São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2000


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FOLHA ELEIÇÕES 2000

SÃO PAULO
Pepebista monta megaestrutura de advocacia para pressionar partidos políticos e meios de comunicação; candidato lidera ranking de pedidos de direito de resposta e de multas
Maluf usa ação na Justiça como estratégia

MARCELO SOARES
DA REDAÇÃO

O candidato Paulo Maluf (PPB) montou uma megaestrutura para monitorar meios de comunicação e partidos políticos. Para tentar evitar e conter críticas, sua assessoria jurídica montou um quartel-general equipado com diversos recursos tecnológicos para questionar declarações e imagens eventualmente desfavoráveis à sua candidatura.
Maluf é o campeão de pedidos de direito de resposta ou multa na Justiça Eleitoral. Em levantamento do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), de junho até ontem, dos 67 pedidos protocolados, 63 foram movidos por Maluf.
Os malufistas contabilizam "alguma reparação" em 22 casos. Houve ao menos 12 derrotas completas e há vários casos em andamento.
Maluf tenta evitar, por exemplo, a veiculação de cenas da campanha eleitoral de 96. Seus advogados já entraram com quatro ações contra os programas de partidos que integram a coligação "São Paulo Somos Nós", que sustenta a candidatura de Luiza Erundina (PSB) à prefeitura.
A mais polêmica dessas imagens refere-se a um programa eleitoral de 1996, em que afirma que, se Celso Pitta, seu candidato então, fosse um mau prefeito, Maluf não seria mais merecedor dos votos dos paulistanos. As imagens ainda estão no ar.
Com nove aparelhos de televisão acoplados a videocassetes, sete rádios com gravadores e computadores ligados à Internet, cerca de 15 estagiários chefiados pelo advogado Ricardo Tosto monitoram, 16 horas por dia, as informações sobre eleições em São Paulo, em todos os canais de TV, as principais emissoras de rádio, todos os jornais e vários sites na Internet. Na sala reservada aos jornais e à Internet, há uma biblioteca especializada em direito eleitoral.
Tosto instalou o quartel-general no décimo andar de um prédio de escritórios do Itaim Bibi, onde, em outros dois andares, trabalham parte dos 130 funcionários do escritório que mantém com sete sócios.
Ele já prestava assessoria à empresa Eucatex quando foi convidado, há 20 meses, para cuidar dos processos contra Maluf. A visibilidade do candidato faz com que a assessoria seja permanente.
Na primeira fase da campanha, antes do início do horário eleitoral, Maluf entrou com 37 pedidos de multa ou direito de resposta. Houve sete casos de multa. Segundo Tosto, na maior parte dos casos os processados concederam o direito de resposta. "Nossa intenção não é extrair multas, e sim a resposta", declara o advogado.

Ações
A maior parte das ações movidas por Tosto se refere a declarações de outros candidatos contra Maluf. O escritório, porém, já moveu ações pedindo a impugnação da candidatura de Fernando Collor de Mello (PRTB) e a retirada de Marta Suplicy (PT) do horário eleitoral destinado a vereadores.
Para o advogado, a campanha deste ano se caracteriza pelo perfil técnico apresentado pelos advogados dos maiores partidos.
Ele cita os advogados Hélio Silveira, do PT, e Ricardo Penteado, que defende a Coligação Respeito por São Paulo, da qual participa o PSDB, como tendo esse perfil.
Os outros advogados, porém, não incorporaram tantos recursos tecnológicos ao trabalho.
O PT, segundo Silveira, contratou a empresa MP Press para observar rádio e TV e fazer um clipping. Alguns militantes acompanham a programação e passam informações à campanha. "Somos muito modestos", diz o advogado petista.


Colaborou a Redação

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