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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES
Deputados se manifestaram contra posição do presidente do Conselho de Ética, que sugeriu que ao menos 5 processos fossem arquivados
Parlamentares criticam declarações de Izar
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Integrantes da CPI dos Correios
e do Conselho de Ética criticaram
ontem a posição do presidente do
Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP),
em defender que os casos dos 16
parlamentares apontados como
beneficiários do suposto esquema
do "mensalão" sejam analisados
individualmente e pelo menos
cinco deles sejam arquivados pela
Mesa Diretora.
Izar citou à Folha, anteontem, o
nome de cinco deputados os
quais, na sua avaliação, não há
provas que os vinculem ao esquema de repasse de dinheiro de caixa dois do PT e, portanto, deveriam ser arquivados. São eles: Pedro Henry (PP-MT), Professor
Luizinho (PT-SP), Wanderval dos
Santos (PL-SP), Roberto Brant
(PFL-MG) e Sandro Mabel (PL-GO). Mabel, aliás, já enfrenta processo de cassação em curso no
Conselho de Ética.
"Acho que ele incorreu no erro
ao fazer juízo de valor como presidente do Conselho, [dizer] se tem
provas suficientes ou não, fez exatamente o que eu não quis fazer
no relatório", afirmou o relator da
CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), que assinou o
parecer listando os 16 deputados
-além de Carlos Rodrigues (PL-RJ) e Valdemar Costa Neto (PL-SP), que renunciaram.
"Quem ler o meu relatório vai
ver que esclareço justamente para
não incorrer nesse erro, porque o
fato de eu pensar de uma maneira, achar que uma pessoa deve ser
absolvida, não significa que outro
pense da mesma forma. Aquilo
que para mim pode parecer irrelevante, que não tem força nenhuma, para outro membro pode parecer relevante", completou Serraglio. Para o deputado Gustavo
Fruet (PSDB-PR), subrelator da
CPI, a afirmação de Izar foi "equivocada" e revela "uma disputa
com a Corregedoria".
O corregedor da Câmara, Ciro
Nogueira (PP-PI), que conduz
sindicância encarregada de ouvir
a defesa dos deputados acusados,
respondeu sobre a responsabilidade de a Corregedoria arquivar
alguns casos. "Essa polêmica não
leva a nada, acho que tem que parar um pouco e cada um fazer o
seu trabalho, é isso que estou tentando fazer", disse.
O quarto-secretário da Mesa,
João Caldas (PL-AL), ligado a Severino Cavalcanti (PP-PE), ironizou: "O deputado Ricardo Izar
defende o arquivamento de cinco
processos, só quem não podia falar [em arquivamento] era o Severino". Também houve reação à
posição de Izar entre os integrantes do próprio Conselho, que
apontaram "prejulgamento" do
petebista. "Fico surpreso porque
o Conselho de Ética é um colegiado, não pode haver prejulgamentos. Ele se precipitou de alguma
maneira", disse Chico Alencar
(PT-RJ).
"Qualquer prejulgamento pode
ser ruim no processo, porque
quando se faz uma análise ela pode repercutir sobre a ação. Essa
posição nunca foi discutida no
conselho, foi uma opinião pessoal
do parlamentar", disse Julio Delgado (PSB-MG), relator do processo de cassação de José Dirceu
(PT-SP).
Ciro Nogueira reafirmou ontem
que termina na sexta-feira o prazo
para a votação do parecer da Corregedoria sobre a defesa dos parlamentares. O relatório será único, mas deverá separar em capítulos os casos de cada deputado.
Ontem, o deputado Vadão Gomes (PP-SP) assinou a notificação
e agendou sua defesa oral para
terça-feira. O petista Josias Gomes
(BA) marcou para quarta-feira
sua defesa e avisou que assinará a
notificação na mesma data.
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