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BASTIDORES
Para presidente, más notícias econômicas prejudicam tucano
FHC avalia que será difícil uma recuperação de Serra
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso já classifica como dificílima, em conversas reservadas,
a recuperação do candidato da
aliança PSDB-PMDB ao Planalto,
José Serra, se Ciro Gomes (PPS)
mantiver nas pesquisas uma
dianteira de cerca de 15 pontos
percentuais sobre o tucano até 20
de agosto, o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV.
A Folha apurou que a avaliação
pessimista de FHC embute uma
autocrítica em relação às más notícias econômicas produzidas pelo governo, como aumento das tarifas públicas e dos preços controlados pela União. O presidente
julga que o cenário externo sombrio, com a turbulência na economia dos EUA, também atrapalhará o Brasil. Esse efeito negativo sobrará para Serra, apesar de ele ter
liberdade para marcar diferenças
e criticar o governo.
A análise do presidente sobre a
dificuldade de recuperação de
Serra, porque também ficaria difícil segurar aliados e cabos eleitorais, foi feita antes de ele ser informado de que há pesquisas de consumo interno do PSDB que já revelariam empate técnico no primeiro turno entre Ciro e Lula.
Segundo a pesquisa do PSDB,
Ciro e Lula teriam entre 32% e
34%, e Serra, por volta dos 14%.
FHC, porém, não jogará a toalha. Está disposto a participar de
atos de campanha antes mesmo
do horário eleitoral. Diante da dificuldade operacional de ir a um
comício, FHC poderá comparecer
ao lançamento do livro com a biografia de Serra ou a um encontro
de políticos, como o de hoje. "Estar atrás nas pesquisas não é importante agora. A partir da propaganda na TV, vamos virar o jogo",
diz o tucano Jutahy Júnior (BA).
As pesquisas levaram o PSDB a
priorizar um plano de ataque a
Ciro, com o ápice no horário eleitoral. Estão sendo estudadas as
gestões de Ciro na Prefeitura de
Fortaleza, no governo do Ceará e
no Ministério da Fazenda. A intenção também é indagar se Ciro
realmente representa mudanças
por se aliar a políticos com "idéias
antigas", como Leonel Brizola.
O PSDB espera a ajuda do PT
nas críticas, por avaliar que Lula
não deseja ver Ciro passar ao segundo turno com larga vantagem.
"A TV é nossa hora de exercer o
contraditório", diz o marqueteiro
de Serra, Nizan Guanaes.
Serra terá praticamente o dobro
do tempo de TV de Ciro e Lula.
Nizan acha que Ciro continuou
crescendo após seus programas
de TV de junho devido ao "efeito
Tostines das pesquisas". Segundo
ele, Ciro sobe numa pesquisa,
imediatamente é feito outro levantamento aproveitando o noticiário sobre a ascensão, o que funcionaria como novo estímulo.
Nizan brinca, associando-se ao
técnico Luiz Felipe Scolari, que
ganhou o pentacampeonato após
campanha medíocre nas eliminatórias e depois de sofrer críticas:
"Não sei se o Felipão me apóia,
mas tenho me apoiado no Felipão". Scolari declarou apoio a Ciro, mas no dia seguinte recuou.
Tido como melhor comunicador tucano, FHC deverá dizer na
TV que houve um "salto econômico" em seus dois mandatos,
"há muito por fazer" e o mais preparado para dar um "salto social"
é Serra, que "entende de economia e do social".
O "entende de economia" é
contraponto a Ciro, cujas propostas seriam inconsistentes. A passagem de quatro meses pela Fazenda teria sido marcada por erros. A menção ao "social" tenta tirar do PT sua principal marca e
mostrar que o tucano reúne qualidades que Ciro e Lula dizem ter.
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