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TODA MÍDIA
Ataque contra ataque
Nelson de Sá
Por aqui, as campanhas
continuam "do bem". Mas
nos EUA a propaganda virou só
ataque e contra-ataque.
Começou há pouco mais de
duas semanas, com o comercial
de supostos ex-companheiros
de Vietnã do democrata John
Kerry. Diziam que ele "mentiu
para conseguir medalhas", que
"desonrou seu país".
Os democratas fingiram não
notar. A inserção só abrangia
três Estados, ecoando em sites
mais próximos aos republicanos
como o Drudge Report.
Mas aos poucos foi ganhando
repercussão. Ainda assim, antes
reagiram alguns republicanos,
não os democratas.
Primeiro, o senador John
McCain pediu que George W.
Bush questionasse o comercial
-e nada. Depois, o deputado
Terry Musser, também veterano
do Vietnã, fez o mesmo. Até Bill
O'Reilly, um âncora da Fox
News que apóia Bush em tudo,
criticou o comercial.
Com Bush calado, as inserções
contra Kerry avançaram até
ecoar nas pesquisas.
Uma delas mostrou, dias
atrás, que metade dos eleitores
sabia do comercial. E que 44%
dos indecisos acreditavam na
acusação de que Kerry mentiu
sobre a ficha militar.
O alarme democrata disparou.
Os primeiros comerciais contra
a denúncia surgiram na quinta.
E o mais pesado apareceu no
domingo (veja trecho e imagem
abaixo). Acusou Bush de estar
por trás das inserções dos tais
"veteranos" contra Kerry.
Enquanto a pressão se limitou
à cobertura, Bush nada fez. Mas,
acusado também por comercial,
foi ontem à televisão dizer que o
grupo responsável pelos ataques
a Kerry deve parar a veiculação.
Chegou a afirmar:
- O senador Kerry serviu [no
Vietnã] admiravelmente e deve
se orgulhar de sua ficha.
Lição (não moral) da história:
em resposta a uma propaganda
negativa, só outra.
CONTRAPROPAGANDA
Reprodução
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A campanha de Bush apóia um
grupo de fachada que ataca o
histórico militar de Kerry.
Calúnias, mentiras. O senador
McCain os chama de desonestos.
Do comercial de John Kerry lançado no domingo (reprodução acima)
MAIS FUTEBOL
Reprodução
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Capa de "Como o Futebol Explica o Mundo" |
Antônio Gaudério - 17.ago.2004/Folha Imagem
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Lula "entrevista" Ronaldo, em destaque ontem na home page da Radiobrás |
Franklin Doer, da revista americana
"New Republic", vem de lançar um livro
sobre futebol e falou ao site Nomínimo.
Escolheu a seleção de 70 como a melhor
de todos os tempos e elogiou o "jogo da
paz" -que descreveu como "um gol de
placa da diplomacia brasileira". Mas
também disse, em outro contexto:
- Ninguém menos do que Benito
Mussolini tentou grudar o seu nome ao
da seleção italiana. Infelizmente, hoje é
impossível separar política e esporte.
Corte para Lula, ontem no Café com o Presidente, em
"entrevista" com Ronaldo. Na
descrição do Bom Dia Brasil:
- De microfone em punho,
Lula viveu um dia de repórter.
A reportagem foi ao ar hoje.
Século 21
A Globo ouviu os candidatos
sobre os "ataques a mendigos".
De Marta Suplicy:
- A cidade precisa de muita
união de esforços.
José Serra:
- É fundamental o trabalho
de parceria com a sociedade.
Paulo Maluf, de todos o mais
inusitado:
- É um dos mais lamentáveis
fatos contra os direitos humanos
no século 21.
Trama
Sobre a chacina, ela já toma
ares de trama policial, com todo
gênero de "hipótese".
Para uns, no resumo feito pelo
SPTV, é "ação de traficantes".
Para outros, seriam "grupos de
intolerância, neonazistas". Ou
"seguranças trabalhando para
comerciantes". Ou, claro, "briga
de moradores de rua".
"Abre o coração"
A ginasta Daiane dos Santos
não conseguiu sua medalha e os
sites se cobriram de manchetes
como "Daiane frustra sonho",
"Daiane falha" etc.
Mas nada supera a entrevista
feita na Globo, minutos depois,
com a repórter dizendo "abre o
coração para os brasileiros",
"sua mãe está te ouvindo agora,
ela chorou" etc.
Diante do dramalhão, Daiane
resistiu e sorriu:
- É esporte, fazer o quê?
O site Blue Bus não gostou,
apontou "massacre da mídia" e
disse que "isso não se faz".
Maturidade
Até o narrador Galvão Bueno
ficou desconcertado, diante das
perguntas, e saiu dizendo:
- A entrevista que ela deu foi
de maturidade impressionante.
Uma grande brasileira.
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