São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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Delcídio bate boca com oposição

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Acabou a lua-de-mel entre o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e a oposição. Na sessão de ontem ele foi acusado de obstruir os trabalhos para proteger o governo. Delcídio não aceitou as críticas e disse que os parlamentares do PSDB e do PFL querem aparecer, e não obter resultados.
Depois da pressão sofrida, o presidente anunciou que mandaria uma diligência ainda ontem aos Correios para solicitar documentos solicitados que ainda não chegaram. Delcídio afirmou que pedirá o afastamento da diretoria da estatal se não houver colaboração com a CPI. Outro resultado foi a antecipação da sessão administrativa de amanhã para hoje.
Membros da CPI foram à estatal ontem à tarde e, depois, os Correios soltaram uma nota afirmando que têm "atendido prontamente, a tempo e à hora, todas as demandas que vieram, nesses últimos mais de três meses" de vários órgãos, inclusive da CPI.
As maiores reclamações foram quanto à postergação do depoimento do ex-ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e à recusa da base aliada em votar a convocação do doleiro Antonio Claramunt, o Toninho da Barcelona, dos donos da corretora Bônus-Banval e do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto.
A agenda dessa semana foi considerada fraca pela oposição, que também reclamou, pela segunda semana consecutiva, de que a agenda é definida pela Mesa Diretora sem consulta ao plenário. A CPI ouviu ontem o ex-presidente do Banco Popular Ivan Guimarães e marcou para hoje o depoimento de Marcus Vinícius Vasconcelos, genro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
"Não estou preocupado se algumas CPIs têm mais ou menos audiência. Estou preocupado é com que a CPI dos Correios apresente resultados", afirmou Delcídio, referindo-se à concorrência das CPIs do Mensalão e dos Bingos.
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) havia reclamado de a CPI do Mensalão ter aprovado a convocação dos presidentes dos fundos de pensão do Banco do Brasil, da Petrobras e da Caixa Econômica Federal, além dos donos da Bônus-Banval. Para ele, esses assuntos são da alçada da CPI dos Correios.
Foram duas horas e meia de mal-estar, na sessão de ontem, entre Delcídio e os oposicionistas. A bateria de críticas atrasou o depoimento de Guimarães. A oposição queixou-se da agenda e da demora no envio de informações por instituições financeiras e fundos de pensão. Para eles, a Mesa Diretora demora para requerer os dados e não os cobra depois.
Quando a CPI foi instalada, Delcídio chegou a recusar o posto dizendo que uma comissão em que a presidência e a relatoria fossem ocupadas por governistas seria "chapa-branca". Ele reconsiderou a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, assumira uma postura de independência, elogiada pela oposição.
Ao se defender, o senador afirmou que o requerimento para ouvir Guimarães era de autoria da própria oposição. "Não podemos adotar um comportamento de biruta de aeroporto. Ao sabor do vento muda a direção da biruta."
Delcídio teve solidariedade da base aliada. "O Congresso está farto dessa disputa eleitoreira. Não querem admitir que querem derrubar o presidente [Lula] e ficam sangrando com requerimentos", disse o deputado Maurício Rands (PT-PE), que ainda acusou a oposição de querer adiar o depoimento de Marcus Vinícius para proteger Roberto Jefferson, pivô das acusações do "mensalão".


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