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SABATINA FOLHA
GERALDO ALCKMIN
Kassab é dissimulado e usa máquina para cooptar, diz Alckmin
Ex-governador diz que prefeito pretende minar PSDB e critica vereadores tucanos
O CANDIDATO do PSDB a
prefeito de São Paulo, Geraldo Alckmin, 55, acusou
ontem, em sabatina da Folha, seu adversário Gilberto Kassab
(DEM), que disputa a reeleição, de
"cooptar" vereadores tucanos e de "lotear" as subprefeituras. Ainda segundo o ex-governador, empatado com o democrata nas pesquisas, Kassab é
"dissimulado" e utiliza a máquina pública para "minar" o PSDB, que ainda
faz parte da atual administração. Sabatinado pelos jornalistas Fernando
de Barros e Silva (editor de Brasil),
Nilson Camargo (editor responsável
do jornal "Agora"), Mônica Bergamo e
Gilberto Dimenstein (colunistas da
Folha), Alckmin, no entanto, poupou
José Serra, de quem Kassab era vice.
DA REPORTAGEM LOCAL
Logo no início da sabatina,
Alckmin foi questionado sobre
a recente troca de farpas com
os tucanos aliados de Kassab, e
não poupou críticas ao prefeito.
KASSAB
"Em relação ao outro partido, o DEM, eu sempre disse que
não via nenhum problema de
ter candidato próprio. (...) Quero lamentar o fato que, desde o
início, o prefeito Kassab, que
chegou indiretamente à prefeitura pelo PSDB, pela vitória do
PSDB, se atenha a uma única
estratégia que é destruir o partido que o levou ao poder para
se manter na prefeitura. Ele
usa as pessoas do PSDB. Usa
para minar, para criar discórdia. É um fato, estamos concorrendo com ele, que desde o início utiliza a máquina da prefeitura e sua estrutura de governo
para minar o partido. Atitude
que a mim me parece deplorável. A única estratégia tem sido
essa e de forma dissimulada,
porque não o faz de forma aberta. Eu não mudei nada. Não
mudei o que eu tenho feito na
campanha eleitoral."
PITTA E MALUF
O ex-governador procurou
ressaltar o que chamou de "diferenças" entre ele e o adversário. "Agora, é meu dever mostrar que Kassab é Kassab, Geraldo Alckmin é Geraldo Alckmin. Há uma diferença de história política evidente. Eu não
forço nada. Simplesmente são
os fatos. Política é comparar fatos. Em 1996, nós apoiamos o
Serra, o Kassab era do time do
[Paulo] Maluf [PP], apoiou o [o
ex-prefeito Celso] Pitta, virou
secretário do Pitta não uma semana, mas dois anos. Em 98, se
dependesse do Kassab, o governador de São Paulo teria sido o
Maluf. Apoiou o Maluf nos dois
turnos. Nós apoiamos o Mario
Covas [morto em 2001]."
A respeito da nota que o governador emitiu sexta passada
em defesa do prefeito, Alckmin
afirmou: "Eu respeito o meu
querido companheiro José Serra, que sempre apoiei nas eleições e continuarei apoiando.
Mas estamos verificando nessa
campanha que está havendo
por parte do Kassab uma dissimulação. Ele tenta misturar,
confundir a opinião pública. É
preciso dizer que ele apoiou o
Maluf contra o Mario Covas,
apoiou o Pitta contra o Serra,
está aliado ao [Orestes] Quércia [ex-governador do PMDB],
que quebrou o Estado e nós tivemos que reconstruir. Aliás, a
vice dele é do Quércia. Tem esse tempo gigantesco de televisão porque fechou com o Quércia. Ele quer se passar por tucano. Não é tucano."
Alckmin foi confrontado
com o fato de Pitta hoje estar
no PTB, partido de seu candidato a vice, Campos Machado.
"Não estou com o Pitta, o PTB
me apóia. O Pitta é mero filiado. Não apoiei o Pitta. Quem
apoiou o Pitta foi o Kassab."
Também foi lembrado que o
PSDB tentou contar com o
PMDB de Quércia. "Fui procurado, não o procurei."
SEGUNDO TURNO
Após as críticas, o tucano evitou comentar se apoiaria Kassab em um eventual segundo
turno contra Marta ou se espera o apoio do democrata.
"Temos que ter compromisso com interesse público, com
interesse coletivo, com os companheiros. A gente trabalha
juntos, constrói juntos. Aliás,
ajudei muito o Serra quando
ele era prefeito, a prefeitura estava numa situação difícil. A
obra do hospital do M'Boi Mirim só foi iniciada com dinheiro do Estado. A obra do hospital
Cidade Tiradentes só foi retomada com dinheiro do Estado."
"Em relação ao segundo turno,
é outra eleição. Zera tudo, começa tudo de novo. Eu acho
que no segundo turno nós vamos ganhar a eleição. O que pesa muito no segundo turno é rejeição e temos a menor [entre
os três principais colocados].
No segundo turno, meu tempo
de TV vai ficar grande."
SERRA
Ainda que o governador seja
figura praticamente ausente de
sua campanha, Alckmin procurou poupá-lo, e acusou Kassab
de ser "dissimulado":
"A quem cabe fazer campanha é ao candidato. A mim cabe
fazer campanha. O Serra foi à
convenção do partido, declarou
apoio na convenção, gravou
apoio para televisão, que passou no primeiro programa de
televisão, foi ao nosso jantar, ao
nosso encontro, não tenho nenhuma reclamação. (...) Quero
divergir dessa questão de que o
Serra não apóia o PSDB".
Mas o candidato cobrou fidelidade dos demais tucanos:
"Agora nós não criamos um
partido virtual. Nós criamos
um partido real, que fez uma
convenção, lançou um candidato. Aliás, pelo contrário, o
que eu ouvi do presidente do
partido, do diretório municipal, o [José Henrique Reis] Lobo, foi que partido tem fidelidade partidária. São poucas as
pessoas do PSDB [contra sua
candidatura], mas elas poderiam ter ido à convenção, ter
defendido outra proposta. Não
foram, nós tivemos mais de
90% dos votos na convenção.
Elas são usadas pelo Kassab. O
Kassab é dissimulado, ele usa
as pessoas. Evidente que ele só
tem uma estratégia, que é minar o PSDB, desconstruir o
PSDB para se reeleger."
Diante da afirmação, o ex-governador foi questionado a
exemplificar o que dizia:
"Você acha natural que vereadores do PSDB não apóiem
candidatos do seu partido? O
PSDB, dos 12 vereadores eleitos, que tiveram juntos 300 mil
votos. O PSDB teve de legenda
mais de meio milhão de votos.
Que mágica é essa que de repente vereadores não apóiam o
candidato do seu partido? É
bom pesquisar (...) Infelizmente, alguns, não todos, foram
cooptados, cooptados, e quem
está por trás disso é o senhor
Kassab. Eles não foram lá porque gostam, estão apaixonados,
foram cooptados, a verdade é
essa". O ex-governador foi
questionado sobre as críticas a
ele feitas por Clóvis Carvalho,
tucano que faz parte do secretariado de Kassab. "Não vou
responder. Não vale a pena."
LOTEAMENTO
Segundo o ex-governador,
sua adversária Soninha (PPS)
foi feliz ao criticar o Legislativo
municipal, do qual ela faz parte,
afirmando que há fisiologia e
troca de favores na Casa:
"A Soninha disse grandes
verdades. É que, infelizmente,
na política não se coloca luz sobre a verdade. Esse é o fato. O
presidente da Câmara [Antônio Carlos Rodrigues, PR], que
é do Kassab, é do Centrão [grupo de vereadores de vários partidos]. Foi eleito pelo Kassab,
por unanimidade. Por unanimidade não, teve um voto contra. Como [Kassab] tem esse
tempo de televisão? É um acordo com o Quércia".
Alckmin também acusou
Kassab de ter loteado as subprefeituras: "Depois que o Serra saiu da prefeitura houve um
loteamento de cargos. Evidente, as subprefeituras, que eram
feitas para descentralizar, para
ficar perto do povo, ter conselhos de representantes, viraram cabide eleitoral de vereador. Estamos retrocedendo".
2010
Alckmin afirmou que, se eleito, ajudará Serra na disputa interna no PSDB pelo direito de
disputar a sucessão de Lula. "A
vitória do PSDB em São Paulo,
favorece o PSDB de São Paulo.
O maior beneficiário é o Serra."
LULA
Derrotado pelo presidente
Lula em 2006, Alckmin afirmou desaprovar sua gestão.
"Ele não fez as reformas estruturantes que deveria ter feito."
Assista ao vídeo da sabatina
www.folha.com.br/082673
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