São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Os intocáveis

A possibilidade de demitir os diretores da Anac, principal sugestão de mudança no funcionamento da agência feita em decorrência da crise aérea e da tragédia em Congonhas, tem pouca chance de ser aprovada, afirmam parlamentares ligados à questão. Segundo eles, isso abriria precedente para que o mesmo acontecesse nas agências dos setores elétrico, de telecomunicações e de petróleo. Dados os lobbys envolvidos, não haveria "ambiente" no Congresso para votar tamanha correção de rota. Uma medida que os parlamentares discutirão a sério é a proibição de contingenciamentos no orçamento da Anac. Ou seja: garantir contínuo repasse de recursos a uma agência rendida aos interesses que supostamente deveria regular.

Facão. Hoje, o Tesouro não só represa o dinheiro das agências como "seqüestra" taxas pagas pelos consumidores que deveriam financiá-las.

Tudo a ver. Ao depor à CPI do Apagão da Câmara, em maio, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, respondeu contrariado à observação de que não tem experiência no ramo: "Entendo de turismo, que é o que enche os aviões".

Velhos amigos. Zuanazzi e a ministra Dilma Rousseff fizeram juntos sua primeira viagem a Brasília, anos atrás. Com direito a foto lado a lado diante da catedral.

Nada consta? Integrantes da CPI do Apagão Aéreo da Câmara pedirão cópia da inspeção que a diretora da Anac Denise Abreu diz ter sido feita pela agência no Airbus da TAM acidentado dias depois.

Ainda não. A CPI concluiu que de nada adianta ouvir dirigentes da TAM e da Infraero nesta semana, antes de qualquer conclusão sobre o que há de fato na caixa-preta do Airbus da TAM enviada aos EUA. A idéia dos integrantes da comissão é adiar depoimentos.

Sem legenda. O descompasso de versões sobre dados preliminares da caixa-preta era bola cantada por quem se opôs à ida da CPI aos EUA. "Quer passear, vai, mas ninguém entende nada do assunto", disse Beto Mansur (PP-SP) antes de os colegas Marco Maia (PT-RS) e Efraim Filho (DEM-PB) embarcarem.

Soluço. Existe pesquisa na praça, pós-vaia e pós-Congonhas, registrando recuo na popularidade de Lula. Nada radical. Um tropeço.

Veja bem. A direção do PT diz que não usará o encerramento de seu curso sobre política externa, na segunda em São Paulo, para fazer um desagravo a Marco Aurélio Garcia, flagrado comemorando a descoberta de defeito no avião da TAM. O assessor de Lula é esperado no evento.

Tranquilis. Uma semana depois da tragédia em Congonhas, voltou de férias a diretora responsável pelas obras da Infraero, Eleuza Lores.

Sucessão. O comando do DEM pretende indicar Marco Maciel (PE) para a presidência da CCJ do Senado, na cadeira que era ocupada por Antonio Carlos Magalhães.

Fim da fila. Gim Argello (PTB) tentou herdar o gabinete de Joaquim Roriz (PMDB), considerado nobre. Perdeu a parada para seu colega de sigla Mozarido Cavalcanti (RR). Prevaleceu o argumento de que Mozarildo tem mais "história" no Senado.

Globalizado. Além de um grito de independência em relação ao PT, a criação de nova central pelo PC do B atende a pedido da Federação Sindical Mundial, que dá apoio a partidos comunistas na América do Sul após a onda de vitórias da esquerda na região.

Bis. A bancada do PT na Assembléia paulista pedirá ao TCE nova análise dos contratos considerados regulares entre Nossa Caixa e Asbace, associação de bancos enrolada nas fraudes desbaratadas pela Operação Aquarela.

Tiroteio

Dá a impressão de que, uma vez descoberto o problema no reverso do avião, a TAM quer afastar o foco de si e jogá-lo de volta na pista de Congonhas.


Do deputado PEPE VARGAS (PT-RS) sobre a decisão da companhia de não aterrissar mais na pista principal do aeroporto sob chuva.

Contraponto

Vocação natural

Na véspera da votação da LDO, parlamentares do PSOL buscavam adesões ao protesto que preparavam contra Renan Calheiros (PMDB-AL) caso ele insistisse em comandar a sessão. A idéia era levantar cartões vermelhos quando o presidente do Senado entrasse no plenário.
Procurados, deputados do PSDB ouviam as orientações do colega Chico Alencar (PSOL-RJ) até que um deles, no melhor estilo tucano, interrompeu:
-Tudo bem, grande idéia. Mas será que não é melhor a gente apresentar primeiro dois amarelos e só no final da sessão, caso ele insista em permanecer, dar o vermelho?


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