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CAIXA VAZIO
Ministro faz crítica a pedido de Lula e afirma que infra-estrutura é um caos
Adauto cobra verbas e diz que criatividade é restrita
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Anderson Adauto
(Transportes) afirmou ontem que
a infra-estrutura do país é um
"caos", cobrou mais investimentos para a área, considerados "ridículos" por ele, e disse que "o volume de criatividade é bastante
restrito" para cumprir os programas da pasta. É uma crítica indireta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem pedido aos
ministros que usem a criatividade
nos gastos em vez de reclamarem.
Ontem, o governo anunciou novo contingenciamento, e o Ministério dos Transportes foi o que,
nominalmente, teve o maior volume de verba cortada: R$ 114 milhões. Ele deu as declarações antes
do anúncio oficial dos cortes.
"O essencial que poderíamos
[no ministério] apresentar como
mudança em relação ao governo
anterior é a preocupação com a
boa aplicação de recursos. O resto
é em função do quantitativo de recursos que o Ministério dos
Transportes obtiver com a equipe
econômica. O volume de criatividade é bastante restrito", disse.
Lula, em um discurso no dia 1º
de setembro, cobrou dos ministros uma postura criativa em vez
de ficar reclamando da falta de dinheiro: "Nós temos pouco, mas
temos de colocar nossa criatividade acima dos recursos".
Adauto fez as críticas quando
prestava esclarecimentos na Câmara dos Deputados sobre os 322
contratos e convênios paralisados
no ministério, o que corresponderia a 13.580 quilômetros de rodovias e estruturas como pontes e
viadutos. Segundo o ministro, seriam necessários R$ 5,1 bilhões
para concluir essas obras.
Essa, no entanto, não era a disposição do ministro ontem. Ele
considerou os R$ 2,3 bi destinados para a pasta no Orçamento de
2004 insuficientes, e afirmou que
o ideal seria o dobro.
"O país chegou a aplicar 1,8% do
PIB em infra-estrutura, entre 1975
e 1977, depois foi caindo até chegar a ridículos 0,2% em 2003",
afirmou Adauto, enquanto apontava um gráfico com o histórico
de investimentos no setor.
Ele atribui a queda na aplicação
de recursos ao fim do Fundo Rodoviário Nacional. "Até 1987, o
Brasil fez investimentos em infra-estrutura. Tínhamos o Fundo Rodoviário Nacional. A partir de
1987, o país deixou de fazer investimentos, criando esse caos. O buraco nas estradas é apenas o problema mais aparente. Temos portos que só podem operar na maré
cheia", afirmou o ministro.
De acordo com Adauto, dos R$
2,3 bilhões destinados pelo governo para os Transportes em 2004,
R$ 1,8 bilhão estariam comprometidos com o programa de recuperação de rodovias, R$ 450 milhões com gestão, sobrando R$ 50
milhões "para tudo: hidrovias,
ferrovias e obras inacabadas".
Sobre sua condenação pela Justiça Eleitoral de Uberaba (MG) a
ficar inelegível por três anos, a
partir de 2004, ele disse que é uma
questão "paroquial" e não tem repercussão no ministério.
Adauto foi condenado por usar
o avião da Assembléia Legislativa
mineira, quando presidia a Casa,
para viajar durante a campanha
eleitoral em que disputou a prefeitura do município, em 2000. O
ministro afirmou anteontem que
irá recorrer da decisão.
Na audiência pública realizada
ontem, os deputados cobraram a
conclusão de obras em seus respectivos Estados. Durante o encontro, ele afirmou que, no setor
hidroviário, as prioridades são a
hidrovia Tietê-Paraná, a conclusão da eclusa de Tucuruí e dar navegabilidade ao rio São Francisco.
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