São Paulo, sábado, 24 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES

Deputados se manifestaram contra posição do presidente do Conselho de Ética, que sugeriu que ao menos 5 processos fossem arquivados

Parlamentares criticam declarações de Izar

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Integrantes da CPI dos Correios e do Conselho de Ética criticaram ontem a posição do presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), em defender que os casos dos 16 parlamentares apontados como beneficiários do suposto esquema do "mensalão" sejam analisados individualmente e pelo menos cinco deles sejam arquivados pela Mesa Diretora.
Izar citou à Folha, anteontem, o nome de cinco deputados os quais, na sua avaliação, não há provas que os vinculem ao esquema de repasse de dinheiro de caixa dois do PT e, portanto, deveriam ser arquivados. São eles: Pedro Henry (PP-MT), Professor Luizinho (PT-SP), Wanderval dos Santos (PL-SP), Roberto Brant (PFL-MG) e Sandro Mabel (PL-GO). Mabel, aliás, já enfrenta processo de cassação em curso no Conselho de Ética.
"Acho que ele incorreu no erro ao fazer juízo de valor como presidente do Conselho, [dizer] se tem provas suficientes ou não, fez exatamente o que eu não quis fazer no relatório", afirmou o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), que assinou o parecer listando os 16 deputados -além de Carlos Rodrigues (PL-RJ) e Valdemar Costa Neto (PL-SP), que renunciaram.
"Quem ler o meu relatório vai ver que esclareço justamente para não incorrer nesse erro, porque o fato de eu pensar de uma maneira, achar que uma pessoa deve ser absolvida, não significa que outro pense da mesma forma. Aquilo que para mim pode parecer irrelevante, que não tem força nenhuma, para outro membro pode parecer relevante", completou Serraglio. Para o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), subrelator da CPI, a afirmação de Izar foi "equivocada" e revela "uma disputa com a Corregedoria".
O corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), que conduz sindicância encarregada de ouvir a defesa dos deputados acusados, respondeu sobre a responsabilidade de a Corregedoria arquivar alguns casos. "Essa polêmica não leva a nada, acho que tem que parar um pouco e cada um fazer o seu trabalho, é isso que estou tentando fazer", disse.
O quarto-secretário da Mesa, João Caldas (PL-AL), ligado a Severino Cavalcanti (PP-PE), ironizou: "O deputado Ricardo Izar defende o arquivamento de cinco processos, só quem não podia falar [em arquivamento] era o Severino". Também houve reação à posição de Izar entre os integrantes do próprio Conselho, que apontaram "prejulgamento" do petebista. "Fico surpreso porque o Conselho de Ética é um colegiado, não pode haver prejulgamentos. Ele se precipitou de alguma maneira", disse Chico Alencar (PT-RJ).
"Qualquer prejulgamento pode ser ruim no processo, porque quando se faz uma análise ela pode repercutir sobre a ação. Essa posição nunca foi discutida no conselho, foi uma opinião pessoal do parlamentar", disse Julio Delgado (PSB-MG), relator do processo de cassação de José Dirceu (PT-SP).
Ciro Nogueira reafirmou ontem que termina na sexta-feira o prazo para a votação do parecer da Corregedoria sobre a defesa dos parlamentares. O relatório será único, mas deverá separar em capítulos os casos de cada deputado.
Ontem, o deputado Vadão Gomes (PP-SP) assinou a notificação e agendou sua defesa oral para terça-feira. O petista Josias Gomes (BA) marcou para quarta-feira sua defesa e avisou que assinará a notificação na mesma data.


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