São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2008

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País revive anos dourados, mas sem inflação, diz Lula

Em evento no Rio, presidente compara atual momento com o governo JK, quando crescimento econômico foi de quase 10% ao ano

PEDRO SOARES
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

Em solenidade de 50 anos de indústria inaugurada em 1958 pelo presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o Brasil revive os anos dourados, mas sem inflação, apesar da crise mundial no preço dos alimentos.
"Eleva-se novamente a auto-estima do brasileiro, a exemplo do que aconteceu nos anos dourados da era JK. Mas, ao contrário de 1958, no Brasil de hoje, apesar da crise mundial [da alta de alimentos e petróleo], temos a inflação sob controle. Somos credores internacionais e conquistamos o cobiçado grau de investimento", disse Lula a uma platéia de executivos e funcionários da multinacional alemã Bayer, durante comemoração do aniversário da fábrica de Belford Roxo (Baixada Fluminense).
Nos anos JK, o país vivia o boom da industrialização, com crescimento econômico de quase 10% ao ano, mas sofria com a alta da inflação -que saltou de 7% em 1957 para 24,3% em 1958, chegando a 47,7% em 1961, segundo o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna), da FGV. Em 2007, o índice fechou em 7,9%. De janeiro a maio deste ano, acumula variação de 5,16%.
Apesar da confiança de Lula, especialistas consideram a possibilidade de a inflação medida pelo IPCA superar os 6,5% ao ano e estourar o teto da meta do governo -fixada em 4,5% ao ano, com intervalo de tolerância de dois pontos percentuais.
O presidente destacou o objetivo de promover a produção de alimentos no país a fim de minimizar os efeitos da alta global dos preços.
Segundo Lula, o país vive o mesmo clima de otimismo que marcou 1958, ano em que Kubitschek inaugurou a fábrica de Bayer em Belford Roxo, a primeira do grupo no país e a segunda maior do mundo na área de defensivos agrícolas.
"Quis o destino -e trabalhamos muito para isso- que 50 anos depois o Brasil esteja vivendo outro momento de otimismo e outro momento muito bom. Depois de décadas de estagnação econômica e forte concentração de renda, o país hoje cresce de forma acelerada e cresce para todos, reduzindo desigualdades socais e regionais históricas", afirmou Lula.
Na solenidade, o presidente disse ainda que o bom momento da economia repercute positivamente nos resultados das empresas -citou o crescimento de 25% da receita da Bayer no Brasil em 2007- e fez uma brincadeira usando como mote o carro-chefe de vendas da companhia, a Aspirina.
"As vendas de aspirina podem não subir muito porque o brasileiro agora tem mais saúde, tem mais emprego, tem melhores salários e tem mais qualidade de vida. Com isso, certamente não terá tanta dor de cabeça como tinha antes."
A Bayer anunciou ontem investimentos de R$ 255 milhões até 2009 em suas três unidades no país -duas delas localizadas em São Paulo. Só no ano passado o faturamento da Bayer no Brasil chegou a R$ 3,3 bilhões.
Lula parafraseou ainda o slogan da companha alemã para exaltar o bom momento econômico do país, criado pelo publicitário e poeta pernambucano Manoel Bastos Tigre (1882-1957). "Por fim, quero tomar emprestado da Bayer um slogan que há 80 anos faz sucesso em vários países do mundo: "Se é Brasil, é bom"."


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