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Sem relator para Renan, Conselho de Ética pode sofrer alteração
Partidos avaliam trocar nomes do órgão para evitar que o impasse sobre destino dos processos contra presidente do Senado amplie a pressão sobre a Casa
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem nomes de consenso que
se disponham a assumir as relatorias dos processos contra o
presidente da Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), líderes
dos partidos avaliam alterar a
composição do Conselho de
Ética para evitar que o impasse
amplie pressão sobre a Casa.
A saída começou a ser negociada na última sexta-feira após
o presidente do Conselho de
Ética, Leomar Quintanilha
(PMDB-TO), admitir que não
tem mais opções para indicar.
Ele ouviu quatro negativas nos
últimos dias e se recusa a entregar a relatoria do caso do uso de
"laranjas" na compra de rádios
ao PSDB e ao DEM.
O argumento de Quintanilha
é que os dois partidos são autores da representação. "Há uma
dificuldade porque PSDB e
DEM são autores, e autor não
pode relatar", disse. O DEM
ofereceu o nome de Demóstenes Torres (GO) para o cargo.
Diante do impasse, Quintanilha espera que os líderes governistas mudem a composição
de suas cadeiras no conselho:
"Se isso ocorresse, facilitaria".
Outro fator de dificuldade é o
fato de Renan e seus aliados
pressionarem para que o nome
seja "de confiança", que não faça investigação ampla e trabalhe pelo arquivamento das denúncias ainda no conselho. O nome favorito é o de Gilvam
Borges (PMDB-AP), ligado a
José Sarney (PMDB-AP).
Com isso, a tendência é que a
tensão aumente nesta semana.
Na quarta-feira, o conselho se
reunirá para decidir o que fazer
com o segundo processo contra
Renan, que trata do caso Schincariol. O relator, João Pedro
(PT-AM), foi convencido a optar por "sobrestar" (paralisar) o
processo até que a Câmara encerre a investigação sobre Olavo Calheiros (PMDB-AL).
O conselho tem de se posicionar sobre a proposta do PT de
unificar os processos ou pelo
menos votá-los no mesmo dia.
Inicialmente crítico dessa proposta, Quintanilha admitiu
acatar a idéia: "Sou contra, mas
vamos avaliar o argumento de
que o representado é o mesmo,
o objeto é o mesmo, trata-se da
mesma sanção disciplinar".
O quarto processo contra Renan trata de acusações de que
ele foi beneficiado por um esquema de desvio de recursos de
ministérios chefiados pelo
PMDB. A representação é de
autoria do PSOL.
Mesmo na oposição há divisão sobre a idéia de juntar o caso das rádios com este último.
Um dos argumentos é o fato de
o quarto processo ter como autor o PSOL, o que abre a possibilidade de a relatoria ficar nas
mãos do PSDB e do DEM.
O caso das rádios é considerado, inclusive por renanzistas,
como o mais grave porque envolve um dos principais adversários políticos do presidente
do Senado, o usineiro e ex-deputado João Lyra. Aliados de
Renan chamam Lyra de "homem bomba". Outro personagem é Tito Uchôa, apontado como suposto "testa de ferro" de Renan. Além das rádios, Uchôa
é dono da locadora de carros na
qual Renan tomou empréstimos não-declarados à Receita
Federal. A PF já apontou irregularidades na evolução patrimonial do peemedebista.
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