|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2008 / RECIFE
Justiça cassa candidato do PT em Recife
Decisão também torna João da Costa, que lidera disputa com 48%, inelegível por três anos; defesa de petista vai recorrer
Juiz autor da sentença considera "inquestionáveis" provas de uso da máquina da prefeitura, administrada pelo PT, em favor de Costa
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
A Justiça Eleitoral cassou
ontem o registro da candidatura de João da Costa, candidato
do PT à Prefeitura de Recife, e
tornou o petista inelegível por
três anos. A defesa anunciou
que vai recorrer da decisão.
Costa liderava com 48% das
intenções de voto a última pesquisa Datafolha feita em Recife.
Autor da sentença de ontem,
o juiz Nilson Nery considerou
"inquestionáveis" as provas de
uso da máquina pública da prefeitura, administrada pelo PT,
em favor de Costa.
"Houve prática de abuso de
poder político e econômico,
tanto na confecção e elaboração de revistas do Orçamento
Participativo quanto na utilização de prepostos, servidores
comissionados, na divulgação
de propaganda partidária do
candidato", disse o juiz.
Nery se referia aos 50 mil
exemplares de uma cartilha do
programa de Orçamento Participativo da prefeitura, apreendidos por conter um slogan da
campanha do petista, e ao conteúdo de dez computadores da
Secretaria Municipal da Educação, recolhidos e periciados
pela Polícia Federal.
Na perícia, os policiais federais constataram que os computadores foram usados para
coletar, armazenar e distribuir
informações e imagens de conotação eleitoral a favor de
Costa, que, antes de se candidatar, foi secretário municipal do
Planejamento Participativo.
Em entrevista ontem, o petista negou as irregularidades.
"Estou sendo uma grande vítima de um processo que visa tirar minha candidatura", disse.
Segundo o juiz, a decisão será
publicada hoje no "Diário Oficial" do Estado, e a defesa terá
três dias para recorrer ao TRE
(Tribunal Regional Eleitoral).
Não haverá necessidade de
Costa obter liminar para ele
continuar a fazer campanha.
Se eleito, afirmou Nery, João
da Costa passará a ser alvo de
uma ação de impugnação de
mandato eletivo e sua administração estaria sub judice.
A promotora da Justiça Eleitoral Andrea Fernandes Padilha, que pediu a condenação do
petista, disse que também vai
recorrer da decisão, por considerar que o atual prefeito, João
Paulo (PT), deveria ser punido
com a perda do mandato e inelegibilidade por três anos.
O juiz considerou o prefeito
inocente das acusações. Disse
que, apesar de encontrar provas contra o candidato, não viu
nenhum problema que pudesse
incriminar João Paulo.
Minutos após o anúncio da
decisão, carros de som dos candidatos de oposição já percorriam as principais ruas da cidade anunciando a sentença e
questionando o eleitor sobre o
voto em João da Costa. No comitê do principal adversário do
petista, o ex-governador Mendonça (DEM), militantes festejavam com bandeiras.
Os eleitores de Costa, ainda
assustados com a decisão, corriam em direção ao comando
da campanha para obter informações. O prefeito saiu em defesa do colega petista e acusou
os adversários de tentar "ação
golpista do tapetão". Disse que
estranhava a distribuição de
panfletos nas ruas anunciando
a cassação da candidatura logo
após a decisão da Justiça.
Texto Anterior: Outro lado: Para governo, é preciso instruir beneficiados Próximo Texto: Outro lado: Costa diz estar tranqüilo e nega favorecimento Índice
|