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INVESTIGAÇÃO
Papéis da White Gold enviados ao Brasil têm dados pessoais de ex-prefeito e família e orientação para divisão de dinheiro
Suíça atribui fundação de US$ 120 mi a Maluf
DA REPORTAGEM LOCAL
Documentos enviados pela Suíça ao Brasil mostram o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) como principal beneficiário de uma fundação
chamada White Gold, aberta em
1990 em Vaduz, no principado
europeu de Liechtenstein. Ainda
de acordo com os papéis suíços,
todo o dinheiro da fundação
-US$ 120 milhões- foi transferido, em janeiro de 1997, da Suíça
para a Inglaterra.
A quebra de sigilo bancário de
Maluf na Inglaterra já foi pedida
pela Justiça brasileira com base
em uma carta -também encaminhada pela Suíça- na qual Maluf
supostamente transfere o dinheiro para os quatro filhos dele. A
carta tem assinatura similar à do
ex-prefeito, mas ele nega que a tenha escrito e assinado.
Nessa carta, datada de 16 de dezembro de 1996, pede-se a transferência de todo valor depositado
em nome da Durant International
na Suíça para a White Gold em
Londres. Documento obtido pela
Folha, mostra que a conta da Durant foi encerrada no dia 28 de janeiro de 1997.
Os documentos da Suíça revelam que a White Gold manteve
até dez contas bancárias naquele
país. Uma das contas recebeu, numa única semana, quase US$ 200
milhões. A Suíça informou que as
contas foram encerradas em janeiro de 1997 -um mês após Maluf passar a administração de São
Paulo para o sucessor dele, Celso
Pitta -indiciado por envio ilegal
de dinheiro para o exterior.
Em outro documento da White
Gold obtido pela Folha, intitulado
"Regulamentos da White Gold
Foundation", consta o nome
completo do ex-prefeito, a data de
nascimento dele e o endereço da
casa em que mora há cerca de 40
anos, no Jardim Europa.
Em caso de morte de Maluf, informa o documento, os valores
depositados em nome da fundação deverão ser repassados para a
mulher e os filhos dele. Há uma
relação com os nomes dos familiares que entram na partilha,
com as respectivas identidades e
datas de nascimento.
Sylvia, a mulher de Maluf, ficaria com a maior parte (50%), segundo a ata de fundação enviada
pela Suíça. Os filhos, Lígia, Lina,
Otávio e Flávio, teriam os demais
50% divididos em partes iguais. O
documento traz uma assinatura
similar a do ex-prefeito e foi assinado em 14 de dezembro de 1990.
Os papéis também mostram
que, logo após a abertura da conta
da White Gold no UBS, um funcionário do banco já estava autorizado a movimentar dinheiro em
nome da fundação. A autorização
teria sido concedida por Maluf,
ainda segundo os papéis enviados
pela Suíça. O mesmo papel afirma
ainda que a mulher, Sylvia, e o filho Flávio também estão autorizados a dar ordens ao procurador
do UBS.
Maluf teria nomeado ainda um
representante legal em Vaduz para acompanhar as movimentações financeiras da fundação.
Todos os documentos saíram
do banco UBS de Zurique por ordem judicial. O banco informou
que os papéis enviados ao Brasil
são legítimos e que os originais fazem parte do arquivo do banco.
Maluf é investigado pelo Ministério Público por remessa ilegal de
milhões de dólares para o exterior, mas ele nega de forma enfática possuir contas fora do Brasil.
Diz que não assinou os documentos e que as acusações existem para prejudicá-lo politicamente
-ele é candidato à Prefeitura de
São Paulo.
O promotor Sílvio Marques, um
dos responsáveis pela investigação, informou ontem ao procurador-geral Rodrigo Pinho sobre o
vazamento de informações sigilosas e pediu providências.
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