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FOLHA ELEIÇÕES 2000
SÃO PAULO
Pepebista monta megaestrutura de advocacia para pressionar partidos políticos
e meios de comunicação; candidato lidera ranking de pedidos de direito de resposta e de multas
Maluf usa ação na Justiça como estratégia
MARCELO SOARES
DA REDAÇÃO
O candidato Paulo Maluf (PPB)
montou uma megaestrutura para
monitorar meios de comunicação
e partidos políticos. Para tentar
evitar e conter críticas, sua assessoria jurídica montou um quartel-general equipado com diversos recursos tecnológicos para
questionar declarações e imagens
eventualmente desfavoráveis à
sua candidatura.
Maluf é o campeão de pedidos
de direito de resposta ou multa na
Justiça Eleitoral. Em levantamento do TRE (Tribunal Regional
Eleitoral), de junho até ontem,
dos 67 pedidos protocolados, 63
foram movidos por Maluf.
Os malufistas contabilizam "alguma reparação" em 22 casos.
Houve ao menos 12 derrotas
completas e há vários casos em
andamento.
Maluf tenta evitar, por exemplo,
a veiculação de cenas da campanha eleitoral de 96. Seus advogados já entraram com quatro ações
contra os programas de partidos
que integram a coligação "São
Paulo Somos Nós", que sustenta a
candidatura de Luiza Erundina
(PSB) à prefeitura.
A mais polêmica dessas imagens refere-se a um programa
eleitoral de 1996, em que afirma
que, se Celso Pitta, seu candidato
então, fosse um mau prefeito, Maluf não seria mais merecedor dos
votos dos paulistanos. As imagens
ainda estão no ar.
Com nove aparelhos de televisão acoplados a videocassetes, sete rádios com gravadores e computadores ligados à Internet, cerca de 15 estagiários chefiados pelo
advogado Ricardo Tosto monitoram, 16 horas por dia, as informações sobre eleições em São Paulo,
em todos os canais de TV, as principais emissoras de rádio, todos
os jornais e vários sites na Internet. Na sala reservada aos jornais
e à Internet, há uma biblioteca especializada em direito eleitoral.
Tosto instalou o quartel-general
no décimo andar de um prédio de
escritórios do Itaim Bibi, onde,
em outros dois andares, trabalham parte dos 130 funcionários
do escritório que mantém com
sete sócios.
Ele já prestava assessoria à empresa Eucatex quando foi convidado, há 20 meses, para cuidar
dos processos contra Maluf. A visibilidade do candidato faz com
que a assessoria seja permanente.
Na primeira fase da campanha,
antes do início do horário eleitoral, Maluf entrou com 37 pedidos
de multa ou direito de resposta.
Houve sete casos de multa. Segundo Tosto, na maior parte dos
casos os processados concederam
o direito de resposta. "Nossa intenção não é extrair multas, e sim
a resposta", declara o advogado.
Ações
A maior parte das ações movidas por Tosto se refere a declarações de outros candidatos contra
Maluf. O escritório, porém, já moveu ações pedindo a impugnação
da candidatura de Fernando Collor de Mello (PRTB) e a retirada
de Marta Suplicy (PT) do horário
eleitoral destinado a vereadores.
Para o advogado, a campanha
deste ano se caracteriza pelo perfil
técnico apresentado pelos advogados dos maiores partidos.
Ele cita os advogados Hélio Silveira, do PT, e Ricardo Penteado,
que defende a Coligação Respeito
por São Paulo, da qual participa o
PSDB, como tendo esse perfil.
Os outros advogados, porém,
não incorporaram tantos recursos tecnológicos ao trabalho.
O PT, segundo Silveira, contratou a empresa MP Press para observar rádio e TV e fazer um clipping. Alguns militantes acompanham a programação e passam
informações à campanha. "Somos muito modestos", diz o advogado petista.
Colaborou a Redação
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