São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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CPI convoca chefe-de-gabinete de Palocci e adia depoimento de Buratti

LUIZ FRANCISCO
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

A CPI dos Bingos decidiu ontem convocar o chefe-de-gabinete do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), Juscelino Antonio Dourado, para depor. O advogado Rogério Tadeu Buratti, ex-assessor de Palocci, não vai depor hoje como estava previsto, informou o relator da CPI, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN).
Dourado foi padrinho de casamento de Buratti, com quem trocava telefonemas em 2004 e 2003. Segundo a CPI, há a suspeita, baseada em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, de que Buratti ligava para o chefe-de-gabinete intermediando encontros entre empresários e o ministro em um esquema de tráfico de influência.
Um e-mail divulgado pela revista "Veja" apontou que Dourado teria pedido a Buratti a compra de equipamentos de escutas para Palocci. O ministro disse, em entrevista coletiva no domingo, que a história é um absurdo.
Os senadores investigam ainda se Buratti atuou como lobista no Ministério da Fazenda para assegurar, em abril de 2003, a renovação de um contrato da GTech com a Caixa Econômica Federal no valor de R$ 650 milhões.
Buratti, ex-secretário da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) em 1993 e 1994, quando Palocci era prefeito, está deprimido e sob efeito de tranqüilizantes, disse Garibaldi. Essa, segundo o senador, foi a informação passada pelo advogado Roberto Telhada.
Ainda segundo o senador, Buratti se comprometeu, por meio do advogado, de "fazer o possível" para depor amanhã.
Com relação a Dourado, não há data para o depoimento. "Somente depois de colhermos o depoimento de Juscelino Dourado é que vamos decidir se o ministro Antonio Palocci será convocado ou não para prestar depoimento", disse o senador Efraim Morais (PFL-PB), presidente da CPI.
A Folha tentou falar com Dourado. O celular estava programado para não receber chamada e e assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda informou que o chefe-de-gabinete não estava no ministério à tarde.
Garibaldi disse que na segunda-feira uma auxiliar de Buratti havia sido notificada sobre a convocação em Ribeirão Preto. Ontem, o senador pediu à PF que localizasse Buratti. No fim da tarde, a PF notificou o advogado Roberto Telhada, que defende Buratti, informou o presidente da CPI.
Telhada se reuniu a portas fechadas com os integrantes da CPI e disse que o cliente "não tem condições psicológicas" para depor hoje. Sem apresentar atestado médico, disse que Buratti "está sob medicamentos" e pediu para o seu depoimento ser adiado para a próxima semana -os integrantes da CPI não concordaram.
"Ou ele vem amanhã (hoje) ou vem na quinta-feira (amanhã)", disse Efraim Morais. Caso Telhada insista no adiamento, a CPI, segundo Garibaldi, vai determinar que uma junta médica avalie as condições de Buratti.


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