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PRIVATIZAÇÃO
Acusação de improbidade administrativa envolve 14 pessoas e instituições; sanções incluem multa
Procuradoria move ação contra leilão
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
O Ministério
Público Federal
no Rio entrou
ontem na Justiça
Federal com
ação de improbidade administrativa contra 14
pessoas e instituições envolvidas
no leilão da Telebrás.
Os procuradores acusam de improbidade o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações), o ex-presidente do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) André Lara Resende, o atual
presidente do banco, Pio Borges, o
ministro Pedro Parente (Orçamento e Gestão), o ex-diretor do
Banco do Brasil Ricardo Sérgio de
Oliveira e o diretor da BNDESpar
(empresa de participações do banco) Nelson Rozental. São também
réus o Banco do Brasil, o BNDES, a
BNDESpar e a União Federal.
Como beneficiários da suposta
improbidade, foram incluídos na
ação o banco Opportunity e três
empresas a ele associadas: Opportunity Mem, Techold e Solpart.
As sanções em caso de condenação incluem multa, perda do cargo, suspensão dos direitos políticos e (para as empresas) proibição
de fazer contratos com o poder público.
A investigação começou em
agosto de 98. Depois, surgiram os
diálogos grampeados no BNDES
entre Mendonça de Barros e Lara
Resende. Nos diálogos, os dois estimulavam a Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB) a se
juntar ao Opportunity na disputa
pela Tele Norte Leste.
Sem autorização para usar os
diálogos grampeados, o Ministério
Público investigou o caso a partir
de declarações públicas dos envolvidos -como o depoimento do
ex-ministro ao Senado, afirmando
sua "preferência" pelo Opportunity- e de documentos fornecidos pelas empresas, pelo Banco
Central e pelo BB.
O Ministério Público entendeu
que as regras do leilão foram desrespeitadas quatro vezes, mas os
procuradores Rogério Nascimento, Daniel Sarmento e Flávio Paixão não julgaram necessário pedir
o cancelamento do leilão.
A primeira irregularidade teria
sido a interferência para que a Previ aderisse ao consórcio do Opportunity, pela qual foram acusados
Mendonça de Barros, Lara Resende e Pio Borges, além do Opportunity (como beneficiário). "Mendonça de Barros disse que queria
estimular a concorrência. Não é
verdade. Já havia concorrência. A
Previ determinaria o lance vencedor", afirmou Sarmento.
Outra irregularidade teria sido a
concessão de fiança de R$ 874 milhões, pelo BB, à empresa Solpart,
sem a exigência de uma contragarantia real. À guisa de contragarantia, a Solpart apresentou apenas uma fiança da Techold, empresa criada pelo Opportunity para
participar do leilão.
Segundo os procuradores, o BB
dispensou o pagamento da tarifa
na transação e reduziu a comissão
especial de 1% ao mês para 0,51%
ao ano. Oliveira, Mendonça de
Barros e Pedro Parente -que, à
época, presidia o Conselho de Administração do BB e assinou a autorização final da fiança- são
acusados, e a Solpart e a Techold
são apontadas como beneficiárias.
"Uma das coisas mais fantásticas
desse negócio é o trâmite veloz.
Tudo aconteceu no mesmo dia, 27
de julho. O negócio foi autorizado
no Rio e, no mesmo dia, em Brasília, Parente assinou o despacho.
Foi uma operação temerária", afirmou Sarmento.
Nelson Rozental, Mendonça de
Barros, Lara Resende e Pio Borges
também são acusados de ter criado
regras de financiamento mais favoráveis para as empresas nas
quais o Opportunity tinha interesse. O Opportunity Mem -que
comprou a Tele Norte Celular- é
apontado como beneficiário.
Ricardo Sérgio de Oliveira também é acusado de ter dado informações sigilosas ao ex-ministro
Mendonça de Barros sobre a constituição do consórcio Telemar.
Os procuradores enviaram ao
procurador-geral da República,
Geraldo Brindeiro, cópia da ação,
para que ele verifique se cabe notificação penal contra o ministro Pedro Parente e o ex-ministro Mendonça de Barros.
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