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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Vedoin vai à Justiça e acusa empresário
Chefe dos sanguessugas entregou documentos que provariam que Abel Pereira recebeu propina pela liberação de verbas da Saúde
O empresário Abel Pereira é supostamente ligado a Barjas Negri, ex-secretário-executivo da pasta da Saúde durante a gestão de Serra
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ (MT)
No mesmo dia (14 deste mês)
em que negociava a venda de
um dossiê contra tucanos, o
empresário Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, entregou à Justiça
Federal em Cuiabá documentos contra o empresário Abel
Pereira, supostamente ligado a
Barjas Negri (PSDB), ministro
da Saúde em 2002 e atual prefeito de Piracicaba (SP).
Ainda naquele dia, Vedoin
obteve extrato do Banco do
Brasil que mostra transferência de R$ 20 mil feita em janeiro de 2003 por uma das empresas da máfia, beneficiando pessoa supostamente ligada a
Abel. O extrato, entregue à Justiça com os outros documentos, é, segundo Vedoin, prova
de pagamento de propina a
Abel pela liberação de verbas da
Saúde destinadas à compra de
ambulâncias.
Vedoin ainda entregou à Justiça outros dois comprovantes
de transferências de R$ 33,5
mil e R$ 70 mil, feitas em dezembro de 2002 para empresas
supostamente ligadas a Abel.
Fazem parte da documentação ainda oito páginas com nomes de prefeituras beneficiadas com verbas. Vedoin diz que
Abel conseguiu a liberação do
dinheiro no ministério recebendo propina de 6,5%.
Na semana passada, Abel disse que nunca teve acesso ao ministério. Ontem, a Folha não
conseguiu falar com ele e deixou recado no celular.
Ainda no dia 14 passado, Vedoin deu uma entrevista à revista "IstoÉ" acusando Abel de
receber propina. Antes de assumir o ministério, Barjas era secretário-executivo do então
ministro José Serra, hoje candidato tucano a governador de
São Paulo e alvo do dossiê.
Vedoin disse à PF que a entrevista à revista "foi articulada" pelo empresário petista
Valdebran Padilha da Silva,
preso em São Paulo na madrugada do dia 15 com R$ 1,7 milhão em São Paulo. A quantia
seria para a compra do dossiê.
Também no dia 14, durante a
negociação do dossiê, Abel tentou falar ao menos três vezes
com Vedoin, sem sucesso. O
chefe dos sanguessugas disse
que provavelmente Abel queria
tratar das acusações contra ele.
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