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SALÁRIO PETISTA
José Alencar, ministros e líderes aliados tiveram atuação direta para garantir aprovação do mínimo de R$ 260
Pressão contorna rebelião de governistas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A atuação direta do vice-presidente José Alencar, de ministros e
de líderes de partidos aliados ontem reduziu dissidências no
PMDB e no PL, observadas na
primeira votação, compensando
novos votos contrários em outros
partidos. No PT, por exemplo, foi
de cinco para nove o número de
deputados contra o governo Lula.
Em 2 de junho, a medida provisória do salário mínimo foi aprovada por 266 a 167 votos, diferença de 99 deputados. Ontem, a diferença foi de cem votos, com
quórum superior -272 votaram
contra os R$ 275, e 172, a favor.
O PL acabou sendo o partido
mais fiel ao Planalto, proporcionalmente, com 40 deputados
(90,9% da bancada) votando a favor dos R$ 260. Só dois votaram
contra. Na primeira votação, quatro apoiaram os R$ 275 e apenas
28 votaram com o governo.
Alencar e o ministro Alfredo
Nascimento (Transportes), do
PL, foram fundamentais nas articulações. Colaboraram ainda cinco deputados de Minas que faltaram à primeira votação.
A principal dor de cabeça do governo ontem, entretanto, era o
PMDB, segundo maior partido da
base aliada. Na primeira votação,
a legenda rachou: 32 contra o governo e 39 a favor. Eunício Oliveira (Comunicações), um dos ministros do partido, intensificou a
articulação e apareceu ontem no
plenário da Câmara, momentos
antes da votação.
"Como parlamentar, não aceito
nem faço pressão. Como ministro, muito menos", disse o peemedebista, apesar de não esconder acreditar que o partido teria
mais de 40 votos pró-governo. Teve 41, mas a principal ajuda esteve
no fato de os contrários terem diminuído de 32 para 23.
O apelo que Eunício fez aos dissidentes era o de que aqueles que
já tivessem marcado posição na
primeira votação não se esforçassem para estar ontem na Câmara.
Já PTB e PT mantiveram seus
desempenhos fiéis ao Planalto:
84,6% da bancada do PTB votou
contra os R$ 275, índice similar ao
do PT, 83,1%. Apesar disso, a mudança de posição da cúpula petista em relação às rebeliões na legenda -não há discussão sobre
punição aos senadores que votaram contra o governo- levou o
grupo dissidente do partido a
crescer de cinco para nove votos.
"O governo teve uma vitória no
painel, mas uma derrota na sociedade. Optaram pela responsabilidade fiscal com o FMI [Fundo
Monetário Internacional] em detrimento da responsabilidade social com os trabalhadores", disse
o deputado Ivan Valente (PT-SP).
"O PT não está estressado", minimizava o presidente nacional
do PT, José Genoino.
Os desempenhos menos fiéis,
entre os governistas, ocorreram
no PP (59,3%), no PPS (50%) e no
PC do B (55,6%) do ministro Aldo
Rebelo (Coordenação Política).
No caso do PP, seis deputados
que votaram a favor do governo
antes mudaram de lado, temendo
o desgaste de defender os R$ 260.
No PC do B, Jandira Feghali, pré-candidata à Prefeitura do Rio,
uniu-se a Sérgio Miranda (MG)
nos votos contrários.
Já os principais partidos de oposição, PSDB e PFL, tiveram desempenhos similares à primeira
votação. No PDT, os votos contra
o governo caíram de dez para
quatro, devido à ausência de pedetistas que acompanhavam o velório de Leonel Brizola.
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