ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O senador Marcelo Crivella, candidato a prefeito do Rio pelo PL, divulgou ontem documentos da Receita Federal atestando que vendeu, em 1999, as quotas de capital que possuía nas emissoras TV Record de Franca (SP) e TV Cabrália (BA).
O senador declarou que entrará com processos civil e criminal contra o jornal "O Globo" sob acusação de calúnia, difamação e injúria. Para ele, os papéis da Receita provam que estava errada uma série de reportagens de "O Globo" que diz que ele omitiu a propriedade das emissoras de TV em sua declaração de patrimônio entregue à Justiça Eleitoral.
Disse ainda que pedirá instauração de inquérito na PF para apurar o suposto crime de quebra de sigilo fiscal na Receita Federal do Rio e investigação no Ministério Público Eleitoral sob acusação de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação contra "O Globo".
Crivella exibiu ainda ofício assinado pelo superintendente da Receita no Rio, Carlos Augusto Barbiero, em que é questionada a autenticidade de papel reproduzido pelo jornal em 17 de julho último, sob o título "Os documentos que complicam a vida do senador".
Segundo o documento reproduzido por "O Globo", que continha logotipo da Receita, Crivella declarou ter vendido suas ações em junho de 2001, mas permaneceu como sócio da empresa até novembro de 2002.
Barbiero assinou um ofício entregue a Crivella dizendo que não era possível, com a reprodução feita pelo jornal, atestar a autenticidade daquele documento, mas que, "pela forma visual" da ilustração, não correspondia ao formato dos documentos da Receita.
O jornal "O Globo" divulgou nota ontem à noite em que declara que os documentos apresentados por Crivella não contestam suas reportagens. Afirma que elas foram baseadas em documentos que embasam uma ação movida contra o candidato por iniciativa do Ministério Público Federal. Segundo o jornal, o documento contestado por Crivella sobre sua situação cadastral na Receita está baseado em dados do Serpro.
Crivella não nega que seu nome ainda figure como acionista da TV Cabrália e da TV Record de Franca no cadastro oficial de proprietários de televisão do Ministério das Comunicações e nas Juntas Comerciais -como publicou a Folha-, mas diz que esse fato se deve à demora do governo em concluir os processos de transferência de concessão.


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