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Renan diz a conselho que usou motorista para fazer saques
Em depoimento, senador diz que, por discrição, não declarou empréstimo de R$ 178 mil tomado de locadora de veículos
Dois dos relatores dizem que explicações dadas por Renan não esclarecem as dúvidas levantadas pelo laudo da Polícia Federal
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu último gesto antes de
ser julgado pelo Conselho de
Ética, o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
afirmou, segundo os relatores,
que seu motorista sacava periodicamente pequenos montantes de dinheiro na Costa Dourada Veículos, em Maceió.
Renan falou a portas fechadas, por cerca de duas horas,
aos relatores -Renato Casagrande (PSB-ES), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Almeida Lima (PMDB-SE)- e ao presidente do conselho, Leomar
Quintanilha (PMDB-TO). A intenção era sanar inconsistências em seus documentos apontadas na perícia da PF.
Segundo os relatores, ele não
forneceu nenhum documento
novo e só apresentou versões, a
maioria já conhecida, sobre os
pontos contestados pela PF.
"Pode ser que até o dia 30
[data da apresentação do relatório] me convença, mas hoje
não estou convencida", disse
Marisa Serrano. "Ficaram muitas dúvidas", disse Casagrande.
Do outro lado, o aliado do
presidente do Senado, Almeida
Lima, anunciou sua posição.
"Não tenho elementos para
cassar o senador Renan Calheiros", disse, antecipando que fará um relatório alternativo.
Empréstimo
O ponto mais polêmico na
explanação de Renan foi sobre
o empréstimo de R$ 178 mil
que ele tomou da locadora Costa Dourada Veículos, de propriedade de Tito Uchôa, suspeito de ser laranja do senador. Segundo a PF, Renan não declarou no Imposto de Renda nem
registrou em cartório as duas
notas promissórias -R$ 214,89
mil e R$ 294,56 mil- referentes ao empréstimo. A Costa
Dourada recebeu dinheiro de
empresas públicas de Maceió.
O argumento de Renan é que
o dinheiro do empréstimo serviria para arcar com pequenas
despesas no Estado e não teriam sido declaradas por discrição, da mesma forma que teria
feito com a pensão paga à jornalista Mônica Veloso, com
quem tem uma filha.
Segundo os relatores, ao dizer que o motorista sacava periodicamente pequenos montantes do empréstimo na empresa, Renan complicou mais
sua vida financeira "paralela".
Ao deixar a reunião, o senador
disse estar satisfeito com o laudo e sentenciou: "Ele não fala
sequer em irregularidade, fala
em incongruências e inconsistências, que são desencontros
de informação. Não tem a ver
com quebra de decoro".
Escolta
Renan chegou ao depoimento escoltado por 14 seguranças
-a média costuma ser três. Para surpresa dos relatores, que
aguardavam explicações técnicas, ele iniciou sua fala dizendo
estar vivendo um "calvário", e
disse que a crise "atinge não só
ele, mas a instituição".
Sobre outro ponto crucial o
laudo, que trata dos rendimentos com gado e do custeio das
fazendas, Renan alegou, segundo os relatores, que "é um setor
desorganizado em Alagoas".
Argumentou que somente 22
produtores no Estado, ao qual
se inclui, emitem notas fiscais.
"A atividade rural é primária.
Muitas das pessoas que trabalham nela não têm informação
adequada, por isso há inconsistências", disse em entrevista.
Na questão das despesas das
fazendas, afirmou que estão inseridas no espólio do seu pai.
Também rechaçou irregularidades na alta taxa de fecundidade do seu rebanho e rebateu
as inconsistências apontadas
entre GTAs (guia para transportar gado) e notas fiscais. Segundo ele, elas não podem ser
sobrepostas porque as GTAs
não geram efeito tributário.
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