Mato Grosso,
disse que os resultados devem
ser analisados "com cautela",
em função de se tratar de uma
nova tecnologia. "É uma metodologia nova, que ainda não estava plenamente dominada pelos técnicos do Ibama quando a
conheci, em janeiro deste ano.
Se foi de fato dominada, é um
grande avanço, pois iremos ver
a Amazônia inteira", disse.
Colaborou RODRIGO VARGAS , da Agência Folha
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