São Paulo, quinta-feira, 24 de setembro de 2009

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Hildebrando é condenado a 18 anos de prisão


Júri acriano entendeu que ex-deputado foi responsável por matar um homem após sessão de tortura com uma motosserra

Ministério Público havia pedido pena máxima (30 anos de prisão), mas ela foi reduzida pelos jurados; defesa disse que vai recorrer

LUCAS FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A RIO BRANCO (AC)

O ex-coronel da Polícia Militar do Acre e deputado federal cassado Hildebrando Pascoal foi condenado ontem, após três dias de julgamento, a 18 anos por homicídio triplamente qualificado no caso conhecido como crime da motosserra.
O Ministério Público Estadual pediu pena máxima, de 30 anos de prisão, reduzida pela maioria dos sete jurados sorteados pelo Tribunal do Júri de Rio Branco, todos homens de meia idade.
O promotores também pediram ao juiz Leandro Gross que Hildebrando indenizasse em R$ 500 mil a família da vítima, Agílson Santos, conhecido como Baiano, o que foi rejeitado.
Dois denunciados por participar do crime, um primo do ex-coronel e um ex-policial, foram absolvidos. Falta julgar duas pessoas, uma delas um irmão de Hildebrando, o que deve ocorrer na semana que vem.
Do início da leitura da sentença, às 21h19, até o final, 30 minutos depois, Hildebrando permaneceu sentado, imóvel. Nem ele nem as cerca de 120 pessoas que acompanhavam de pé a sessão se manifestaram.
O advogado dele, Sanderson Moura, anunciou que vai recorrer ao TJ para tentar anular o julgamento e reduzir a pena.
Para o Ministério Público, responsável pela denúncia apresentada dez anos atrás, foi feita justiça, ainda que a pena tenha sido menor que a pedida.
"A sociedade do Acre deu a resposta que entendeu pertinente", afirmou após a sessão o juiz Leandro Gross.
Preso desde 1999, quando teve o cargo de deputado cassado e foi denunciado pelo crime, Hildebrando, como entendeu a maioria do júri, foi o responsável por matar um homem com tiros na cabeça após sessão de tortura em que a vítima teve os olhos perfurados, pernas, braços e pênis amputados com uma motosserra, além de ter um prego cravado na cabeça.
A vítima trabalhava para um homem acusado de matar um irmão do ex-coronel. O filho dele, de 13 anos, também foi morto por pessoas supostamente ligadas a Hildebrando (o caso será julgado à parte). Baiano morreu porque não sabia o paradeiro do patrão, segundo a Promotoria; o filho dele, por não saber onde estava o pai.
O crime, ocorrido em julho de 1996, chocou o país. O que restou do corpo da vítima foi jogado em uma agora movimentada avenida de Rio Branco.
O caso veio à tona há dez anos, durante as investigações da CPI do Narcotráfico, que revelou como um ex-coronel da PM e deputado federal tinha total poder no Acre, com influência em todos os níveis institucionais do Estado.
Com a condenação de ontem, são mais de cem anos de pena. Ele já havia sido condenado por outros dois homicídios, tráfico internacional de drogas, formação de quadrilha e crimes eleitorais (trocava cocaína por votos) e financeiros.


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