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Delcídio bate boca com oposição
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Acabou a lua-de-mel entre o
presidente da CPI dos Correios,
senador Delcídio Amaral (PT-MS), e a oposição. Na sessão de
ontem ele foi acusado de obstruir
os trabalhos para proteger o governo. Delcídio não aceitou as críticas e disse que os parlamentares
do PSDB e do PFL querem aparecer, e não obter resultados.
Depois da pressão sofrida, o
presidente anunciou que mandaria uma diligência ainda ontem
aos Correios para solicitar documentos solicitados que ainda não
chegaram. Delcídio afirmou que
pedirá o afastamento da diretoria
da estatal se não houver colaboração com a CPI. Outro resultado
foi a antecipação da sessão administrativa de amanhã para hoje.
Membros da CPI foram à estatal
ontem à tarde e, depois, os Correios soltaram uma nota afirmando que têm "atendido prontamente, a tempo e à hora, todas as
demandas que vieram, nesses últimos mais de três meses" de vários órgãos, inclusive da CPI.
As maiores reclamações foram
quanto à postergação do depoimento do ex-ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e à recusa da base aliada em
votar a convocação do doleiro
Antonio Claramunt, o Toninho
da Barcelona, dos donos da corretora Bônus-Banval e do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto.
A agenda dessa semana foi considerada fraca pela oposição, que
também reclamou, pela segunda
semana consecutiva, de que a
agenda é definida pela Mesa Diretora sem consulta ao plenário. A
CPI ouviu ontem o ex-presidente
do Banco Popular Ivan Guimarães e marcou para hoje o depoimento de Marcus Vinícius Vasconcelos, genro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
"Não estou preocupado se algumas CPIs têm mais ou menos audiência. Estou preocupado é com
que a CPI dos Correios apresente
resultados", afirmou Delcídio, referindo-se à concorrência das
CPIs do Mensalão e dos Bingos.
O deputado Antonio Carlos
Magalhães Neto (PFL-BA) havia
reclamado de a CPI do Mensalão
ter aprovado a convocação dos
presidentes dos fundos de pensão
do Banco do Brasil, da Petrobras e
da Caixa Econômica Federal,
além dos donos da Bônus-Banval.
Para ele, esses assuntos são da alçada da CPI dos Correios.
Foram duas horas e meia de
mal-estar, na sessão de ontem, entre Delcídio e os oposicionistas. A
bateria de críticas atrasou o depoimento de Guimarães. A oposição queixou-se da agenda e da demora no envio de informações
por instituições financeiras e fundos de pensão. Para eles, a Mesa
Diretora demora para requerer os
dados e não os cobra depois.
Quando a CPI foi instalada, Delcídio chegou a recusar o posto dizendo que uma comissão em que
a presidência e a relatoria fossem
ocupadas por governistas seria
"chapa-branca". Ele reconsiderou
a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, assumira uma postura de independência, elogiada pela oposição.
Ao se defender, o senador afirmou que o requerimento para ouvir Guimarães era de autoria da
própria oposição. "Não podemos
adotar um comportamento de biruta de aeroporto. Ao sabor do
vento muda a direção da biruta."
Delcídio teve solidariedade da
base aliada. "O Congresso está
farto dessa disputa eleitoreira.
Não querem admitir que querem
derrubar o presidente [Lula] e ficam sangrando com requerimentos", disse o deputado Maurício
Rands (PT-PE), que ainda acusou
a oposição de querer adiar o depoimento de Marcus Vinícius para proteger Roberto Jefferson, pivô das acusações do "mensalão".
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