São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2008

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Citado pela PF, Heráclito pede que delegado seja investigado

Senador questiona no Ministério da Justiça e na PF vazamento de dados do caso Dantas

Polícia afirma que pedido de processo administrativo será enviado a São Paulo; defesa ainda analisa se irá pedir que caso suba para STF


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) ingressou com duas representações contra o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz por conta do vazamento de informações do inquérito da Operação Satiagraha, que no começo do mês prendeu, entre outros, o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.
As representações foram protocoladas anteontem no Ministério da Justiça e na sede da Polícia Federal, em Brasília. Ambas, segundo a assessoria de imprensa da PF, serão encaminhadas à Superintendência da PF em São Paulo, onde já se encontra aberto um inquérito sobre o vazamento de informações da operação -a medida foi tomada por causa da divulgação de imagens de prisões no dia da ação da polícia.
Endereçadas ao ministro Tarso Genro (Justiça) e ao diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, as representações pedem instauração de "processo administrativo" contra o delegado Queiroz. Os advogados de Heráclito Fortes são Délio Lins e Silva e Délio Júnior.
"(..) Teor das inúmeras matérias constata-se que a autoridade policial a eles [órgãos de comunicação] vazou os elementos colhidos na investigação, ao que parece, com o único e claro escopo de prejudicar a imagem também de outras pessoas, não envolvidas nos fatos tidos como criminosos e em apuração, como no caso do senador requerente", afirma o texto da representação.
Heráclito está nos Estados Unidos, onde deverá permanecer até o fim de julho, quando acaba o recesso parlamentar. Em entrevista pela manhã à Agência Senado, o senador atacou o delegado da PF ao comentar o arquivamento do pedido de impeachment contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.
"Quem merece impeachment é o delegado Protógenes", disse ele à agência. Mais tarde, questionado pela Folha, o senador preferiu diminuir o tom. "Fui orientado pelos meus advogados a não dar mais declarações para não atrapalhar as medidas que estão sendo tomadas", afirmou.
O delegado está fazendo um curso de especialização na PF e, procurado desde segunda, não quis falar sobre o caso.
Para Heráclito, a PF selecionou a divulgação de dados do inquérito para prejudicá-lo. Na segunda, a Folha publicou reportagem mostrando que ele é citado em cinco situações diferentes no inquérito. Em uma delas, Queiroz classifica o senador como "integrante da rede de influência do banco Opportunity no poder".
A defesa de Heráclito ainda não decidiu se pedirá a transferência do inquérito para o STF, o que pode ser feito devido ao direito do senador a foro privilegiado. "Cheguei a São Paulo ontem [anteontem] e ainda estou tirando cópia do inquérito. Só depois disso deveremos tomar uma decisão", afirmou Délio Júnior. (ADRIANO CEOLIN)


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