São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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Radialistas admitem que "faltou pressão"

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Participantes da coletiva disseram concordar com o presidente. "Faltou pressão", declarou Felipe Bueno, chefe de reportagem da rádio Eldorado.
"Ficou claro para mim que teve gente que foi lá levar presentes. Acho que não é assim que funciona. Teve gente que elogiou, abriu a entrevista elogiando, dizendo que era uma oportunidade incrível", disse Bueno, para quem os jornalistas que entrevistam o presidente não devem ficar "deslumbrados", mas sim "representar o interesse do ouvinte".
"Minha impressão é que o Lula queria uma coisa meio camaradagem. Fora do ar ele quis passar essa imagem, "vamos tomar um café", uma coisa de compadres, de colegas, de companheiros", afirmou. "Acho que ele quis passar essa imagem de puxão de orelhas, mas foi mais um alívio para ele."
José Paulo de Andrade, comentarista da rádio Bandeirantes, disse que a ausência de "dureza" é fruto da amizade e do respeito. "Numa entrevista dessas, reina um clima de cordialidade."
"Há um respeito muito grande. Há uma simpatia em relação ao pessoal da Secretaria de Comunicação. O próprio André Singer estava lá. Eles receberam muito bem, a equipe deles é muito boa. E o próprio Lula, que nós conhecemos desde as lutas sindicais do ABC. Nós da Bandeirantes temos um relacionamento com ele daqueles tempos duros."
A crítica de que o presidente sentiu falta, ele diz acreditar, foi sobre tema ligado à imprensa. "Tenho a impressão que ele ficou esperando uma pergunta sobre o Conselho Federal de Jornalismo", disse Andrade. A proposta de criação do CFJ, para "orientar, disciplinar e fiscalizar" a atividade foi encampada pelo governo, que fez críticas ao "denuncismo" da imprensa. O projeto, por sua vez, foi criticado por várias entidades por supostamente representar ameaça à liberdade de expressão.
As perguntas sobre assuntos regionais também contribuíram para amenizar a entrevista, disseram Andrade e Heródoto Barbeiro, apresentador da CBN, para quem o comentário do presidente Lula sobre a falta de "dureza" na entrevista foi feito num "tom de brincadeira".
O radialista Mário Kertész, ex-prefeito de Salvador por duas vezes, disse que a "cobrança" pode ser explicada por dois motivos: "Ele estava muito bem-humorado e, realmente, ele não foi muito apertado pelos jornalistas."


Colaborou a Agência Folha em Salvador


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