São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Vedoin vai à Justiça e acusa empresário

Chefe dos sanguessugas entregou documentos que provariam que Abel Pereira recebeu propina pela liberação de verbas da Saúde

O empresário Abel Pereira é supostamente ligado a Barjas Negri, ex-secretário-executivo da pasta da Saúde durante a gestão de Serra

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

LEONARDO SOUZA ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ (MT) No mesmo dia (14 deste mês) em que negociava a venda de um dossiê contra tucanos, o empresário Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, entregou à Justiça Federal em Cuiabá documentos contra o empresário Abel Pereira, supostamente ligado a Barjas Negri (PSDB), ministro da Saúde em 2002 e atual prefeito de Piracicaba (SP).
Ainda naquele dia, Vedoin obteve extrato do Banco do Brasil que mostra transferência de R$ 20 mil feita em janeiro de 2003 por uma das empresas da máfia, beneficiando pessoa supostamente ligada a Abel. O extrato, entregue à Justiça com os outros documentos, é, segundo Vedoin, prova de pagamento de propina a Abel pela liberação de verbas da Saúde destinadas à compra de ambulâncias.
Vedoin ainda entregou à Justiça outros dois comprovantes de transferências de R$ 33,5 mil e R$ 70 mil, feitas em dezembro de 2002 para empresas supostamente ligadas a Abel.
Fazem parte da documentação ainda oito páginas com nomes de prefeituras beneficiadas com verbas. Vedoin diz que Abel conseguiu a liberação do dinheiro no ministério recebendo propina de 6,5%.
Na semana passada, Abel disse que nunca teve acesso ao ministério. Ontem, a Folha não conseguiu falar com ele e deixou recado no celular.
Ainda no dia 14 passado, Vedoin deu uma entrevista à revista "IstoÉ" acusando Abel de receber propina. Antes de assumir o ministério, Barjas era secretário-executivo do então ministro José Serra, hoje candidato tucano a governador de São Paulo e alvo do dossiê.
Vedoin disse à PF que a entrevista à revista "foi articulada" pelo empresário petista Valdebran Padilha da Silva, preso em São Paulo na madrugada do dia 15 com R$ 1,7 milhão em São Paulo. A quantia seria para a compra do dossiê.
Também no dia 14, durante a negociação do dossiê, Abel tentou falar ao menos três vezes com Vedoin, sem sucesso. O chefe dos sanguessugas disse que provavelmente Abel queria tratar das acusações contra ele.

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