São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2008

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Investigado pela PF obteve R$ 2 mi em emendas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Alvo da operação João de Barro, da Polícia Federal, o deputado Ademir Camilo (PDT-MG) obteve do Executivo, em menos de seis meses, o empenho do valor total de duas emendas individuais de R$ 1 milhão cada. Apresentadas por ele na proposta orçamentária deste ano, as emendas beneficiam com obras de desenvolvimento urbano e infra-estrutura do Ministério das Cidades os municípios mineiros de Jaíba e Mamonas, onde a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na última sexta-feira.
Nem o governo federal nem outros parlamentares aportaram recursos para as mesmas ações nessas duas cidades. Consultado, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, disse que o empenho foi decisão exclusiva do ministro José Múcio (Relações Institucionais). "É a liberação que vem autorizada para negociação política", afirmou, explicando que houve liberação de emendas de congressistas da base no início deste ano.
Múcio, que estava no interior de Pernambuco ontem, não respondeu aos recados deixados pela Folha para explicar porque Camilo foi contemplado com empenho -o primeiro passo da liberação de verbas orçamentárias- de 100% até o dia 9 de junho. Camilo também não foi localizado.
Ailton Santana, prefeito de Mamonas, espera o recurso para asfaltar as ruas da cidade, no norte de Minas. Ele diz que Ademir Camilo é o parlamentar que mais ajuda a cidade. "Procuramos ele quando precisamos de recursos", disse.
Outro deputado suspeito de integrar a quadrilha, João Magalhães (PMDB-MG), também apresentou uma emenda individual no valor de R$ 110 mil para obras de esporte e lazer em Virgolândia, município investigado pela PF. Contudo, ele ainda não conseguiu empenhar os recursos.
Apesar das suspeitas, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou ontem que não há elementos suficientes para a corregedoria da Casa investigar os congressistas. Chinaglia disse que o inquérito corre em segredo da Justiça e, por isso, desconhece detalhes das acusações. "Está em compasso de espera [a ação da Corregedoria], até porque hoje o que a corregedoria teria em mãos seria apenas o mandado de busca e apreensão feito no gabinete dos dois deputados."
O PSOL, no entanto, já informou que pretende entrar com uma representação no Conselho de Ética da Casa contra Magalhães e Camilo nos próximos dias.
Ontem, Chinaglia também afirmou que é preciso aprimorar a Comissão de Orçamento da Casa. Segundo ele, há unanimidade sobre a necessidade de mudança, mas até agora não foi encontrada uma proposta ideal. Camilo e Magalhães são integrantes da comissão. (FERNANDA ODILLA E MARIA CLARA CABRAL)


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